Existe algo no ritmo do Linkedin (pt1)

Há algum tempo venho tomando notas sobre o Linkedin, ferramenta que uso no âmbito pessoal e empresarial. As anotações foram crescendo até que, enfim, resolvi publicá-las como uma série de pequenos artigos mais fáceis de ler e de comentar, em temas específicos. E não encontrei lugar melhor para fazê-lo do que aqui no próprio espaço do Linkedin. São ao todo 5 ou 6 textos e vou publicando nos próximos dias.

PARTE 1: Tá chovendo emprego... só que não

(por falta de um título melhor, fica esse por enquanto)

Esta semana recebi um informativo de vagas de marketing*, e o que era uma desconfiança se confirmou de forma cristalina: tem vagas sendo oferecidas no Linkedin, apenas para capturar dados dos usuários e fazer “sabe-se-lá-o-quê com isso” – tudo menos contratar gente.

*(quem não dá uma xeretada nas vagas no Linkedin, que atire a primeira pedra...)

Essas iscas começaram a aparecer há algum tempo, sempre na forma de uma vaga com título pomposo, um job description e uma lista de competências mais legível e simples de entender do que a maioria das vagas reais de fato exige, uma empresa “confidencial” e um link para “candidatura simplificada”.

As vagas falsas se misturam na multidão de vagas legítimas, e como tudo que é confidencial aparenta ser importante, imagino que muitas pessoas possam ter se interessado nessas vagas e até se inscrito.

A ideia, há de se admitir, foi bem bolada: se os melhores profissionais não têm interesse ou tempo para clicar nos anúncios, preencher formulários ou visitar websites (se for interessante, alguém faz isso por eles), então o único anzol que resta é oferecer... iscas de emprego. Você não terceiriza essa tarefa, terceiriza?

Porém, hoje me deparei com o que parecia ser a ‘evolução’ do golpe: recebi mais de 60 notificações de vagas de "Diretor/a de Marketing (Chief Marketing Officer)".

Alguém exagerou na dose. E como diz o ditado, "quando a esmola é alta, o santo desconfia" e fui conferir a fundo a derrama de oportunidades de trabalho idênticas, parecendo um container de startups asiáticas que ia em direção aos EUA, mas teve que fazer escala no Porto de Santos.

Vamos às empresas: Top Drawer Bespoke, be beyond®, Pash Group, 3ME LTD, City of Mitcham, LLM Capital Partners LLC, Kaizen Performance Group, Ayanda GmbH, Unicentrix Limited, Welcome Italy & Events, Start Here!, The Parcel Man Ltd, OJH Limited, Ambler Mountain Works, Allignham Corporation, My Flying Box, CM Investment, OhmCo Electrical, Bloom Brothers, Katies, Akcent Group, KENTUCKY FRIED CHICKEN, Bures S.A.U, The MDU, Apteka Pharmacy, The Winchendon School, Coppen BV, Ace london Studios, Syntiro, Breyley Yamaha Inc, MasterPeace, I Love Claims, We Deliver Logistics, Breco Trans, Pye Green Garden, RO Interiors, Kenyon Reports, Neim Mezher Company, Matrix Connect…

(decidi parar de digitar as empresas aqui, ao me dar conta de que já eram mais de 80 vagas com o mesmo título).

Haja escritório virtual para tanta empresa virtual. Você conhece alguém nessas empresas? Creio que não. Até tem um Kentucky Fried Chicken na lista, mas com certeza não é o KFC original.

(em tempo: se alguma dessas empresas e vagas acima for verdadeira, me avise e retiro o nome da lista).

Em geral, as empresas são uma combinação de palavras. Algum expert criou um 'dream job generator' - e estou certo de que não são apenas para CMO, mas para CIO, CFO, CEO, diretor disso e daquilo, líder, head... se cavarmos fundo, vamos encontrar até vagas de Founder (o que faria muito sentido, pois nenhuma dessas empresas existe de verdade).

Resumindo, o mundo digital está cheio de baratas, e cedo ou tarde elas invadiriam a bonita e organizada plataforma de negócios do Linkedin. Em algumas hipóteses, imaginou-se que é mais 'barato' obter os dados de um executivo através dessa isca do que através de outros canais de aquisição tradicionais de marketing e vendas.

Acho que não apenas o Linkedin tem um trabalho a fazer para manter a saúde de seu serviço de Talent Solutions, como também os anunciantes de empregos sérios podem trabalhar junto para que a plataforma, como um todo, não seja descreditada pelos usuários.

Finalmente, da minha parte, como profissional que compra anúncios no Linkedin Marketing Solutions para minha empresa e para clientes, que recomenda o uso do Sales Navigator e outras abordagens de relacionamento orgânicas e pagas, reforço que o melhor jeito de explorar o Linkedin e sua rede de profissionais, empresas e oportunidades, ainda é fazer as coisas do jeito certo - ainda que dê mais trabalho.