ESG: "FAZ O QUE EU DIGO..."
RIO GRANDE DO SUL VISTO DE ESPAÇO

ESG: "FAZ O QUE EU DIGO..."

Entre o discurso e a prática há sempre uma grande jornada...

Um dos aspectos negativos em relação ao ESG – e presente no senso comum de boa parte da sociedade –, diz respeito à “maquiagem verde”, ou seja, um falso engajamento em práticas politicamente corretas – geralmente de natureza sustentável – no intuito de a empresa “aparecer bem na foto” no mercado. O chamado “greenwashing” já se tornou uma verdadeira buzzword no meio, denotando essa falsa postura por parte das organizações.

         Uma atitude ESG deve basear-se em evidências, ancoradas em métricas claras e mensuráveis. Nesse contexto a mentira – ou a “meia-verdade” – tem “perna curta”, e acaba causando danos irreparáveis a muitas empresas. O avanço das mídias sociais e a proliferação das informações em tempo real, aumentou a exposição de práticas desleais e sua consequente denúncia.

         Mas não basta as ações ESG estarem evidenciadas e comprovadas, esse é apenas um dos lados da moeda: é preciso também que sejam coerentes à realidade, factíveis e alcançáveis. Metas e objetivos distantes da realidade – muitas vezes do próprio entorno geográfico onde a empresa se situa –, ou longe de terem sintonia com os problemas da sociedade, se configurarão apenas como discurso. De que adianta, por exemplo, a fala ESG defender a justiça social, se a empresa não se engaja em ações para melhorar as condições de vida da comunidade em seu entorno?

          Ainda existe muita concepção errônea em relação ao que realmente significa uma empresa estar engajada nas práticas de ESG. Isso, com certeza, contribui para que continue existindo uma certa desconfiança da sociedade em geral (ali inclusa a cadeia de valor da indústria e seus atores, obviamente). Muitas empresas entendem, por exemplo, que pelo simples fato de praticarem filantropia já estão “quites” com as diretrizes estratégicas ESG.

De que adianta, por exemplo, a fala ESG defender a justiça social, se a empresa não se engaja em ações para melhorar as condições de vida da comunidade em seu entorno?

Esse estado de coisas se agrava e potencializa o desconhecimento do ESG na sociedade, em um círculo vicioso de desinformação e descrédito. Pesquisa recente realizada pelo Google, ouvindo três mil brasileiros com mais de 18 anos de idade de todas as regiões do país, mostrou que 47% das pessoas desconheciam totalmente o tema e não sabiam citar sequer uma empresa que fosse exemplo positivo em ESG (REDAÇÃO MUNDO RH, 2023).

         Diante de todo esse cenário, o futuro do ESG também se estrutura sobre uma maior transparência em sua própria aplicação. É o desafio de passar de mero “jargão” para a prática autêntica. De outra forma, sua proposta será vista apenas com ceticismo, quando muito, como uma posição idealista e incompatível com o mundo dos negócios; uma utopia autocentrada e distante da “guerra competitiva”. Essa mudança passa necessariamente pelo amadurecimento do conceito ESG dentro das próprias empresas, combinando as questões aparentemente antagônicas do resultado financeiro e do respeito ao meio ambiente e à responsabilidade social.

         Entre o discurso e a prática há sempre uma grande jornada; a realidade se mostra usualmente mais complexa do que os modelos erigidos para se lidar com ela. Isso não é diferente com o ESG. A construção de uma empresa focada em ESG é uma jornada, e, como tal, não se decide por decreto.

Edson Maia

Mercado Livre de Energia | Gerente Comercial | Soluções personalizadas em energias renováveis

9 m

Obrigada por compartilha essa informação Rogério, um abraço! 😊

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