SABBATICALI: O QUE POSSO, DEVO E QUERO FAZER
Dos gramados dos campos de futebol ao comando de uma multinacional, chega a hora de eu me reinventar como profissional
por Marcelo Rezende
Não preciso nem fechar os olhos para sentir o cheiro do orvalho que enchia meu peito de entusiamo e conforto nas manhãs de sábado quando, na minha infância, acordava cedo para ir ao campinho de futebol. Tinha aroma de certeza, de que fazia a única coisa que poderia, deveria e, de fato, queria fazer.
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Na minha família, ninguém era muito dado a esportes coletivos e todos achavam que era coisa de criança aquela dedicação louca que eu tinha, de jogar bola todos os dias depois da escola, de tarde e de noite, e ser o primeiro a chegar aos treinos de fim de semana. Mas não era: como tantos outros garotos, sonhava em ser jogador profissional.
Participei da minha primeira competição oficial aos nove anos de idade, em um campeonato de Ilha Solteira, cidade do interior de São Paulo onde nasci e cresci. Apesar da pouca idade, consegui me qualificar para integrar um time formado por jogadores mais velhos, todos na faixa dos 12 anos. No fim do torneio, meu time saiu vencedor e minhas pernas finas e estatura inferior à dos meus colegas chamaram a atenção da imprensa. Virei manchete do jornal.
A fama não passou disso. Já adolescente, perdi um ano na escola e, por ordem dos meus pais, segui a um intercâmbio nos Estados Unidos para que, assim como meu irmão mais velho fizera três anos antes, eu voltasse de lá já com um emprego garantido, tendo como a língua inglesa um diferencial competitivo.
Troquei a chuteira pelo sapato social logo que entrei na primeira turma de Comércio Exterior, no começo da década de 1990. Depois de quase dois anos de estágio pela Philco, consegui meu primeiro emprego em uma empresa de TI, a Cabletron. Naquela época, a abertura comercial feita pelo então presidente Fernando Collor de Melo ainda era um vislumbre, mas já conseguia sentir a oportunidade.
A mudança do campo para o ambiente corporativo não afetou meu jeito: mesmo sem o cheiro de orvalho, lá estava eu no escritório antes de todo mundo, todas as manhãs. Dez anos e sete mudanças depois, entre Brasil e exterior, cheguei à liderança da unidade brasileira. Na última década, tive a oportunidade de dirigir a Enterasy Networks, BMC Software e Anixter, uma experiência fantástica, que muito acrescentou ao meu conhecimento pessoal e profissional.
Nunca tive problema para acordar cedo. Sempre me levantei antes de o despertador tocar e, todas as vezes que esse entusiasmo me faltou, busquei caminhos alternativos. Um deles veio em 2013, quando comecei a planejar um período sabático, para mim e minha família, e escolhemos os Estados Unidos. De olho nos próximos 20 anos, vi a necessidade de me reciclar como gestor, movido, principalmente, pelo impacto de dois movimentos no ambiente corporativo: o conflito entre gerações e a tendências altamente disruptivas da tecnologia. Muitos paradigmas serão quebrados em um futuro próximo. Encontrei na Universidade da Califórnia (UCLA) uma pós-graduação em administração com foco em empreendedorismo que me ajudaria a entender melhor essas mudanças.
Já minha esposa, Juliana, advogada de formação, tinha o sonho de se tornar chef de cozinha e fazer uma especialização na renomada escola francesa Le Cordon Bleu, que tem uma unidade na Califórnia. Meus filhos, com dez e sete anos, poderiam usufruir de uma temporada em escolas norte-americanas, o que ajudaria em sua formação e desenvolvimento pessoal.
Em 2014, nasceu o projeto Sabbaticali, uma palavra que nós inventamos, misturando o termo sabbatical, ou sabático, com as primeiras letras de Califórnia, nosso novo lar. Aqui, em Los Angeles, continuo acordando cedo, antes de todo mundo. O cheiro do café que preparo todas as manhãs para a Juliana e as crianças não se parece em nada com o da grama molhada do campinho de futebol, mas me traz a mesma sensação: entusiasmo, conforto e a certeza de que estou fazendo a única coisa que posso, devo e, de fato, quero fazer neste momento.
A foto aí de cima foi tirada por mim mesmo. São meus filhos, já aqui em solo norte-americano
Multinational Retail Executive
9 aOlá Marcelo, quando começamos a trabalhar e ter muito sucesso, acabamos nos dedicamos cada vez mais e acumulamos muita responsabilidade, viagens, reuniões, almoços e jantares de negócios, etc... O que não nos deixa muito tempo para ver que a vida também está passando mais rápido e o tempo para os amigos, para a família e para você mesmo ficou bem reduzido. De repente você se dá conta que seus filhos já cresceram e você não tinha percebido. É meu amigo o tempo passou !. Ai começa a pensar em dar uma parada e repensar o que quer fazer na segunda metade da vida. Uma decisão muito importante e nada fácil, pois é sair da zona de conforto para algo desconhecido.Ter tempo para pensar e fazer o que bem entender, ficar mais tempo com os amigos, com a família e filhos, passear, viajar, fazer aquela meia maratona que pensava que nesta vida não seria possível, etc... Neste parada você se dá conta que o trabalho é fundamental pois sempre tivemos uma dinâmica de trabalho muito forte e que é impossível ficar parado más, é necessario um melhor equilbrio entre o trabalho, amigos, família e o tempo dedidicado a você mesmo. Pode demorar um ano ou até um pouco mais más, com certeza este segundo tempo será disfrutado com muito mais qualidade e prazer na sua vida, afinal voce merece.
Telecom and Networks Manager or Sr Telecom Analyst or Consultant or Project Manager (available for job opportunities).
9 aMarcelo...admiro sua coragem e a cumplicidade de sua família. Virar o jogo da vida, destruir paradigmas, que ao longo da vida estabelecemos, é fator obrigatório para nossa realização pessoal, profissional e familiar. Parabéns meu amigo...vida longa e próspera!
IT Network and Cloud Consultant
9 aRezende, tive o prazer de te conhecer e trabalharmos juntos, e pude conhecer um pouco de seu talento e liderança ao longo da Anixter TB. Parabéns pelas conquistas e muito sucesso!!! Abs. Otto
Empreendedor, gerenciamento de facilities, engenharia, operações, finanças, administração de propriedades, esg, real estate, manutenção, comissionamento, missão crítica, auditoria / inspeções.
9 aFelicidades! Abs
Diretor de Operações na FM Security System
9 aMarcelo, pude ter o prazer de conhece-lo e mesmo que indiretamente trabalhar contigo no período que esteve a frente da Anixter. Sempre admirei muito o seu trabalho e seu comprometimento com tudo. Muita sorte à vocês todos e muito sucesso. Grande abraco!!