Dinheiro traz felicidade (!/?)
Tempos atrás, um recrutador me perguntou:
– Você pode, por favor, elencar em ordem de importância para você: dinheiro, desenvolvimento profissional, qualidade de vida e conhecimento?
Sem demora eu respondi minha ordem:
– Qualidade de vida, conhecimento, desenvolvimento profissional e dinheiro.
O entrevistador logo emendou:
– E, por quê?
– Bem, qualidade de vida é algo que eu nunca abri e não pretendo abrir mão. Meu tempo, diretamente ligado à minha saúde, é meu bem mais precioso e eu gosto de geri-lo como tal. Conhecimento em segundo pois, toda a minha trajetória aqui em São Paulo se iniciou e continua acontecendo graças a ele, desde o acesso à Universidade Pública até com a pauta que atuo profissionalmente – assim, não poderia deixa-lo de lado. O meu desenvolvimento profissional está atrelado ao meu conhecimento e o considero tão importante quanto, muito mais por aquilo com que posso contribuir nos espaços que circulo e como posso absorver minhas relações para crescer. Bem, o dinheiro, por último. Se ele fosse tão importante assim, não estaria no terceiro setor.
Este meu último ponto disse com muita dor. Com muita dor pois:
1 – O impacto, em termos de profundidade que o terceiro setor gera à sociedade é muito intenso e importante. E a média de funcionários com ensino superior é 30% maior que outros setores. Ou seja, tem gente MUITO qualificada, fazendo MUITO e ganhando POUCO (dinheiro e/ou reconhecimento);
2 – Outro dia um grande amigo me lançou aquela pergunta clichê: “Hugo, se você ganhasse alguns milhões, você resolveria todos os seus problemas?”. Talvez, anos atrás, quando ainda era mais novo, mais ingênuo e com menos leituras na bagagem, a máxima DINHEIRO NÃO TRAZ FELICIDADE sairia da minha boca. Contudo, o Hugo de hoje respondeu quase que no mesmo instante um sonoro SIM!
Não é possível que num mundo contemporâneo, globalizado e capitalista, onde toda a nossa vida, seja no amor, na saúde, na educação, cultura, desenvolvimento de habilidade etc., enfim, toda a sorte de variáveis e campos do cotidiano, se pense “bem-estar” sem se pensar em “dinheiro”. Na própria lista que montei pro recrutador: para acessar os melhores espaços de troca de conhecimento e para adquirir competências e habilidades necessárias para que eu evolua profissionalmente, há uma enorme e constante necessidade de DINHEIRO (isso sem contar as “miudezas” do cotidiano) – ou alguém aqui não sabe quanto custa uma pós-graduação na FGV ou em que período ocorrem as aulas da pós graduação da FEAUSP?
Felicidade tem uma relação sine qua non com qualidade de vida. E no Brasil têm sido cada vez mais difícil ter vida, quiçá de qualidade.
Então não, dinheiro não traz felicidade, mas manda buscar, sim!