Estante da Sofia entrevista: Rafael Caneca

Olá, leitores!

O bate papo literário de hoje será com o dono e criador do clube de livros Pacote de Textos. Sou assinante desse clube que envia mensalmente obras incríveis para a nossa casa que jamais imaginei conhecer se não fosse pela curadoria e o cuidado que eles têm com todo o processo.

Vamos lá?

Fale um pouco sobre você. Qual seu nome, sua idade e que área atua no momento.

Sou o Rafael Caneca, nasci em 21 de junho (mesmo dia do Machado de Assis, olha só!), mas em 1985 – então tenho 34 anos de idade. Sou formado em Direito pela Universidade Federal do Ceará, servidor público estadual (concursado no Ministério Público do Estado do Ceará, como técnico ministerial e assessor jurídico de um Procurador de Justiça). Mas o que gosto mesmo é de literatura.

Falando um pouco sobre livros, você sempre pensou em atuar na área da literatura?

Não, na verdade eu sempre gostei de ler – e de escrever –, mas nunca pensei em trabalhar com isso. Quando era mais novo, pensava que a única forma de trabalhar com literatura seria lecionando, e ser professor não estava muito nos meus planos.

O que mais te encanta e mais te desanima na área que você trabalha hoje?

O que mais me encanta é o mesmo que mais me desanima: a possibilidade de fazer a justiça prevalecer. Porque nem sempre a justiça acaba sendo feita, um pouco pela morosidade, mas muito pela falta de vontade de quem pode fazer. Daí a gente acaba sentindo que nosso trabalho está sendo feito em vão, sabe?

Se você pudesse dar uma dica para quem deseja trabalhar na sua área, qual seria?

Não se acomode jamais. Não tente trilhar os caminhos que os outros já trilharam só por ser mais cômodo: vá sempre em busca de fazer a diferença de verdade na vida de alguém.

De onde surgiu a vontade de criar um Clube do Livro? O que mais te inspira nisso tudo?

A ideia veio a partir de uma sugestão de uma amiga minha, a artista e fotógrafa Janile Gadelha (@bonitezas). Ela sempre me via com um livro debaixo do braço e acompanhava um blog em que eu postava minhas impressões de leitura, e um dia veio me perguntar porque eu não criava um clube de assinaturas, já que ela adorava tudo que eu lia. Aquela ideia ficou matutando na minha cabeça e, depois de um tempo, coloquei em prática. Desde que comecei, já li muita coisa boa, conheci coisas que nunca conheceria e fugi bastante da minha zona de conforto literária (ainda bem!). O que mais me inspira é apresentar a leitores obras que eles nunca conheceriam também, além de conseguir levar a sementinha dos bons livros para cidades que não contam com uma rede de leitura muito boa (muitas cidades no Brasil não contam com uma livraria sequer!).

O Brasil é um país com uma taxa muito baixa de leitura por pessoa, o que você acha que poderia ser feito para mudar esse cenário?

A primeira coisa seria aumentar a oferta de livros. Há alguns anos, visitei Buenos Aires e em todo quarteirão havia uma cafeteria e uma livraria. Apresentar o livro como uma forma de lazer, e não como uma coisa chata e obrigatória somente para passar de ano nas escolas.  E, finalmente, fazer as pessoas acreditarem que o livro é, sim, um meio de mudança social.

Você achs que essa baixa taxa de leitura do brasileiro afeta diretamente o mercado editorial brasileiro?

Claro que sim! Se duplicássemos essa taxa, já pensou quantas editoras surgiriam ou deixariam de fechar? Quantos novos livros estariam à disposição do público leitor? Seria uma reação em cadeia.

Por último, gostaria de saber um livro que marcou a sua vida, que você recomendaria para os leitores do Estante e por que.

Vou recomendar “Dom Casmurro”, do Machado de Assis. Foi o segundo contato que tive com a obra do Machado (com 14 anos, li “Helena”, mas não me tocou muito – há alguns anos fiz uma releitura beeeeem diferente), e ela me marcou profundamente pela linguagem irônica, pela construção e pelo que deve ou não deve ser dito num livro. A forma como ele construiu a história, urdiu a trama e usou uma linguagem bem acessível (não, a linguagem de Machado não é difícil) é magistral.

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Muito obrigada, Rafael e toda equipe do Pacote de Textos por seguirem fazendo a diferença no universo literário brasileiro!

Semana que vem tem mais bate papo literário, leitores.

Até lá! ; )