ECONOMIA REGENERATIVA - UMA ABORDAGEM EMERGENTE
Vivemos fortes mudanças geológicas, ecológicas, biológicas e socioeconômicas em nossos sistemas - o ANTROPOCENO, contexto em que o comportamento humano tem um enorme impacto negativo no planeta. Mudanças estas que causam profundas transformações relacionadas à Terra, como a emergência climática, a perda de biodiversidade, a disseminação de vírus zoonóticos e o preocupante aumento das desigualdades, entre outros desafios globais, apesar de tantos e muitos negacionistas afirmarem que não, afirmarem "que isso sempre existiu".
Sem fazer juízo de valor, se certo ou errado, o certo é que estamos herdando de nossos antepassados, os frutos, principalmente da Revolução Industrial - sistema socioeconômico que foi eficaz na formação de uma ideia de progresso social e prosperidade humana baseada no crescimento tecnoeconômico ilimitado e, portanto, no surgimento de uma civilização organizada em torno do ciclo de produção e consumo. Esta era de desenvolvimento econômico levou a rápidos aumentos nos padrões de vida. Mas veio com um preço enorme: a deterioração exponencial de nossos sistemas ecológicos naturais.
Um sistema econômico degenerativo que troca recursos naturais - e humanos - por lucro está chegando a um ponto sem retorno e ameaçando a possibilidade de vida das gerações futuras.
Herdamos e uma grande maioria continua, consciente ou inconscientemente, defendendo, em seus discursos, em ações e na forma de modelar negócios, a ilusão de que há uma separação entre homem e natureza. Dito de outra forma, que os homens tem o direito de dominar a natureza e fazer desta um instrumento de riqueza infinito à sua disposição.
O resultado? UMA CIVILIZAÇÃO À BEIRA DO PRECIPÍCIO.
Já devíamos estar a passos largos rumo à mudança, implementando uma nova concepção e novos modelos de ação humana na terra. Permanecemos, quase todos, com modelos mentais que sustentam a dinâmica do nosso sistema socioeconômico.
Uma visão de mundo, dominada pela premissa de que o crescimento econômico leva à prosperidade, mesmo às custas da deterioração de nosso sistema ecológico, causou a grande ilusão de separação entre humanos e natureza.
Mesmo os mais conscientes, ainda esperam um Salvador da Pátria, acordarem no dia seguinte e tudo estar diferente. Não dá mais para assistirmos inertes, a cena final, esta que inequivocadamente, em se continuando a ordem atual, será de fim para toda a humanidade.
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Precisamos ser portadores das narrativas e mais que elas, sermos mãos em ação e corpos que vivem a premissa de que
se você vê a natureza como se fosse parte dela, é provável que a trate melhor .
Temos um papel. Um importante papel. Um papel fundamental. Zigmunt Bauman já escrevera, “a cabine do piloto está vazia”. Não somos mais subjetivados e orientados por algum grande Outro (religião, família, nacionalidade, cultura hegemônica, instituições). Também não dá mais para transferir essa responsabilidade.
Precisamos da consciência de que nosso pensamento e a maneira como vemos o mundo determinam como nos comportamos e agimos, o que leva ao mundo que criamos para nós e ao nosso redor. Como Gregory Bateson disse brilhantemente, “não podemos mudar um sistema sem mudar a nós mesmos”.
É essencial questionar nossos próprios modelos mentais para que possamos nos dar o tempo e o espaço necessários para que surjam os novos modelos mentais que levam à Grande Reconexão.
Esse processo de autoconsciência apesar de ser ponto de partida e condição sine qua non para dar start ao processo, não é suficiente para mudar o sistema. O escopo dos desafios que enfrentamos é global e sua magnitude vai além da agência individual. Esses desafios, que muitas vezes são PROBLEMAS PERVERSOS , exigem que DESENCADEEMOS, DESENVOLVAMOS E FACILITEMOS UM PROCESSO DE INTELIGÊNCIA COLETIVA PARA ENFRENTÁ-LOS
Em que ponto e espaço estamos nós?