Destaques do Relatório de Inflação – Divulgado pelo BC em 22/06/2017
A despeito da divulgação do relatório de inflação pelo BC no dia de hoje, seguem os principais highlights e nossas considerações sobre o cenário atual:
· Indicadores econômicos sinalizam retomada, com projeção do PIB 2017 com crescimento de 0,5%.
· Atividade econômica global em expansão reduz a pressão sobre a economia brasileira.
· As expectativas inflacionárias para 2017 ficam em 3,70% e para 2018 4,18% - portanto dentro (e abaixo) da meta de 4,25%.
· O comportamento da inflação permanece favorável, com desinflação difundida inclusive nos componentes mais sensíveis ao ciclo econômico e à política monetária.
· O Copom entende que a extensão do ciclo de flexibilização monetária dependerá das projeções e expectativas de inflação, da atividade econômica, do balanço de riscos, mas também das estimativas da taxa de juros estrutural da economia brasileira.
· O Comitê entende que o aumento recente da incerteza associada à evolução do processo de reformas e ajustes necessários na economia brasileira dificulta a queda mais célere das estimativas da taxa de juros estrutural e as torna mais incertas. Essas estimativas continuarão a ser reavaliadas pelo Comitê ao longo do tempo.
· Em função do cenário básico e do balanço de riscos avaliados em sua última reunião, o Copom entendeu que uma redução moderada do ritmo de flexibilização monetária em relação ao ritmo adotado naquela ocasião deveria se mostrar adequada em sua próxima reunião, em julho (208ª reunião).
· O ritmo de flexibilização monetária continuará dependendo da evolução da atividade econômica, do balanço de riscos, de possíveis reavaliações da estimativa da extensão do ciclo e das projeções e expectativas de inflação.
· O mercado de trabalho tem registrado desempenho relativamente mais favorável nos últimos meses. A queda da inflação favorece a recomposição da renda real e contribui para a recuperação gradativa do consumo. Entretanto, a economia segue operando com alto nível de ociosidade.
· Cenário Externo: A perspectiva de aceleração da atividade econômica global em 2017 se consolidou no trimestre encerrado em maio, com os indicadores econômicos sugerindo maior sincronia no crescimento das maiores economias desenvolvidas e o comércio internacional registrando.
· No primeiro trimestre de 2017, houve comportamento heterogêneo da atividade global. A economia acelerou na China1 e na Área do Euro, e recuou nos Estados Unidos da América (EUA), Japão e no Reino Unido. Na China, o crescimento foi impulsionado principalmente pelo consumo, pela recuperação das exportações e pelos investimentos públicos em infraestrutura, persistindo, contudo, os desafios da condução na transição de modelo econômico e na manutenção da estabilidade financeira no país. Na Área do Euro, a recuperação econômica vem sendo estimulada pela geração de empregos, pela política monetária ainda acomodatícia e pelo setor externo. Nos EUA, fatores temporários afetaram negativamente o crescimento. O excessivo otimismo verificado após as eleições presidenciais de novembro de 2016 – baseado na expectativa da aprovação de medidas fiscais expansionistas e da desregulação de setores da economia – enfraqueceu-se frente às dificuldades políticas em dar prosseguimento a essas medidas. Apesar disso, indicadores de confiança elevados e números positivos no mercado de trabalho seguem sinalizando aceleração econômica ao longo do ano.
Conjuntura Doméstica:
· Economia e Mercado de Trabalho: O conjunto dos indicadores de atividade econômica divulgados desde o último Relatório de Inflação permanece compatível com o cenário de estabilização da economia brasileira no curto prazo e de sua recuperação gradual nos próximos trimestres. Nesse contexto, o crescimento registrado pelo PIB7, na margem, no primeiro trimestre de 2017 refletiu o expressivo desempenho da safra de grãos, a recuperação moderada da atividade industrial e a estabilidade no setor de serviços.
· O PIB cresceu, na margem, 1,0% no primeiro trimestre de 2017, considerados dados dessazonalizados. No âmbito da oferta, destaque para o crescimento do produto agropecuário, impulsionado pelo crescimento das safras de soja, milho e arroz, e em menor escala, para a moderada recuperação da atividade industrial. Em relação aos componentes da demanda, o consumo das famílias permaneceu em patamar historicamente reduzido e a Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) experimentou retração adicional, contrastando com a contribuição positiva do setor externo, que foi impulsionada pelas exportações da safra de grãos e de petróleo.
· A produção industrial permanece em trajetória consistente com o processo de estabilização da atividade econômica. Nesse contexto, a produção física da indústria, após aumentar, na margem, 1,3% no trimestre encerrado em janeiro, manteve-se estável no trimestre finalizado em abril, de acordo com dados dessazonalizados da Pesquisa Industrial Mensal – Produção Física (PIM-PF) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Nessa base de comparação, a produção da indústria extrativa recuou 0,5% e a da indústria de transformação manteve estabilidade, destacando-se os crescimentos nos segmentos de bens de consumo duráveis (1,1%) e de bens de capital (0,5%).
· Indicadores coincidentes também sinalizam continuidade da tendência de recuperação das vendas no varejo no segundo trimestre de 2017. As vendas reais do setor supermercadista cresceram 1,5% no trimestre finalizado em abril, em relação ao encerrado em janeiro, segundo dados dessazonalizados da Associação Brasileira de Supermercados (Abras), e as vendas de automóveis e comerciais leves, divulgadas pela Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave), elevaram-se 7,1% no trimestre encerrado em maio, em relação ao terminado em fevereiro.
· A economia segue operando com alto nível de ociosidade dos fatores de produção, refletido nos reduzidos índices de utilização da capacidade da indústria e na taxa de desemprego. Nesse sentido, o Nível de Utilização da Capacidade Instalada (Nuci) da indústria de transformação situou-se, na média, em 74,6% no trimestre finalizado em maio – ante 78,6% para média dos últimos cinco anos –, apresentando crescimento modesto em relação ao trimestre anterior, 0,7 p.p., dados dessazonalizados. Esse aumento refletiu crescimentos do Nuci das indústrias de bens de consumo não-duráveis (2,1 p.p.) e de bens de capital (1,9 p.p.) e recuos nos indicadores das indústrias de bens intermediários (0,7 p.p.) e de bens de consumo duráveis (0,2 p.p.).