Eu Pecador me ...Confessava.....
WILLIAN FAGIOLO
À maneira lusitano gosto de escrever e estou a escrever. Também gosto de ir a São José do Rio Pardo, SP, minha terra natal, fazendo-o com o coração batendo mais e mais forte por todas as emoções de ver e rever os simpáticos gajos e gajas a andarem pelas ruas e sorrir-lhes, pois para mim a harmonia entre humanos é muito importante. Se bem que, devo registrar, os personagens supostamente imaginados e as ações narradas neste texto são produto da imaginação do autor que vos fala e qualquer semelhança com pessoas e acontecimentos reais é pura coincidência, mas nem tanto.
Ao alto da cidade me posto nas proximidades da Igreja Matriz, agora reduzida a mera coadjuvante entre os automóveis, ônibus e o comércio. O céu arroxeado pelas nuvens do verão ao entardecer faz sentir-me na posse de uma força que vem do fundo dos tempos. Em meio ao barulho, ouço ecoar o coro da velha igreja antes da reforma e ampliação. O antigo coro enriquecia as celebrações na igreja feita de tijolos de barro aparentes. Quem viu, viu. Incenso, véus escuros cobrindo os rostos das jovens e das senhoras da sociedade local. Arriscaria dizer que toda a gente ia à missa aos domingos.
-“Sabe que a senhora fica muito elegante com esse coque?”, ouço ao vento.
Hoje, quase um anacoreta, talvez um nômade, busco por lá, na minha terra natal, o meu "Genius Locci", os meus lugares preferidos, os aromas, o primeiro beijo, o segundo beijo, o terceiro beijo..., a primeira bocetinha, a segunda bocetinha... , jamais esquecíveis...Permitam-me a licença poética. Ao expor-me neste ato sobremaneira, não raro, sinto-me qual um Dr. Simão Bacamarte, sempre preocupado com a objetividade, embora não desconhecendo os aspectos íntimos dos vários personagens com que me defronto. Nunca perco de vista que posso estar diante da miséria humana, intrusa, parcial, traiçoeira, fingida. Eis o ser humano.
Quem escreve e se expõe ao crivo dos ledores sabe que, qual um Fausto, depois de selar o pacto de sangue com aquele que é tão temido, terá que passar a sentir com toda intensidade as dualidades que perseguem a vida humana, a eterna luta entre o bem e o mal, o sagrado e o profano, o celestial e o infernal. Eis o ser humano.
Martim Brito, Mateus, Gil Bernardes, Costa, Dona Evarista, Porfírio, João Pina, padre Lopes, Crispim... Este o meu mais provável destacamento de implacáveis críticos. Muitas cousas se deram na minha infância, adolescência. A confissão, ah!, a confissão...! Tínhamos que confessar e assim fazíamos e lá estava o pároco atrás daquelas redes ocultas escuras a ouvir ávido...e contávamos tudo...Certa vez, ouvi dizer, ao confessar, um ilustre morador, sabendo que o pecado que cometia com certeza iria provocar-lhe graves consequências, foi logo abrindo o bico, dizendo ao pároco do momento: estou comendo a mulher do fulano de tal, mas soube que ela dá até pro padre sicrano de tal...e não é que o padre sicrano de tal do confessionário era o próprio fornicador....!!!!!!
Segundo um amigo, só assim dá prá encarar a vida com outro olhar. Bem melhor, diz ele!
Enjoy the show. God bless you. Cuidado ao confessar...