Economia e inflação com sinais trocados

O país perdeu o vigor do crescimento econômico há quatro décadas e os ciclos de bonança, quando ocorrem, são bem curtos. As causas já são bem conhecidas, mas destaco a falta de  agenda econômica e social de longo prazo (projeto de nação), e quando há alguma proposta nesta direção, ocorrem descontinuidades nos períodos de alternâncias de comando.  A única agenda sempre presente é a “próxima eleição” com medidas eleitoreiras de curto prazo, que empobrecem o debate e jogam fora as oportunidades de elevar o país à condição de “desenvolvido”.  

O resultado do PIB brasileiro no terceiro trimestre não foi surpresa, ficou em -0,1%, em relação ao segundo trimestre de 2021. Do lado da oferta, o setor de serviços, que tem peso de 73% na economia, reagiu positivamente com 1,1%, o industrial ficou sem reação (0,0%) e a agropecuária e as exportações de bens e serviços levaram tombos de -8,0% e -9,8%, respectivamente. No acumulado deste ano, o PIB acumula alta de 5,7% em comparação a igual período de 2020, de acordo com o Sistema de Contas Nacionais Trimestrais do IBGE. 

Com tal performance, a taxa de desemprego continua em alta (12,6%), com 13,5 milhões de desempregados e mais 8 milhões de subocupados e, ainda, com queda real de renda de 11,1% no terceiro trimestre em relação a o de 2020, (Pnad-Contínua/IBGE).         

Conjugado ao baixo crescimento, a inflação que vem afetando a população mundial, no Brasil, se potencializou. Além da desorganização das cadeias de suprimentos (que pode perdurar até 2022), tivemos o aumento dos preços administrados e a irresponsabilidade fiscal que gerou riscos adicionais. O câmbio, ao ficar pressionado, alterou os custos de produção, beneficiou as exportações de commodities, mas elevou os preços domésticos, evidenciado pela alta do IPCA de já está em 10,67% no acumulado de 12 meses, até outubro.  

Diante das incertezas políticas e econômicas, o Banco Central deverá agir com firmeza e realizar forte aperto monetário. A taxa de juros Selic, que deverá fechar o ano de 2021 em 9,25%, continuará sua trajetória de alta, em torno de 12%, para que a inflação em 2022 não fique tão distante da meta de 5%, no limite de + 1,5%. No entanto, juros altos enfraquecem a atividade econômica pelo lado dos investimentos e do consumo, afetando o resultado do PIB projetado em 0,58% para 2022. Vivemos sinais trocados: o que é negativo está em alta e o que é positivo em baixa.

O poeta Carlos Drummond de Andrade escreveu: “Quem teve a ideia de cortar o tempo em fatias, a que se deu o nome de ano, foi um indivíduo genial. Industrializou a esperança, fazendo-a funcionar no limite da exaustão...”. Que neste final de ano renovemos nossas esperanças até a fadiga, se necessário for. Mais empregos e saúde são os melhores presentes. Feliz Natal para todos. 

Newton Rodrigues-Lima, Ph.D

Presidente da Blueway Consultoria | Consultor e Mentor de negócios | Palestrante e Professor de MBA

3 a

Excelente artigo, Professora Virene Roxo Matesco, como sempre!... Objetivo, preciso, simples e claro! 👏👏👏👏

Virene Roxo Matesco

Socia Presidente na Matesco & Lopes

3 a

Agradeço o carinho e atenção costumeira

Helio Costa

Senior Project Manager, Consultant and Business Coach delivering value and minimizing risks for companies and their clients

3 a

Precisa, sintética, realista e brilhante como sempre

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