As dificuldades na escolha da profissão

As dificuldades na escolha da profissão

Refletindo sobre a vida acabei relembrando as escolhas difíceis que tive que fazer quando mais jovem. Nesse túnel do tempo fui direto para o meu ensino médio e a terrível dúvida sobre qual curso escolher para prestar vestibular.

Na minha época não existia ENEM, não havia esse atual "leque" de opções de vagas para Universidades no Brasil inteiro, não existia essa unificação do exame, por isso, cada Universidade fazia sua própria seleção e, consequentemente, cada uma tinha seu próprio estilo, o que dificultava mais na hora de estudar, já que a forma para se preparar seria diferente, caso você fosse tentar ingressar em mais de uma faculdade.

Como eu não queria me mudar da cidade em que residia com meus pais (Campina Grande - PB) para não elevar os gastos mensais da família, resolvi que teria que focar nos vestibulares da Universidade Federal de Campina Grande - UFCG e Universidade Estadual da Paraíba - UEPB, ambas na minha cidade. Para a Estadual eu já tinha em mente que colocaria a opção para o curso de Direito, meu grande sonho desde infância, mas tinha dúvidas se realmente iria conseguir passar, pois a concorrência era/é muito elevada, mesmo assim resolvi bancar arriscar uma não aprovação já que valia a pena correr o risco por um sonho. Para a Federal eu fiquei numa dúvida GIGANTE, não tinha Direito para a minha cidade, também não tinha Arquitetura que seria um curso que eu tinha simpatia, mas tinha diversas Engenharias e fiquei na dúvida entre Mecânica, Elétrica e Química, acabei optando por Engenharia Química depois de pesquisar algumas coisas sobre ela, mas para falar a verdade eu tinha quase nenhum noção sobre o que realmente fazia um engenheiro químico e continuo sem saber exatamente. Resumindo: Fui aprovada em Engenharia Química e não consegui êxito em Direito.

Dai o que foi que eu fiz? Continuei em busca do meu sonho? Não. Eu decidi ir cursar engenharia para ver se gostava, achava que provavelmente ia gostar, o curso era excelente super bem conceituado, a carreira é ótima e muito melhor para arranjar emprego. Estava hiper animada.

Mas no fundo a minha animação era uma forma de esconder a minha tristeza e o meu medo em tentar novamente prestar vestibular para Direito e não conseguir. É, as vezes a gente se agarra a certas coisas/conquistas por medo de enfrentar outra situação. No meu caso a atitude mais correta que eu deveria ter tomado era: Passei em eng. química? Ok. Ótimo. Mas não vou cursar. Vou passar o próximo ano me preparando mais e melhor para o que eu realmente quero fazer, tô nem ai pras minhas inseguranças ou para o que os outros vão dizer. Bom, mas esse tipo de coragem e atitude não é tão fácil de ser tomada, ainda mais quando se tem 17 anos, né?

Cursei 2 anos de engenharia química e detestei, não me identifiquei. Consegui entrar em um laboratório ainda no primeiro período, estava "pagando" tudo direitinho, só que vivia estudando para as disciplinas, mas sem "gosto", sem aquele brilho nos olhos, sempre pensando "vou passar a minha vida trabalhando com algo que não gosto e já odeio desde a faculdade?". Então, quando já estava para iniciar o segundo ano do curso tomei uma decisão: vou estudar novamente para o vestibular da Estadual.

Contei para os meus pais a decisão e eles não gostaram muito, disseram que iriam pagar um cursinho para mim, mas eu não poderia trancar engenharia, ia ficar cursando junto com a preparação. Tinham receio que eu não soubesse o que estava fazendo. Assim sendo, sabia desde o início o quão seria difícil o meu ano. Manhã e tarde na Universidade, noite no cursinho. O que fiz? Tentei usar todo o tempo possível para estudar, estudava nas aulas, fugia de algumas rumo a biblioteca, estudava no intervalo no cursinho, estudava quando chegava em casa até meia noite ou um pouco mais. E fui levando nesse ritmo desgastante até o fim.

Após muitas lágrimas, suor, esforço, dores de cabeça, descrédito, dúvidas... consegui. CONSEGUI. E foi como tirar um caminhão enorme das costas. A ficha começou a cair.. realizei o primeiro grande sonho. A sensação não dá para descrever, somente passando pela situação para saber. É como se você estivesse sonhando com algo maravilhoso que quando acordar vai sentir que o sonho não acabou, que ele continuou e é realidade.

Aprendi muito que essas experiências de adversidades na transição adolescente-adulto e a escolha profissional. As desilusões me fizeram crescer e me tornar mais forte. Porém, a reflexão que tiro de tudo isso é que eu poderia não ter "perdido" 2 anos da minha vida insistindo com algo que não queria. Eu deveria ter tido coragem para enfrentar meus medos, pois mentir para si mesmo é como não ter para onde ir, você sempre vai saber a verdade o tempo todo, não tem para onde fugir. É essa fuga que constrói péssimos profissionais e pessoas amarguradas com suas vidas. A maioria de nós somos obrigados a escolher nossos rumos ainda muito jovens e, infelizmente, nem todos já possuem um pensamento equilibrado sobre os caminhos a serem tomados. Por isso, o conselho mais importante é não desistir de buscar o que se quer (sonhos) só porque é difícil, só porque você tentou uma vez e não deu certo... continue, reflita sobre o que você errou, o que precisa melhorar, tente, tente de novo, de novo, de novo. Saiba que é melhor do que ficar para sempre na cabeça com o pensamento... "mas e SE eu tivesse..." ... esse pensamento é um tormento eterno que nos consome aos poucos, só consegue se livrar dele quem tenta.

Ps: E sobre o curso de Direito? Super me identifiquei. Gostei de verdade, amei, me apaixonei. Valeu apena todos os sacrifícios. Agora já formada as dificuldades são outras, as escolhas também, mas vou deixar essa parte para o próximo encontro com a inspiração.

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