Educação _ Espaço, Conteúdo e Tecnologia (2)

A educação esta passando por uma revolução e possui tremendos desafios pela frente. O ensino híbrido surgiu como uma alternativa e deve se tornar uma obrigatoriedade na nossa sociedade.

Essa sequência de 3 artigos busca discutir os desafios da Educação vista pelos pilares da AVIXA, Associação Mundial para a Experiência Audiovisual.

O conteúdo....

Do ponto de vista acadêmico e cognitivo, o conteúdo é o principal ator do tripé da Experiência AV. É a informação que queremos passar; a história que queremos contar. Contudo, se engana quem acha que é o único ou mais importante elo do sistema.

Proponho aqui uma experiência:

Imagine-se sentado em uma sala, com um professor falando sobre inserção muscular, alavanca óssea, tensão muscular, ventrículos cardíacos e demais assuntos relacionados ao esqueleto humano (conteúdo). Interessante ? Um pouco, talvez doutores ou pessoas ligadas à atividade física gostem do tema, mas a maioria de nós se casaria rapidamente.

Agora, mantendo esse mesmo tema, imagine que você esta dentro do centro de experiência da Microsoft, um local inovador, curioso, empolgante, provocativo (espaço). A mesma informação já parece ficar mais atrativa para outras pessoas.

Então, adicionamos o tempero especial, a pimentinha que faltava....Realidade Virtual. Você recebe um óculos e um fone de ouvido especiais (tecnologia) que fazem o corpo humano aparecer na sua frente, podendo abrir ele e enxergar os músculos e órgãos em tamanho real. É ou não é interessante ? Você gostaria de participar ?

O conteúdo colocado no espaço e com a tecnologia adequada é IMPARÁVEL, AVASSALADOR e, absolutamente, CATIVANTE. Esse é o nosso desafio na AVIXA.

Ensino Híbrido

Neste momento que vivemos, entendo que existem inúmeros desafios para o conteúdo. As escolas e professores desenvolvem o ensino baseado no conceito de hierarquia e não estavam preparados para a "concorrência" de outros temas online.

O aluno que esta remoto, além da aula online, tem acesso a milhões de vídeos no youtube, jogos e bate papo. O aluno presencial, não consegue ver ou falar com quem esta online, quase como se houvesse fantasmas na aula, e precisa seguir a velocidade do ensino, muitas vezes interrompido pelos fantasmas remotos.

Olhando de fora, sinto que ninguém esta completamente satisfeito, seja a escola, o professor, os alunos presenciais, alunos remotos e os pais. Quando a equação dá errada, precisamos mudar os fatores .....

É um momento difícil e revolucionário. Os professores estão enfrentando inúmeras dificuldades, especialmente em áreas remotas com maior dificuldade de acesso a internet. Além disso, as famílias mais pobres e o ensino público sofrem para acompanhar a velocidade da mudança, aumentando a distância da qualidade de ensino entre os alunos com mais e menos recursos. Isso é terrível para nossa sociedade.

Como estamos no "centro do furacão", às vezes é difícil enxergar a frente.

Infelizmente não tenho a resposta para esse desafio, mas tenho visto excelentes iniciativas e gostaria de destacar duas:

A Organização PORVIR faz um magnífico trabalho de inclusão, auxiliando professores e escolas a enfrentarem o desafio que passamos.

A Escola Conquer traz uma maneira diferente de ensinar, transformando os alunos nos líderes do amanhã.

Por fim, apesar de não ser especialista em educação e entendendo que existam inúmeras diferenças entre as idades de aprendizagem, proponho 3 conceitos para incentivar essa discussão

IE > QI

Historicamente, a escola foi o local para aprendermos conteúdo exato. Estudamos para "ficarmos inteligentes". Queremos ter o QI maior. Muitas vezes somos provocados a decorar, mais do que compreender. Poucas vezes desenvolvemos a nossa Inteligência Emocional (IE).

Proponho que a IE seja mais importante do que o QI nas escolas. Que temas como Autoconhecimento, Empatia, Sociabilidade, Estresse e Felicidade tenham seu espaço e carga horária dentro do ambiente escolar.

Hoje existe um enorme desequilíbrio entre essas duas inteligências, levando inúmeros estudantes a terem problemas de relacionamento, motivação e aceitação, o que prejudica a aprendizagem e desenvolvimento humano. A depressão é o mal do novo tempo, e precisamos tratar disso na base para evitar o reflexo predatório em nossa sociedade.

O professor sabe menos do que o aluno, e daí ?

Quando eu era pequeno, aprendi que o professor deveria me ensinar tudo, ele sabia mais do que todos e o que ensinasse era o correto... Ok, eu sei que sou velho e de outro tempo, mas precisamos mudar esse conceito de forma mais explícita.

Assim como um treinador não joga melhor que um jogador, o professor não precisa saber mais de um assunto que o aluno.

O professor não sabe e não precisa saber tudo. Ele precisa ser um provocador, levar a discussão, tirar os alunos do conforto, gerar colaboração para a aprendizagem completa. Quando nos envolvemos, participamos mais ativamente, contribuímos e ensinamos, acabamos aprendendo muito mais.

Customer Experience

A experiência do usuário é o mantra de muitas corporações. O que a escola pode aprender com isso ? Talvez o aluno não tenha o mesmo poder de decisão ou escolha que um cliente tem para uma empresa, porém apenas a experiência e o caminho adequado, farão ele ter o engajamento para a aprendizagem completa.

O mundo esta repleto de histórias bem sucedidas de Experiência do Cliente. Como eles podem ajudar as escolas ? Parafraseando Simon Sinek, comece pelo porque.... Para tudo que for ensinado, pergunte-se Porque.... se a resposta não for clara e imediata, repense o conteúdo.

Num mundo de Customer Experience, o centro é o cliente (aluno), e precisamos escutá-lo, trazendo produtos de interesse (conteúdo) e, constantemente, monitorar o resultado da experiência do produto, com feedbacks (críticas) que nos ajudem a corrigir e melhorar o produto, levando a uma melhor experiência, engajamento e fidelidade da marca (escola).

...