FUTURE TRENDS BINGO: quantas você conhece?
O início do ano é a melhor época para aqueles que tentam constantemente entender quais são as tecnologias e tendências estão mudando profundamente o mundo. Consultorias como Fjord e Trendwatching já publicaram seus relatórios e apostas sobre o que nós deveríamos olhar com atenção em 2019. Um report de tendências pode ser encarado como um "bingo" onde termos como privacidade, dados, inteligência artificial, e blockchain aparecem constantemente (e que mais do que nunca você deveria entender o impacto).
Minha proposta neste artigo é olhar para algumas tendências e mudanças inevitáveis que vão além de 2019 mas que não estão tão distantes assim de se tornarem parte do bingo de tendências que todos deveriam saber.
Quantas você já conhece?
Food waste: um novo segmento de unicórnios está por vir
Esqueça as fintechs. Os novos unicórnios serão empresas que se concentrarão em como diminuir o desperdício de comida no mundo. Somos 7.6 bilhões de pessoas no planeta hoje. Cerca de 815 milhões de pessoas, ou seja, quase 11% sofrem de desnutrição crônica. A questão não é que falta comida, mas que na verdade desperdiçamos de maneira irresponsável uma boa parte dela. Só em 2015 foram $218 bilhões de alimentos bons indo para o lixo!
Uma onda de empreendedores e investidores têm olhado de perto esse problema. Só nos 10 primeiros meses de 2018 foram feitos $125 milhões em investimento privado na área segundo o report publicado pelo ReFED.
As soluções são as mais criativas e disruptivas. Por exemplo, a startup Apeel Sciences desenvolveu um produto para ser aplicado em frutas e verduras que funciona como uma segunda pele, evitando que os alimentos percam sua aparência fresca e qualidade com o tempo. Marketplaces para B2B como Food Maven e Full Harvest se especializaram em vender alimentos com uma aparência ruim, mas que ainda possuem qualidade para serem consumidos e já levantaram $8.5 milhões em investimento cada um. O app Karma criou um ecommerce para vender a comida que sobra em restaurantes e cafés e que iriam para o lixo no final do dia oferecendo um preço mais barato. E se o preço da comida ficasse mais em conta à medida que a data de validade estivesse chegando? A startup Wasteless criou uma solução baseada em machine learning para oferecer preços dinâmicos e entendimento da cadeia para mercados.
Combater o desperdício de comida através de soluções inovadoras trará um impacto positivo no mundo.
Realidade Virtual: reinventando a educação
É um consenso que o acesso à educação pode revolucionar o mundo. Centros de EAD permitiram que qualquer pessoa de qualquer lugar pudesse ter um ensino de qualidade acessando a internet. Os métodos tradicionais de educação que conhecemos já viraram coisa do passado. Cada vez mais a forma de aprender está se tornando mais digital e facilitada pela tecnologia. Provavelmente as Edtechs movimentarão $252 bilhões, e realidade aumentada na educação alcançará 1 bilhão de usuários em 2020.
Realidade virtual na educação promete revolucionar a forma que aprendemos sobre o mundo.
Quando falamos de VR na educação precisamos considerar um oportunidade de trazer um tipo de aprendizagem construtivista, ou seja, permitindo que os alunos ganhem conhecimento com base em experiências cheias de significado. Imagine aprender história visitando Robben Island, a prisão onde Nelson Mandela passou 17 anos na África do Sul e escreveu grande parte das suas ideias. Ou aprender mais sobre a espada japonesa Inariyama e toda a sua história em um tour interativo. Essas e outras experiências são acessíveis em VR usando um smartphone e um Google Cardboard de $5 através do projeto Art&Culture do Google. Algumas universidades nos EUA já usam VR em cursos de medicina para simular cirurgias e assim ajudar os alunos a aprender na prática evitando erros médicos na vida real.
Se a internet rompeu as fronteiras do mundo, VR na educação irá cada vez mais levar alunos a lugares e experiências que eles nunca teriam acesso antes.
Soft Skills: it's not about coders, it's about creatives
Quais são as skills que devemos começar a prestar atenção em um futuro não muito distante? Durante muito tempo eu imaginei que saber programar seria a habilidade essencial que todos deveriam saber pelo menos um pouco (e me sentia frustrada por nunca ter dedicado tempo o suficiente para aprender). Afinal, no momento em que vivemos onde grande parte dos serviços que temos viraram plataformas, não saber codar pode significar um certo nível de analfabetismo moderno.
Um time de pesquisadores do departamento de energia do Oak Ridge National Laboratory acredita que até 2040 machine learning e tecnologias de processamento de linguagem natural serão tão avançadas que elas serão capazes de escrever código de programação melhor que nós e mais rápido que desenvolvedores humanos. A Deepcoder, desenvolvida pela Microsoft e acadêmicos da universidade de Cambridge, já está fazendo os programadores temerem seus trabalhos. Deepcoder cria novos códigos unindo pedaços de códigos já desenvolvidos, assim como qualquer programador faria. Em um mundo onde hard tasks podem ser substituídas por automação, cada vez mais soft skills como criatividade, empatia, inteligência emocional, resiliência, e liderança serão usadas para resolver problemas complexos.
Um novo tipo de antropologia: computational anthropology
Que nós nunca produzimos tantos dados nos últimos tempos não é novidade para ninguém. 2.5 quintillion bytes de dados são criados por dia. Somos mais de 3.7 bilhões de humanos conectados na internet, e 1.5 bilhões de pessoas estão usando diariamente no Facebook. Enquanto isso nós estamos desenvolvendo ferramentas que nos ajudam a processar toda essa informação, tentando tornar esse tsunami de descobertas mais visual e palatável para que possamos tomar decisões mais assertivas. Cientistas de dados são contratados e áreas de Business Analytics são criadas em empresas, afinal, como errar se sabemos cada passo que nosso consumidor pensa em dar?
Computacional Anthropologist serão os profissionais que ajudarão através de técnicas de observação e empatia a entender os comportamentos e motivações das pessoas por trás da enorme quantidade de dados que produzimos. Quando pensamos em análises quantitativas, big data, e estatística dificilmente pensamos em um antropologista. Porém, eles são treinados para entender qualquer tipo de dado. Os antropologistas modernos tirarão insights preciosos e descobrirão padrões sobre a natureza da sociedade trazendo um olhar essencial para entendermos genuinamente quem, quando, e como deveremos agir para melhorar produtos, serviços, e experiências.
O início não é o fim: 3D Printing
Imagine que você está em um voo de São Francisco para Tel Aviv. Antes de embarcar você passou por todo o rígido processo de segurança onde revistaram você e sua mala, cães farejadores tentaram identificar se havia alguma substância não permitida na bagagem dos passageiros, e câmeras de segurança filmaram cada passo seu. Isso tudo não seria capaz de impedir que um passageiros estivesse levando um objeto não identificado que exposto a uma determinada temperatura poderia se transformar em uma arma. Parece surreal? Não necessariamente o início significa o fim. A verdade é que a evolução da impressão 3d está tornando acessível a criação e impressão de objetos de vão de armas à casas, e de certa forma incontrolável onde essa tecnologia irá nos levar.
Impressão 3d teve seu início em 1980 quando Chuck Hull desenhou e imprimiu um copo pequeno pela primeira vez. Para imprimir um objeto em 3d um arquivo digital é criado com o design do objeto e uma impressora adiciona camada sobre camada até que o objeto esteja completo. A maior parte das impressões 3d usam um tipo de termoplástico, mas cada vez mais outros materiais são testados (até mesmo materiais editáveis). Em Moscou, por exemplo, em menos de 24 horas uma casa de 400 metros quadrados foi impressa usando a tecnologia. Qualquer pessoa consegue imprimir uma arma em 3d de plástico usando o design da arma Liberator criado pela Defense Distributed desde 2013. Guitarras, teclados, e violinos são itens impressos em 3d criados pela universidade de Lund na Suécia.
Não existem limites, mas cada vez mais nós teremos que pensar quais as consequências que trazemos na perda das barreiras que impressão 3d traz.
Os novos Job Titles do futuro
Nós discutimos muito sobre como automação será o grande vilão dos empregos. Segundo a BBC, até 2030 serão 800 milhões de trabalhadores que perderão seus trabalhos para robôs.
O que nós geralmente não falamos é de que no meio deste caos nós vemos novas carreiras que não existiam antes. Segundo o Linkedin, uma pessoa terá 15 trabalhos diferentes durante a vida, sendo que 8 deles nem existem ainda.
As 5 tendências que acabamos de conversar são só alguns exemplos de mudanças profundas que teremos nos próximos anos. Engenheiro de desperdício, desenvolvedor de alimentos, líder de programação criativa, design de impressão 3d, coach educação em VR, etc, serão algum dos cargos que ainda vão ser criados. Muito provavelmente os job titles do futuro serão muito diferentes do que temos hoje. O que nos resta é nos adaptar e nos preparar cada vez mais para esse futuro.
Inovação | Planejamento Estratégico | Inteligência de Mercado | Jovem Inovador em ODS
5 aDuda Davidovic lendo hoje seu artigo. Achei fantástico. A parte de antropologia ligado a data foi novo para mim, sem contar as suas referências, startups e estudos de tendências que não conhecia também. Tenho participado de eventos/painéis no Cubo e Inovabra e você está super antenada e atualizada. Meus parabéns. Gratidão por compartilhar seus conhecimentos por aqui. :)
Transformador do mundo com Tecnologia e Operações a Vendas | Mentor | Palestrante
5 aMichelle Santos Correa ☁, leia esse. O primeiro tópico é a sua cara! Continue, não acabou... 💪😃☝️❤️
Postgraduate student in Artificial Intelligence at POLI USP | Founder at VeeCee.ai | Product Manager | Investment Specialist | Crypto Enthusiast | Book Author and father
5 aExcelente texto. Eu também me sinto um analfabeto em código e me sentia mal até ler este artigo. Aposto muito que machine learning+blockchain+redução no desperdício de alimentos será um grande passo!
Software Engineer Manager | Building AprendiZAP @iFood
5 aExcelente texto Duda Davidovic, acredito bastante no "Soft Skills: it's not about coders, it's about creatives"
Merchandising Operations at Tommy Hilfiger
5 aAmei seu artigo, parabéns 👏🏼 Cada dia mais tento aprender a interpretar data em forma de comportamento, mal sabia que estava seguindo pra uma profissão do futuro :)