Existe um caminho que cada um pode trilhar para ser mais feliz no trabalho hoje.
Você tem a sensação que ser feliz no trabalho, para a muitas pessoas, é uma questão cada vez mais difícil? E que talvez o trabalho remoto ou híbrido para muita gente não tenha ajudado a melhorar isso?
Eu tenho. E penso que não importa o que a gente faça na vida, o cargo que tenha, se o trabalho contribui para sermos MENOS felizes, algo está bastante errado e a melhor atitude não é se conformar. Sabe aquela frase: “qualquer coisa que custe a sua felicidade é cara demais?”. Eu concordo 100% com ela.
E não é apenas uma sensação. Uma pesquisa inédita apresentada no último congresso brasileiro de psiquiatria mostrou que 1 a cada 5 profissionais de grandes corporações sofre de esgotamento no Brasil.
É MUITA gente.
Conduzida pela empresa Gattaz Health & Results e liderada pelo presidente do Conselho Diretor do Instituto de Psiquiatria da Universidade de São Paulo (IPq - USP), Wagner Gattaz, mostra que 18% dos profissionais brasileiros, sofrem com o esgotamento. Além disso, 43% relataram sintomas depressivos, com 13% tendo sido diagnosticados com a doença; e 24%, queixas relacionadas à ansiedade.
Dito isso, e aplicando um pensamento estoico de que devemos nos concentrar naquilo que realmente podemos fazer e não sofrer com o que não podemos, enfatizo dizendo que sim, podemos cada um de nós, fazer algo à respeito.
E começo compartilhando duas compreensões profundas e que têm real potencial de impacto na vida de qualquer um, não importa sua profissão.
Duas compreensões para ser mais feliz
A primeira veio quando estava lendo Princípios de Ray Dalio, um dos homens mais ricos e influentes do mundo no mercado de capitais.
“A satisfação não está em atingir metas, mas em lutar bem”
“Imagine o seu maior objetivo, seja lá qual for - faturar uma tonelada de dinheiro, ganhar um Oscar, administrar uma grande empresa, ser fantástico em um esporte. Agora imagine conseguir isso instantaneamente. Você ficaria feliz em um primeiro momento, mas não por muito tempo.”
Ou seja: um aumento de salário, um pacote de ações, um cargo superior, ou qualquer coisa do gênero NÃO vão fazer você realmente ter uma vida feliz. Assim como perder um oportunidade de promoção ou um negócio importante pode nos chatear no momento mas NÃO vai potencialmente nos fazer pessoas infelizes.
“Como a vida tem altos e baixos, lutar bem não apenas torna os seus altos melhores, como torna os baixos menos piores.”
Mas o que significa “lutar bem”?
Isso tem a ver com a segunda compreensão, essa sobre o que realmente faz as pessoas felizes e que veio da pesquisa mais longa do mundo ( mais de 75 anos! ) e desenvolvida por pesquisadores de Harvard sobre justamente quais as reais razões por traz das pessoas que conseguem ter uma vida mais feliz.*
“Somos felizes quanto mais conseguirmos nos conectar à outros, ter relações saudáveis”
A frase acima é do coordenador atual da pesquisa de Harvard, Robert Waldinger. A qualidade das nossas relações é o maior fator de felicidade segundo esse trabalho.
Então lutar bem tem absolutamente tudo a ver com a forma como nos relacionamos na vida e isso inclui o trabalho. By the way, é justamente no trabalho que passamos boa parte da vida, e onde o potencial para construção de relações é abundante.
A fama e o dinheiro não chegam perto desse fator. O estudo mostra que, além de um nível onde as nossas necessidades são satisfeitas, o aumento da renda não necessariamente traz felicidade. Corroborando com o que Ray Dalio sentiu na própria pele. Em suas palavras: “Ter o básico - uma boa cama para dormir, boas relações, boa comida e bom sexo - é da maior importância, e essas coisas não ficam muito melhores quando você tem muito dinheiro nem muito piores quando você tem menos. As pessoas que se encontram no topo não são necessariamente mais especiais do que aquelas que estão no fundo ou no meio”.
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Robert Waldinger diz: “Nos últimos 30 ou 40 anos, se glorificou a riqueza. Há bilionários que são heróis só porque são bilionários. Essa medida parece mais fácil porque as relações são difíceis, mudam, são complicadas".
Ou seja, a ciência diz que apesar de tornar-se bilionário ser hoje algo super admirado e desejado, o que mais tem chances reais de nos garantir felicidade é aprendermos a construir fortes relações humanas, continuamente.
Pra começar a ser mais feliz hoje no trabalho
Dito isso tudo, voltemos ao dado de 1 a cada 5 pessoas com burnout nas grandes corporações brasileiras e a percepção de que está todo mundo menos feliz.
Trabalhando em modelo 100% remoto ou mesmo híbrido, garantir a qualidade das relações exige muito mais esforço de nós, mas VALE A PENA.
Baseado na pesquisa de Harvard e nas minha própria experiência pessoal, fiz uma lista de 6 dicas concretas para começar a ser mais feliz hoje no trabalho:
1. Dê atenção aos seus relacionamentos! Seja em casa, na sociedade e também no trabalho.
2. A tendência nos modelos remoto e híbrido é nos isolarmos, gastarmos tempo nas redes sociais, em atividades solitárias. Essas atividades nos roubam dos relacionamentos reais, que precisam de construção.
3. Diferente do que pensamos os relacionamento são mais desgastantes se colocamos menos energia neles. Investir tempo e dedicação aos relacionamentos os torna mais vivos e verdadeiros.
4. No começo pode exigir mais esforço, mas vença a inércia e tome a iniciativa, construa a ponte.
5. Ofereça sua presença. Estar presente, ouvir, se conectar de verdade com o outro parte de nós antes de tudo.
6. Em situações de maiores conflitos o caminho não é evitar a convivência e sim o contrário: construir laços.
É muito possível aplicar todas essas dicas e construir relações independente do presencial. A tecnologia está aqui para nos ajudar a construir laços abundantes! Eu tenho conversas profundas por exemplo por WhatsApp, muitas vezes assíncronas, mas transformadoras com amigos de trabalho. Incluindo gente que mora do outro lado do mundo mas é presente na minha vida de forma intensa. Relacionamentos que me ajudam de verdade a ser mais feliz.
Em outra perspectiva, se eu puder estar perto, não dispenso um café, um almoço, uma troca olho no olho. No presencial, hoje troco as reuniões de trabalho que muitas vezes pouco somam na qualidade das tarefas em si, por interações humanas diversas que geram impacto gigante nas relações. E me fazendo vivenciar doses de felicidade genuína, sem a qual não saberia viver especialmente no trabalho.
*Para saber mais obre a pesquisa de Harvard: Study of Adult Development
Leadership Development & Wellbeing Strategist
1 aSempre essa mulher de tantos conhecimentos, referências e vivências! Sempre saio mais rica depois de nossas interações, seja com conhecimento novo, com insights, com uma palavra de incentivo, uma provocação impulsionadora... obrigada!!! 😘
Strategic Communication & Content Marketing Expert | Purpose-Driven Storyteller | ESG and Diversity Advocate | Crafting Authentic Connections for Positive Business Impact
1 aParabéns pelo artigo, Renata Mello Feltrin! Muito pertinente e bacana.
Content Strategy Manager | Conectando criatividade e comunicação
1 aA dica que eu mais aprendi nesses últimos tempos foi a segunda: cada relacionamento (seja pessoal, seja profissional) é construído aos poucos, tijolinho por tijolinho. Dá trabalho, mas vale muito a pena! ❤