Faz 17 anos que tento entender isso na criação dos Estoques de Segurança
Nos últimos 4 artigos falei sobre quatro pontos importantíssimos que você precisa saber para construção do estoque de segurança:
1. Fórmulas encontradas nos livros não funcionam se aplicadas sem critério.
2. Construa uma base de dados para conseguir simular e visualizar o todo.
3. Entenda o seu modelo de negócio.
4. Classifique os itens.
Recomendo fortemente a leitura dos últimos quatro artigos, assim você terá uma visão mais detalhada destes pontos.
Vou deixar os links dos quatro artigos no final, vou deixar também o artigo de introdução sobre os Estoques de Segurança.
Neste artigo vou tratar do quinto e último ponto importantíssimo que você precisa ter em mente para modelar o estoque de segurança. Claro que tem dezenas de pontos a considerar, mas estes 5 são mais do que suficientes para mudar a sua realidade em relação aos Estoques de Segurança.
Não tente entender a calda longa.
Este conceito descreve o final da curva, itens com pouca representatividade individual nas vendas, por exemplo. O desvio de vendas tem muita representatividade na modelagem dos estoques de segurança, com certeza não pode ser avaliado isoladamente, mas a ideia aqui não é olhar para outras variáveis. Os itens do final da curva, aqueles com pouca venda, o contrário do 80/20, estes itens têm muita variação nas vendas e isso gera muita distorção nos modelos de estoque.
Se você utilizar o desvio nas vendas na modelagem você terá itens com 220 dias de estoque, itens com 62 dias de estoque, itens com 92 dias de estoque etc. Além disso o comportamento do item é tão estranho que aquele item com 220 dias no modelo de estoque estruturado hoje pode apresentar uma necessidade de 92 dias na próxima atualização do modelo de estoque.
Não tente acertar a demanda destes itens, não tente entender esta variação, não tente estruturar um modelo de estoque levando isso em consideração. Com certeza você terá problemas nesta modelagem.
Mas qual a solução? Você precisa modelar o estoque como um todo, desenhar sua estratégia de estoques conectada com diversas frentes, modelagem de lotes, modelagem da frequência de produção, modelagem da frequência de compra, modelagem da frequência de abastecimento etc. A conexão destes modelos vai possibilitar projetar os estoques de acordo com a capacidade de capital de giro e espaço físico da empresa. Toda empresa possui limitações de capital ou espaço, se não houver limites com certeza a empresa terá problemas financeiros. Dado que existe limitação a modelagem dos estoques precisará ser estruturada de uma forma que você consiga proteger os itens da calda longa por faixas:
Faixa 1: 45 dias de proteção
Faixa 2: 90 dias de proteção
Faixa 3: 120 dias de proteção
Faixa 4: 240 dias de proteção
Dentro das faixas você consegue compor um grupo de variações e isso trará mais estabilidade para a modelagem. Mas vai demandar muito capital de giro e espaço, esta pode ser a sua afirmação. Por isso a modelagem precisa avaliar o todo, os itens com maior representatividade e baixa variação na demanda terão uma proteção menor e compensarão a necessidade de capital de giro para os outros da calda longa.
Resumindo então, dica número 5: Não tente entender a calda longa.
Este é o artigo com a dica final da semana para estruturar um estoque de segurança da forma correta. Na próxima semana trarei um tema novo extremamente importante para seu desenvolvimento.
Tem dúvidas sobre a construção do estoque de segurança?
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Abaixo estão os links dos artigos que prometi no início:
Engenheiro de Produção | MBA Executivo Supply Chain Management | Black Belt LSS | Gestão de Pessoas | Gestão de Negócios | FSSC22000
4 aEntendo que esses itens além de MTO, deveriam ser entregues via FOB e, ainda, negociados com um MOQ capaz de minimizar os impactos de sua produção na fábrica. Sei que no mundo real talvez não seja tão fácil assim mas, a não ser que esses itens entreguem margens extraordinárias, ou sejam estratégicos à companhia, não me cansaria até que conseguisse tirar os mesmos do portifólio e acabar com o problema na raiz! Parabéns pelos conteúdos!
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4 aMarcel Alonso de Souza , pra esses casos não seria melhor mudar a estratégia e oferecer esses itens como MTO (Make to Order), considerando o lead time mais longo da cadeia de suprimentos desses itens? No caso da indústria alimentícia, por exemplo, onde em alguns casos o produto já sai da linha de produção com o "shelf life" avançado, é muito complicado trabalhar esses itens em MTS (Make to Stock) e não gerar prejuízos por obsolescência.