ESG nas Organizações de Saúde

MODELO ESG PARA ORGANIZAÇÕES DE SAÚDE

·        VALDIR R BORBA

Mesmo com todo o desenvolvimento tecnológico no comando das ações, ainda assim, teremos mais necessidade de desenvolver e cuidar dos aspectos humanos dentro das organizações, e igualmente buscar a sustentabilidade ambiental, Social e de Governança como um todo na vida da organização e da humanidade.

Conceitos

O ESG é uma sigla para Environmental, Social and Governance e define os conceitos de ambiental, social e Governança na vida de uma organização.

O conceito e a pratica do ESG estão bem alicerçadas nas grandes organizações transnacionais e dos países desenvolvidos, com cuidado com o ambiente, boas práticas de relacionamento, e especialmente de governança com compliance e medidas éticas e de anticorrupção.

No mundo empresarial, a sustentabilidade é um conjunto de ações que uma empresa toma, visando o seu desenvolvimento operacional, econômico e social, respeitando o meio ambiente do setor e especialmente da sociedade, ou seja, sem agredir o meio ambiente e a humanidade, além de colaborar para o desenvolvimento da própria sociedade.

O E (ambiental) essencialmente com as práticas e cuidado cuida do ambiente como um todo, desde o controle de emissão de gases, medidas contra o aquecimento global, contra os desmatamentos, despoluição de rios, aplicando-se também de forma local e individual, com cultivo de boas práticas de vida e alimentação saudável, dentre outras.

|O S (social) aborda o conceito de ética e respeito nos relacionamentos com colaboradores, parceiros, clientes, gestores, prestadores de serviços e outros, atuando com lisura, ética, praticas anticorrupção e compliance, ou seja, com o emprego de uma gestão com ética.

O G (Governança Corporativa) diz respeito a boa estrutura e práticas de formação e atuação de comitês, conselhos, sucessão, atuação dos gestores, ética nos salários e distribuição de lucros. Envolve-se com as questões estruturais e de políticas da empresa, geralmente discutidas e aplicadas de forma ampla pelo processo de Advice.

Na Saúde em Geral

Com a questão da pandemia ficou muito evidente a fragilidade do atual modelo de governança na área da saúde, principalmente nas questões envolvendo recursos públicos e nas questões de fraudes em aquisições de equipamentos, testes, epi(s), remédios, gases medicinais e outros insumos para organizações de saúde, com sobrepreços, desabastecimentos e tantas outras má praticas no momento emergencial.

Demonstrada a fragilidade ficou evidente a importância de se aplicar rapidamente os conceitos e as práticas do ESG nas organizações de Saúde, procurando com isso estruturar essas organizações para que se possam transformarem, tais quais as organizações dos países mais bem desenvolvidos.

No campo do E (ambiental) urge que se busque garantir a defesa do meio ambiente na saúde, com regulamentações sobre tudo que diz respeito a segurança do paciente e das equipes de profissionais, do ambiente de trabalho e da Sociedade em geral. Lembrando que muito foi feito nesse período, mas é preciso continuar avançando.

No campo do S(Social) é importantíssimo que reforce os relacionamentos com ética, com respeito entre as empresas fornecedoras, prestadoras, profissionais, diretores, gestores e colaboradores. É preciso entender os limites e o que é intransigível e inquestionável para a boa prática de sociabilidade.

O G (governança corporativa e assistencial) ficou evidente que esse é o ponto que precisa ser rapidamente transformado, buscando-se compliance, governança clínica, entrega de valores, gestão com ética, estruturação sólida de governabilidade e de diversidade nos Conselhos, comitês e outros órgãos em todos os níveis da organização. Não será possível tolerar uma gestão sem esses princípios basilares.

De maneira ampla, teleológica do tudo e do todo, para que a vida se mantenha segura e com dignidade é preciso entender a sustentabilidade (Ambiental, Social e de Governança) como base ou fundamento, princípios e valores e, tanto o homem quanto as organizações, devem estar alinhados na defesa e na preservação desses princípios e valores pétreos, essenciais para a vida no ambiente e em sociedade. Isso está diretamente ligado à responsabilidade e a ética, essencialmente dentro da sociedade de organizações e governos.

Acreditação ESG em Organizações de Saúde

No setor Saúde, as organizações buscam e se estribam nas certificações de qualidade e Acreditação: ONA I, II e III, Acreditação Canadense, Europeia e outras. Doravante, além dessas deverão buscar uma acreditação que integre todas as partes, ou seja, a Acreditação ESG, para avaliar e validar as boas práticas em relação a sustentabilidade ampliada, envolvendo o ESG.

Nos hospitais já é comum a discussão, o debate e as ações de políticas e diretrizes ao Hospital Verde, ou Hospital construído em bases de sustentabilidade ambiental, de respeito e conforto aos pacientes e aos trabalhadores, com preocupações no reuso de águas, iluminação, ventilação, UTI(S) Humanizadas, Estação de tratamento de esgotos (ETEs), ambientes climatizados e tantos itens que integram a agenda da arquitetura moderna de hospital sustentável.

A liderança ESG na Saúde

A grande preocupação é com os aspectos de Responsabilidade Social e Gestão Ética, especialmente no quesito de Governança Ética como pilar da construção de um modelo organizacional sólido, firmemente sustentado por um estilo de gestão, que possa levar a uma nova geração de empresários, gestores e pesquisadores da organização social, envolvidos na economia social e ética, no respeito e no cuidado com o homem e com a sociedade e, para isso, é preciso entrar nos aspectos: ambiental, social, econômico e eticamente sustentável. É preciso combater a corrupção.

Na modernidade da liderança ética, inovadora e com um novo modelo de gestão prevalecerá a integridade em todos os sentidos, com respeito à bioética, ao meio-ambiente, com responsabilidade social e corporativa e predominantemente ético, sem fraudes e com respeito à diversidade em todos os níveis e ambientes.

Esse novo modelo para área da Saúde será de integralidade convergente como síntese de todas as teorias e práticas de gestão, reunindo no mesmo campo unificado as teorias sociais, humanas e biossociais e as tecnologias de ponta, incluindo a realidade virtual, telecomunicações, nanotecnologia, genética, com a ecologia, bioética, humanismo e essencialmente respeito e humanização

·        VALDIR R.BORBA

Consultor, conselheiro em gestão de Saúde

Administrador Hospitalar Emérito 1991 CBAS

Autor dos livros: Teorias Inovadoras – Ed. Sarvier

Integridade convergente na gestão – DOC Editora