FANATISMO, VALORES E A COMPREENSÃO DA DIVERSIDADE
Família é um extraordinário ambiente que cada pessoa humana tem para ser despertado para os valores: amor, dignidade, humildade, respeito, diálogo, tolerância, amizade, cooperação, solidariedade e outros, entretanto, valor não se impõe, mas faz parte da essência humana, contudo, se observa o comportamento de cada pessoa humana e a orienta, motiva e a entusiasma para que seja desenvolvido da melhor forma possível, porém, é a partir da liberdade que cada um tem para se conscientizar da importância dos mesmos e passar à vivenciá-los para viver melhor, consigo e com os outros, sendo um processo saudável e de desafio constante ao longo de toda a vida.
Quero aproveitar este espaço para dar o meu testemunho de um fato específico da minha vida e oportuno para este momento, com relação aos valores e a oportunidade que tive para desencadear o processo de conscientização dos valores oferecida pelo Antônio Carlos Verardi, meu tio (irmão de minha mãe Julieta). No início de minha adolescência, por volta da década de 1970, estava começando a trilhar um caminho não muito saudável, ser fanático pelo clube que torcia, o Sport Club Internacional de Porto Alegre (RS). Tal fanatismo era recente e era insuportável ver o meu time perder um jogo, o que dirá um GRENAL ou o título do campeonato gaúcho (é o que se dava mais importância na época), entretanto, tal mal que fazia era apenas para mim mesmo, pois ficava emburrado, sofria, perdia foco e atrapalhava. Meu pai preocupava-se com isso. Pedia e aconselhava, exaustivamente, para deixar deste “fanatismo”, pois além de fazer mal para mim, poderia, num futuro próximo, a fazer parte do meu comportamento e atrapalhar na convivência social e nas minhas relações profissionais. Nada bom! No ano de 1976 meus pais me propuseram estudar em Porto Alegre (RS), evidentemente que aceitei, foi excelente e por diversas razões, sendo que uma delas a oportunidade de compreender o que meu pai tanto aconselhava, ou seja, deixe deste fanatismo, torça, vibre, mas ao terminar o jogo, acabou. Bola pra frente, dizia ele. E qual foi a oportunidade? Bom, como estudante fora de casa, nada melhor que “filar a bóia” na casa do irmão e dos tios. Em um sábado, quase de costume, estava na casa de meu tio Antônio (Seu Verardi) e tia Carminha, “filando uma bóia” e após o almoço o tio Antônio convidou o seu filho e a mim para assistir o jogo no Olímpico entre o Grêmio e São José pelo campeonato gaúcho. O tio Antônio era naquela época o Gerente Geral deste Clube de Futebol. Meu primo tinha compromisso para aquela tarde, mas eu aceitei o convite, pois era uma oportunidade para se aproximar e aprender com um tio, conforme recomendação dos meus pais, que, digamos assim, pouco conhecia, mas o admirava. Era a primeira vez que iria assistir a um jogo no Olímpico, conversávamos e estava muito atento, mas confesso que querendo entender o que me reservava àquela tarde. Lá pelas tantas, conversa vai conversa vem, ele começou a falar do seu trabalho, estava apreensivo, preocupado, pois o Internacional estava naquele ano de 1976 muito bem, já era heptacampeão gaúcho e se encaminhando para o octacampeonato. O Grêmio precisava vencer o São José para continuar vivo na competição. Mas o tio Antônio, sem saber, externou algo que me fez compreender os conselhos de meu pai quanto ao fanatismo, que me sensibilizou profundamente, me fazendo enxergar um clube de futebol como uma organização que é composta, antes de tudo, por pessoas humanas que trabalham em diferentes áreas, dando o melhor de si para que possibilite o time vencer, e ao mesmo tempo, que precisam receber pelo que fazem para manterem suas famílias com dignidade, independente de camiseta, cor e bandeira, entretanto, precisavam de resultados positivos para ter bilheteria, casa cheia de torcedores, vibrantes, e assim, honrar tais compromissos ao final do mês com todos os colaboradores (jogadores e funcionários) e fornecedores do clube. Pois, era preciso avançar, como é o desejo de qualquer organização. Fiquei impressionado com a conduta humana e profissional deste Gerente Geral, “Seu Verardi”, do Grêmio Foot-Ball Porto Alegrense, pelo que ele expressava para mim, indo de encontro com os valores dos quais acreditava e inclusive muitos anos depois, no ano de 1997, na pós-graduação de marketing, na ESPM, em Porto Alegre (RS), fizemos um trabalho em grupo junto ao Grêmio no módulo “Fator Humano como Diferencial Competitivo”, o que foi possível constatar na prática deste clube que o que ouvira de meu tio há praticamente 21 anos atrás se fazia efetivamente. Voltando para aquela tarde, sábado do ano de 1976, o Grêmio venceu o jogo e meu comportamento neste jogo foi em não “secar” e não torcer, pois estava muito feliz com tudo que havia escutado e o tio que passei, de fato, a conhecer. Entretanto, não deixei de torcer para o Internacional, que naquele ano que morei em Porto Alegre (RS), fui em praticamente todos os jogos do Internacional, tornando-se octacampeão gaúcho e bicampeão brasileiro. Tinha excelentes jogadores, mas o que encantava era as habilidades individuais atrelada a um espírito de equipe, sendo vivenciados todos os valores como amizade, cooperação, solidariedade, fraternidade de toda a equipe e os torcedores, pois estes jogavam junto com o time. Este esporte coletivo neste ano me proporcionaram aprendizados inesquecíveis e que contribuíram para o fortalecimento de minhas convicções, além dos estudos que lá fiz. Aprendi muito!!! O risco de fanatismo foi desaparecendo ao natural, dando lugar, rapidamente, dia a dia, para os valores dos quais acreditava (e que acredito) e começar a compreender, amadurecer e a vivenciar sobre o valor da diversidade.
Passei a ser um torcedor que gosta de ver num jogo de futebol um espetáculo, não apenas como jogo de uma determinada competição, mas como são utilizados os valores humanos como estratégia para tal jogo e observar a alegria da torcida. Caso isto não aconteça, frustra as expectativas. Alguém tem que vencer, não tem como dois serem campeões, então, de preferência, que vença aquele que mais encanta como arte do bem viver. Assim, adoto, como critério, ser torcedor do fator local, depois estadual, neste, para o Internacional, e caso não esteja no confronto direto, torço para o Grêmio ou outro clube do Rio Grande do Sul, da mesma forma a nível federal, desde que não seja confronto direto com o meu clube. Lá no início da minha adolescência era inadmissível tal comportamento. Se um clube de futebol é uma organização como qualquer outra, veja quantas oportunidades para o Rio Grande do Sul e Brasil, para promover comportamento de alegria, cidadania, dignidade da pessoa humana, valor social do trabalho, paz e elevar à soberania nacional, através deste esporte coletivo que é muito apreciado em nosso país, sendo possível despertar os torcedores/trabalhadores/empreendedores para os valores humanos e o respeito pela diversidade, agregando à gestão das organizações, pois “...o corpo (Estado do Rio Grande do Sul) é um e, não obstante, tem muitos membros (pessoas humanas, cidadãos, profissionais, trabalhadores, empreendedores, organizações/clubes, torcedores, contribuintes, Municípios e o meio ambiente), mas todos os membros do corpo, apesar de serem muitos, formam um só corpo (Rio Grande do Sul).”. Esta compreensão possibilitará uma “Economia Abundante, de Alegria, de Vida para Todos e de Paz – a Sustentabilidade”.
Parabenizo meu tio com o lançamento de seu livro na Confraria do Grêmio em Passo Fundo (RS), dia 15 de junho de 2018 - “SEU VERARDI E O GRÊMIO: UMA HISTÓRIA DE AMOR”, ou seja, um relacionamento de uma pessoa humana com uma organização, para a construção de um projeto de vida através de um valor humano, amor, e se ama, todos os valores são contemplados nesta relação. Desafios ao longo de 53 anos de dedicação de uma pessoa humana e profissional em uma época que vem sendo dado pouco valor às instituições. Exemplo para muitos, tanto do “Seu Verardi” como a organização que trabalha, o Grêmio!!!! Estiveram muitos nesta noite de autógrafo, como torcedores, a Família e amigos, prestigiando um cidadão passo-fundense que vem contribuindo com a história no Rio Grande do Sul. Parabenizo, também, o Grêmio, não somente como organização, mas pela justa homenagem que prestou ao “Seu Verardi” no lançamento do seu livro na Arena do Grêmio em Porto Alegre (RS) e na Confraria do Grêmio em Passo Fundo (RS) neste mês de junho.
Vou ler o livro, quero conhecer ainda mais o meu tio que vem vivenciando a cidadania para com seu Estado, Rio Grande do Sul, e país, Brasil, pois todas às vezes que esta organização/clube conquistou uma determinada competição, promoveu oportunidades para o Estado, e quando no cenário global, também, para toda a nação brasileira. Muito obrigado "Seu Verardi"!!
Alegria e Paz!!!