Encerra varejo e compra banco e commodity?
Varejo: De protagonista a elenco de apoio.
Ao longo de 2020 falamos repetidas vezes do favoritismo do mercado em relação às companhias de varejo, em especial aquelas que buscavam exposição ao e-commerce. E esse movimento aconteceu quase que forçado, tanto para os compradores, quanto para os vendedores, afinal, todo mundo estava trancado dentro de casa, trabalhando, estudando ou só assistindo uma live. O que restava para nós consumidores era comprar pela internet e, para os vendedores, vender de forma digital.
E deu bastante certo. As vendas online ajudaram (e muito) a receita dessas companhias, fora que, com a flexibilização da quarentena, as lojas físicas voltaram a funcionar e as pessoas voltaram a comprar na rua. Exemplo disso foi a divulgação dos resultados das vendas na semana de Natal da Via Varejo (VVAR3) que se mostraram 20% melhores do que as observadas no Natal passado.
Assim, empresas como Lojas Americanas (LAME4), B2W (BTOW3) e Magazine Luiza (MGLU3) conseguiram a façanha de subir 46%, 58% e 156%, respectivamente, de março a dezembro do ano passado. Então pensa bem, em um ano de lojas sendo fechadas, desemprego lá nas alturas e muita gente tendo que se virar nos 30, as varejistas conseguiram tomar o protagonismo do mercado.
Mas sabe aquela máxima de que “tudo que é bom termina”? Pois bem, as protagonistas de 2020 viraram elenco de apoio no começo de 2021 e o movimento de realização desses papéis na primeira semana do ano assustou muita gente. Essas mesmas queridinhas apresentaram as maiores quedas em uma semana de Ibovespa superando os 125 mil pontos.
A leitura que tem sido feita é de que esse ativos já não tem mais tanto upside como tinham lá em março, ou seja, o preço já não está em liquidação. Ainda há quem diga que o atual patamar de preço de algumas companhias de varejo já estão operando no seu preço justo, então nada mais justo que o mercado realizar o lucro dessas ações.
Além de uma leitura de preço, acredito que aquele cenário de demanda reprimida já não é o mesmo do ano passado. Fora que o desemprego ainda está em alta, o auxílio emergencial, que contribuiu com o aquecimento da demanda, chegou ao fim, e com o aumento dos casos de contaminação do novo coronavírus, as portas das lojas físicas podem voltar a fechar.
Mas pra você que ainda tem varejo na carteira, MANTENHA A CALMA. No curto e médio prazo essas ações podem até sofrer algumas quedas, mas isso não as torna papéis dispensáveis e não muda o viés delas no longo prazo. Maaaaaaas, o papel de mocinha da série foi passado adiante.
Commodities e Bancos assumindo o posto.
Se por um lado as varejistas ganharam os corações (e as carteiras) dos investidores em 2020, o setor bancário foi deixado de lado por um bom tempo. Mas de outubro pra cá as coisas mudaram de figura e as empresas ligadas a serviços financeiros, em especial os bancões, voltam a estrelar na telinha no horário nobre. Esse movimento comprador para o setor tem sido amparado pela entrada de capital estrageiro na nossa Bolsa.
Mas o trono de protagonista não ficou apenas para os bancos, quem também entrou em cena desde o fim de 2020 foram as exportadoras e as indústrias, colocando as empresas com exposição a commodities no holofote do mercado.
O curioso é que, diferente do setor bancário, que apesar das altas observadas no fim do ano, não conseguiu recuperar em 2020 todo o tombo sofrido ao longo do ano, as ações das exportadoras como Vale3 (VALE3) e sua holding Bradespar (BRAP4), CSN (CSNA3), Gerdau (GGBR4), Petrobras (PETR4), Suzano (SUZB3).
Muitas outras associadas às principais commodities fecharam quase todas no positivo no ano passado e na primeira semana de 2021 conseguiram tomar o topo do ranking das maiores altas do Ibovespa.
Mas, cá entre nós, fatores não faltaram para isso acontecer: dólar na casa dos R$5,40, pressão para conter a produção do petróleo fazendo o preço da commodity acelerar, preço do minério de ferro acumulando fortes altas movido pela retomada do crescimento da demanda da China. Tudo isso somado ao cenário de expectativa de normalização das atividades com a distribuição e vacinação das pessoas acontecendo no mundo.
É claro, sempre tem o defensor da trindade do mercado: banco, petróleo e siderurgia. A questão é saber por quanto tempo elas seguram o posto de protagonistas ou ,ainda, quanto elas podem subir.