E agora, faço o quê? Vejo uma Live?
Durante todo o ano de 2020 tivemos muito tempo para pensar em muitas coisas. Emprego, família, amigos, prioridades, projetos e sonhos...muitos sonhos...
Mas percebi que algumas perguntas foram mais recorrentes...
O que faço agora?
Por que não estou satisfeito(a)?
Por que continuo nessa empresa? Por que aceito isso?
Por que não consigo me recolocar?
Por que sinto que não estou fazendo o suficiente?
Parece um desfiar de lamúria, mas não é. Dentro de casa, em isolamento, pessoas, profissionais com mais de 45+, 50+, 60+, que já viveram o suficiente para conseguir questionar suas realidades com bom senso, tem sofrido com a discriminação de empresas, recrutadores, RH e por ai vai a miscelânea...
Sim, isso é uma prerrogativa da maturidade, que traz uma sensibilidade de olhar pessoas e situações e, na maioria das vezes, já prevendo ou antecipando prováveis reações ou desfechos. Isso é vivência, não é adivinhação. Mesmo que a pessoa seja desprovida de mais sensibilidade, ela vai ter esse feeling inerente que vem da vivência.
E fico a me questionar...
Por quê na mesma força com que as empresas estão tirando em massa profissionais experientes...aumenta, de forma exponencial, campanhas e debates sobre aumentar a empatia e sobre diminuir o individualismo dentro das empresas, por quê?
Será coincidência!?
Há fases na vida que independem da época na história que se vive, independe de saber ou não lidar com a tecnologia...é uma questão do fluxo natural da vida. É uma questão de maturidade biológica, a cada ano de vida você aprende.
Lugares que não há a troca equilibrada entre juventude e maturidade, são comunidades ou empresas onde há disputas mais acirradas, certa falta de comprometimento, individualismo na terceira potência e... a tal falta de empatia em perceber a dor do outro.
Não é natural só haver jovens, assim como não é natural só ter profissionais mais maduros. Ter um nível de equilíbrio é salutar porque todos aprendem com a experiência do outro. Do contrário, é preciso fazer todo esse ‘debate’ sobre empatia nas empresas... justamente no momento quando se questiona profundamente o papel e o perfil dos Líderes.
Parece uma piada de mal gosto. Se conquista vários passos na expansão de uma gestão mais humanizada nas empresas, com foco nas pessoas e, por outro lado, se vê perdendo força com a empatia sendo trocada por profissionais com perfil mais individualista. E por incrível que pareça, aqui é ainda mais grave, porque sai a questão idade e entra o foco no perfil que estão chamando de ‘engajados’...mas é mais uma maquiagem pra não dizer perfil individualista É lamentável. Muitos relatos chegam a mim e digo... ‘estou até minimizando os fatos’.
Depois dos 40 anos... comecei a perceber como é irritante olhar uma situação ou pessoa e ter aquela sensação nítida de ‘previsão do risco’...ter o sentimento que lhe dá indicativos quando algo vai dar errado, ou que uma pessoa não é do ‘bem’. Mas a questão é que nem sempre ouvimos esse ‘alerta’ natural... Mas a motivação para escrever hoje, veio de um sentimento de angústia que me vi mergulhada.
Na pandemia, algumas pessoas realmente tiveram mais tempo para pensar, para refletir, para buscar seu EU interior...Não vi esse trem passar por aqui. Desde 2019 trabalho full-time em casa e a pandemia me tirou os momentos de trabalho fora das paredes.
E agora José? O que fazer?
Como não havia nenhuma alternativa, feiras agro canceladas, aulas canceladas, cursos cancelados, consultorias canceladas... ou seja, fomos sumariamente levados ao paredão do Big Brother, sem direito aos 30 segundos para defender nossa imagem. Por alguns dias fiquei num estado letárgico. Mas ao andar dos dias, dos meses as coisas foram se encaminhando, foram surgindo novas possibilidades de trabalho. Lento, mas indo e vindo. Ufa.
O que mais me surpreendeu nessa miscelânea de ações e reações, de sentimentos desencontrados e com um turbilhão de hormônios indo e vindo sem que tivesse qualquer controle, foi o fato de pessoas sem qualquer empatia estarem em lugares de Gestão de pessoas em empresas que se intitulam referência...isso trouxe algumas lágrimas. Tristeza. E, confesso, de revolta também.
Nunca deixei a vida me levar, mas faço uma reflexão que poderia ter tomado algumas decisões diferentes em alguns momentos. Principalmente, de ter insistindo em trabalhar em algumas empresas ao longo dos anos... as ‘paixões’ por algumas empresas podem ser fatais, e acabar com a ‘morte’ da sua trajetória profissional. Por que para algumas pessoas de ‘perfil engajado’ (que na realidade são muito inseguras), o importante é tirar do jogo o máximo de profissionais que podem – de alguma forma – lhe causarem alguma sombra.
Mas o que está feito, feito está. Não tem como voltar o tempo, assim como também não voltam os momentos que não passei junto a meus dois filhos por estar em viagens de trabalho, eventos ou virando madrugadas em casa em relatórios intermináveis.
E qual a razão de tudo isso!? Nenhuma.
Com pandemia ou sem, passar por seções de trabalho irracionais nunca me pareceu lógico, natural. E penso isso desde 1989, quando tive meu primeiro trabalho com carteira assinada. Tudo que se fala hoje de empatia, de valorizar as pessoas dentro das empresas...sempre debatia com minhas gerências e ouvia:
_ Manda quem pode. Obedece quem tem juízo. Afê.
Sabe qual é a real? De 1989 pra cá... o que mudou – na real – foi a nomeclatura. Claro que há mudanças, que tem muita gente fazendo coisas extraordinárias na gestão de suas equipes. Claro o mundo deu alguns bons passos para se encontrar com sua humanidade. Mas se formos levar em conta a relação de 100% das empresas existentes... esses passos já dados por empresas que fazem o que dizem SER, elas representam - na realidade – 3%...e olha que estou sendo muito otimista.
E por que esse tom quase pessimista? Mesmo sendo uma realidade, há muita retórica e imagens construídas em marketing, em propaganda... Mas dai veio a Covid-19 que nos enclausurou e – em paralelo – deixou muitas e muitas empresas em pandemia. A realidade desnudou – “detalhes tão pequenos de nós dois”. A letra é romântica, mas a verdade em certas empresas passa longe.
Claro que é fato que há empresas que aprenderam ou que estão no processo profundo de olharem para sua própria existência. Sim, isso está acontecendo e ótimas lições estão sendo disseminadas. Porque qual seria a razão de subir um degrau e não compartilhar!? Isso é ser coerente com o próprio processo de transformação que essas corajosas empresas estão passando. Faz sentindo, não é!?
Essa atitude gera sim motivação. Mas na valência de forças há sempre duas potencias: a positiva e a negativa. E a pandemia tem desnudado o Lado B de muitas empresas consideradas referência, de ‘melhores empresas para se trabalhar’...
A neurociência explica porque as pessoas – mesmo tendo presenciado situações de discriminação, assédio ou distrato – continuam a agir como se tivessem num tipo de ‘frenesi’ hipnótico, isso se chama Comportamento de Bando e como consequência gera o Efeito Halo.
O viés do frenesi, de ter ótimos benefícios, e tudo que a Lei trabalhista possibilite, pode gerar o viés de que esta empresa é ótima, sensacional, mesmo que muitos problemas sejam vivenciados, que mulheres sejam assediadas ou que a relação entre a propaganda e o dia a dia, vislumbre um caráter contrário ao que está na Missão e Valores dessas empresas.
Ou seja... a força desses vieses em conjunto criam um típico caso de 'Esquizofrenia Coletiva'...e isso deveria ser estudado...
E voltando ao início dessa conversa, a pandemia nos forçou a confrontar com nossas próprias ideias cristalizadas e nos deu a opção de melhorar e virar a página das atitudes de primazia individualistas. Mas temos o tal do Livre-arbítrio que muitas pessoas insistem em distorcer.
Pensava, olhando nos meus próprios olhos, em todo esse turbilhão de situações e emoções que – ao longo de 2020 - atormentou muitas pessoas e ainda traz pesadelos. Não pelas perdas...mas pela decepção com pessoas.
Não existe o ‘Ser’ empresa... Existe um conjunto de números, reunidos no Cnpj. Todo o resto é efeito da ação e reação de Pessoas. Ponto.
É... 2020 nos fez confrontar com temores e fantasmas. Mas todo esse bla-blá-blá no final desse ano que parece não ter acabado ainda... é que um número grande de pessoas, e eu me incluo nessa estatística, vem sofrendo da ‘Sindrome do Feitiço do Tempo’. Sim... exatamente como no filme de 1993, estrelado por Bill Murray, Andie MacDowell, e Chris Elliott, quando o personagem principal voltava sempre ao mesmo dia.
Essa ‘Sindrome’ tem deixado um gosto na boca de que estamos sempre ‘devendo’ alguma coisa... Que fazemos, fazemos, fazemos e parece que ao final do dia não foi o suficiente, que não fizemos o bastante...
Lives, Lives, cursos on line, congressos, encontros, debates... parecem que combinam a pauta: “Você tem que se superar.” Você tem que buscar fazer mais”... etc, etc,etc. E no final... o que fica é a sensação que, por mais que se faça, parece que nunca é o suficiente...que você está fazendo pouco.
E você está em casa, no sábado, no domingo, ou na folga...e se sente culpado por estar olhando um filme ou sentado tomando sol. Porque tem um monte de gente boa, tem gente desvairada, gente com conteúdo e um montão de outros viventes (bonitinhos, mas ordinários) mas sem noção...postando nas redes sociais disseminando ‘Cursos’, ‘treinamentos’ que vendem a ideia que você não está fazendo o bastante. Que você precisa fazer mais... PQP... E pior é que tem empresa que vem acreditando.
E onde está a tal da ‘empatia’ que percorre debates e posts e mais posts nas redes sociais!? Cadê??? Lamentável! A cobrança com os 40+, 50+, 60+ é bem mais pontual e na maioria das vezes, desprovida de verdade, porque é pauta pelo olhar do preconceito. Não pela capacidade profissional.
Mas vamos ao que interessa. E ai... já viu a Live de hoje!?
Desculpa...não podia perder a piada. Mas é urgente! Precisamos refletir e agir. Não é uma questão se é importante. Hello! Todos chegarão aos 40, aos 50, aos 60.
Acordem! Tudo isso no final é sempre um grande erro de visão e percepção.
Ver essa realidade como uma questão a ser debatida pelas ‘Ciências Sociais’... apenas perpetua a distorção. Somos Seres Biológicos, e se olharmos para essa lógica – irrefutável – muito na relação entre as pessoas e, por consequências – nas empresas mudará 99%. Você deixa de olhar sob a hedge de conceitos e transfere o FOCO para se perceber – como Ser – e para entender o OUTRO a partir de nossa lógica bioquímica de pensar, agir e reagir ao outro e ao ambiente.
É simples. E por isso é tão difícil de ser aceito.
Mas vamos ter fé! Porque assim, acaba com um monte de bobageiros das redes sociais que destilam suas ‘pseudo-verdades’ e faria , também, muita empresa cair na real e parar de contratar ‘palestrante’ de Uhuuuu!
Você conhece e tipo? 'Homos Palestrum Uhuuuu', que os RHs adoram... Leva a nada e, nada maioria das vez, cria mais insatisfação depois que o 'Homos Uhuuuu' vai embora. Mas o objetivo é gerar 'impacto', fazer povo sair da 'caixa'... Acorda Board!
Nenhum profissional muda ou sai da 'caixa' tendo seu Sistema Límbico 'afagado'. Doses de adrenalina, endorfina, serotonina...etc... Sem a MUDANÇA da empresa no seu Modis Operandi... o que vai continuar a funcionar é a Zona de Conforto... o comportamento de bando será sempre a segurança da maioria, ou de todos dentro das empresas.
Mas vamos ter 'fé'... quem sabe, num sentimento otimista que sempre tenho... o rodô passe também por alguns RHs e gestão de pessoas, porque por incrível que pareça – até então – são os únicos ‘intocáveis’! Será!?
Mesmo com ciência, a evolução, a realidade mostrando o contrário do que fazem... continuam a fazer da mesma forma, dar os mesmos conselhos e a contratar com o mesmo 'olhar' direcionado. É fato! Acorda Board!
E ai!?... Vamos para + um curso online de 'motivação' pra 'melhorar o estado de se sentir péssimo!? :P kkkkkkkkk
Psicanalista | Empresário.
3 aKátya Desessards vc escreve maravilhosamente, é uma chuva de temas, colocações e idéias maravilhosas. Diria que não é uma chuva, é um furacão. Acredito que se vc dividisse seus artigos em varias publicações menores, e a cada uma delas desses sugestões, alternativas e pedisse que leitores expusesssem suas duvidas e experiencias teria um material fantástico em mãos.
Palestrante | Especialista em Mercado da Longevidade | Estrategista de Marca Pessoal | LinkedIn Top Voice | Especialista em LinkedIn | Marketing Digital | Vendas | Consultor | Mentor | Multicarreira
3 aParabéns pelo artigo e pela coragem de expor algumas realidades do mercado, Kátya Desessards!