Fure a Bolha, Liberte-se.

Fure a Bolha, Liberte-se.

Vivemos em um mundo com quase 8 bilhões de habitantes, e todos estão conectados, e de uma maneira ou de outra se influenciam, no entanto, um círculo menor de pessoas nos impacta mais, ele se apresenta no trabalho, na igreja, na escola, na família e nos amigos.

     Certos círculos de convívio formam um microuniverso, alguns utilizam a palavra “bolha” para descrever aquele que “cega” seu membro, lançando-o à uma visão muito particular do todo.

Os microuniversos são comuns e fazem parte de todo ser humano, como diz a expressão em latim que se aprende nas escolas de direito, “Ubi homo ibi societas”, onde o homem se apresenta, se apresenta também uma sociedade, pequena ou grande, justa ou injusta, livre ou opressora, enfim, uma coletividade seja com sua dinâmica funcional ou disfuncional, mas própria.

           A questão que merece uma análise fenomenológica repousa quando um microuniverso se torna uma “bolha”.

           Caro leitor, você já se sentiu com seus horizontes “encurtados”? Já sentiu como se estivesse em uma redoma que lhe proporciona tudo, inclusive a sensação de que não há nada fora dela, a não ser dores, perigos e ranger de dentes?

           Respondendo a “sim” a estes simples questionamentos, existe uma chance razoável de você ser um habitante de uma “bolha”.

           Mas, se tu és feliz na “bolha”, por que mudar?

           A discussão sobre o que é felicidade, ainda encontra muito campo fértil para investigações e discussões ontológicas, como Aristóteles apresentou no livro “Ética a Nicômaco”, a felicidade difere de homem para homem, na visão Aristotélica pode-se ter 3 (três) tipos de vida: (i) a vida dos prazeres, que limita-se a satisfazer as necessidades da carne, e no mundo moderno de hoje, podemos ampliar para os prazeres materiais incluso; (ii) a vida política que repousa na busca honra pelo convencimento de outrem e (iii) a vida contemplativa, que para Aristóteles constitui no modo de viver que traz a Suprema Felicidade, pois só consegue-se dar luz as virtudes, quando se parte da alma, buscando as coisas dentro e não fora de si mesmo.

No meu livro “7000 dias de Liderança” (VIANA, 2018), me arrisco a comentar sobre a felicidade, indicando que é um estado temporal, que não se eterniza, se conquista a cada momento, torna-se real dentro da sua intangibilidade quando a alegria se faz carne, de uma forma que a carne logo seja dispensável perante a vivência que se faz espírito.

A alegria que precisa exclusivamente da carne para existir por mais que algumas horas, traz uma felicidade rasa, efêmera e limitada à régua do tempo. Aquilo em que o tempo é senhor absoluto, dissipa-se como plumas ao vento.

           Repousa na discussão dos três últimos parágrafos o perigo de viver em uma “bolha”, o de encontrar uma felicidade rasa, advinda de uma vida limitada, voltada aos prazeres, ou à política da organização que estejas inserido.

           Fure a “bolha”, seja revolucionário consigo mesmo, ou, como Aristóteles falava, viva uma vida contemplativa, sendo fim em si mesmo, pois não se visa aos seus resultados, mas ao seu exercício virtuoso de fazer, e estar BEM.

           “Amanhã então irei procurar um novo emprego”, pode pensar um leitor apressado, mas não funciona assim, as vezes a mudança até que passa por trocar de emprego, de prédio ou rua onde mora, e até mesmo de companheiro ou companheira, no entanto, é  importante não esquecer que a felicidade difere para cada ser humano, daí a importância de se conhecer, de se enveredar em uma jornada de autoconhecimento, na busca das suas virtudes, e uma vez percebendo-as, exercitá-las, e tal exercício pode ocorrer na sua “bolha” atual, mas que passará ser uma outra coisa, passará a ser um coletivo, uma sociedade, dona de atributos que a tornem um fenômeno positivo para sua vida.

           A palavre “Liberdade”, tem como origem o latim “libertas”, que significa a condição do indivíduo que possui o direito de fazer suas próprias escolhas.

           A “felicidade” e a “liberdade” no conceito aristotélico da vida contemplativa, andam juntas dentro do ser, e não do “poder” ou do “ter”, por aí se tem uma fumaça do bom caminho: “Ser” mais em si mesmo e “Ter” menos para os olhos do outrem.


Referencias:

Aristóteles, "Ética a Nicômaco", Tradução Maria Stephania da Costa Flores, Editora Principis, 2021;

Viana, H.R.G., "7000 dias de Liderança", Editora Labrador, 2018.

Cyntia Silva

Pós Eng de Minas | Engenheira Civil | Operação de Mina | Usina | Infraestrutura

1 a

Excelente!! Conhece-te, aceita-te, supera-te!! 👏 👏 👏

Leonardo Filho

Coordenador de Confiabilidade e Engenharia | Consultor de Engenharia e Manutenção | Especialista de confiabilidade | Especialista de manutenção

1 a

Quando leio o livro "7000 dias de Liderança" sinto algo verdadeiro e me traz excelentes lembranças de uma época em que pude viver com meus conterrâneos em um ambiente que o "menor era grande e valorizado". Tempo bom que não volta... Nostalgia pura prof. Herbert.

Davi Alves Soares da Silva

Supervisor de Manutenção e PCM | Especialista em Manutenção | Engenheiro de Manutenção | Analista de PCM e Manutenção | Supervisor de Manutenção Automotiva

1 a

Belo artigo! Me recordei de Santo Agostinho.

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