MEU PAI E AVÔ

MEU PAI E AVÔ

Na minha vida a referência sempre foi meu avô Santo Caleffi. Ele era um figura enigmática. Era um italianão do norte da Itália, da comuna de Poggio Rusco, província de Montava, região da Lombardia, vindo no ano de 1898 para o Brasil, desembarcou com seis anos de idade no porto do Santos, junto com seus pais Teodoro Caleffi e sua mãe Vincenza Bastasini Caleffi e mais cinco irmãos, três meninos e duas meninas, no dia dezenove de outubro de 1898 e depois de ficar uma semana na Hospedaria do Imigrante, no bairro do Brás, na capital paulista, foi para o estado de Minas Gerais, para o município de Monte Santo, sul de Minas, trabalhar numa fazenda de café. Ficou muitos anos ali nesta fazenda de Monte Santo. Teve mais três irmão ali, um menino e duas meninas. Viveu ali sua criancice, juventude e inicio de sua vida adulta. Casou-se ali com Genoveva Bonato, uma italiana como ele, teve dois filhos, um menino e uma menina. A menina faleceu. Ficou viúvo de Genoveva Bonato e casou-se novamente com outra italiana, Maria Uzae, mas agora vinda da Ilha da Sardenha, teve ali quarto filhos deste novo casamento. Sempre foi um eterno migrante. Mudou-se para uma outra fazenda de café, agora para o município de Guaranêsia, ainda no estado de Minas Gerais. Depois, nesta vida de eterno migrante, migrou para o estado do Paraná, uma nova fronteira agrícola. Primeiro para o município de Cornélio Procópio, depois para para o município de Cambé e por fim para o município de Marialva, enfim no seu pedaço de chão, onde nasci.

Ele era alto, forte, loiro, de olhos verdes, cabelos claros, carismático, líder nato. Falava pouco. Decidido, estava sempre em movimento.

Meu pai, Inisio Caleffi, era alto, moreno, cabelos pretos, olhos pretos, puxou para minha avó Maria Uzae Caleffi, que como toda sardenha era morena, cabelos pretos, olhos pretos, era linda. Eu o amova muito, o admirava, era sem dúvida uma referência para mim, ainda é, mas ele estava sempre doente, não do corpo, mas da mente, eu nunca soube o que ele tinha direito, mas era um desequilíbrio mental, sofria muito com isso. Ele era muito amoroso. Eu o amava e amo muito, para sempre. Ele faleceu muito novo com apenas quarenta e seis anos de idade, eu tinha treze anos.

Aos poucos como que devagarinho, como um dor que vem picando devagarinho, a saudade dele me invade a alma inteira, tudo me parece perdido, muito longe, um mundo que não pode mais voltar.

Meu avô, Santo Caleffi, no seu silêncio, paterno, sua atitude, como figura central, passou aos poucos a ocupar seu espaço, espaço de pai, além de avô, de figura de pai. Meu pai era frágil, apesar de forte, grande, alto, bonito, necessitava de cuidados. Eu do meu jeito de menino cuidava dele. Eu o amava muito no seu jeito de ser, na sua fragilidade.

Meu avô, Santo Caleffi, era minha referência e segurança e é até hoje.

Ah!, quanto amor, impossível de descrever, ultrapassa todas as palavras, para esses dois homens de minha vida, eterno, referência para sempre, determinou meu jeito de ser.

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