FESTA DO DEZ
Lembro que havia duas festas por ano lá na Capela Santa Luzia, no quilômetro dez da estrada Marialva. Uma festa era no mês de maio e a outra era no mês de outubro. Estas datas eram muito esperadas por todos ali da região da Capela Santa Luzia. Mas vinha gente de longe, além da água Marialva, onde nós morávamos, também vinha da água Keller e de muitas outras. Vinha gente da cidade de Marialva, dos distritos de Sarandi, Santa Fé, de Aquidaban, de São Miguel do Cambuí, de um lugar chamado quinze, que ficava perto do distrito de Sarandi, de outro lugar chamado araripa, da venda do nove na estrada Caranã, da venda do oito, que ficava ali pertinho, vinha todo mundo, até de Maringá. Era uma festona.
O preparo para a festa começava muitos dias antes, até mais de um mês antes do dia da festa. Formava-se uma comissão que era a responsável em organizar a festa. Eram os chamados festeiros. Corria-se uma lista pelos sítios da redondeza pedindo prendas para a festa. Os sitiantes davam leitoas, frangos e tudo que podiam. A lista passava bem antes do dia da festa, na semana da festa voltavam recolhendo as prendas doadas pelos sitiantes, que eram muitas. Todos queriam ajudar e ajudavam com alegria.
Matavam também vários bois. Era um grande churrasco, com um espeto generoso de churrasco fincado sobre uma enorme mesa de madeira. Era fartura total e muita alegria. Muita música. Todos conheciam todo mundo.
A festa durava três dias. Já começava na sexta-feira à noite, continuava no sábado com um grande baile, num salão enorme ao lado da Capela Santa Luzia. No domingo de manhã tinha missa na capela e logo após começava o churrasco. Os churrasqueiros eram todos da comunidade, que preparavam tudo, durante vários dias, tudo gratuitamente, voluntariamente, só pela amor a festa. Meus primos Osvaldo Rabassi, que era conhecido por Vardo(foto acima) e o seu irmão Elcio Rabassi, que era conhecido por Ercio, eram alguns dos grandes festeiros. Eram festeiros dos bons. Eram muitos os festeiros. Eles eram os churrasqueiros da festa. Ficavam todos os dias da festa cuidando de assar a carne que era muita.
No domingo a tarde havia um torneio de futebol, num ótimo campo que havia ali ao lado do salão de festa. Dava grandes jogos, com muitas torcidas em volta do campo. Vinham times de toda a região. Eram bons times. O dez tinha um excelente time de futebol e uma grande torcida. Meus primos eram alguns dos principais jogadores do time. Era muita festa e alegria pura.
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Eu era menino ainda. Lembro destas festas do dez. Meus tios também ajudavam a servir nesta festa. A minha família, assim como todos os nossos vizinhos do sítio estavam todos lá.
Como esquecer?
Memórias afetivas, eternas.
Eu sei o que sou pela memória de mim.