Geopolitizando I: A Sedução Como Arma

Geopolitizando I: A Sedução Como Arma

Quatro séculos de hegemonia Han trouxeram enorme prosperidade as povos do vale fértil chinês. Tamanho case de sucesso político só voltou a se repetir dois mil anos depois.


Considerada por muitos como era de ouro da civilização chinesa, a hegemonia da dinastia Han causou ondas de revoluções dentro e fora do continente asiático.

Enquanto os romanos usavam certo grupo de religiosos para brincadeiras de gato-e-rato ao vivo, na Ásia, a dinastia Han consolidava seu poder dentro das fronteiras imperiais de então. Sua influência cultural, porém, fora sentida por boa parte do mundo.

Tamanha é a influência da dinastia Han na história que mesmo após dois mil anos após sua queda, seus descendentes ainda chamam a si mesmos de "Han", no que alguns consideram um ato de "reverência" e outros acusam de ser o típico plágio chinês.

O Estado chinês dos dias atuais é uma verdadeira potência mundial em praticamente todos as áreas dignas de estudo, despontando como uma das nações líderes nos setores econômico, militar e cultural. Tal posição privilegiada não fora obra do acaso, muito pelo contrário: o topo da cadeia alimentar era uma posição exclusiva dos chineses até pouco tempo atrás.


Se hoje em dia a China é conhecida pelas suas cópias de qualidade duvidosa, há dois mil anos atrás a situação era outra: todos copiavam os chineses.


Em Geopolítica, a projeção de poder é medida em termos de "dureza".

Apesar de ser o terror do setor "duro" da equação, tal definição cabe como uma luva em mãos diplomáticas.

Hard-power é a forma mais antiga e clara de exibição de poder. Das legiões romanas até as bombas atômicas; o poder derivado da violência é de longe a arma mais usada por pessoas e Estados. A recente marcha russa sob o povo ucraniano é uma demonstração clara de hard-power e também de burrice.

Soft-power é sua contraparte diplomática. Em vez de derramar sangue em terrenos estrangeiros, o soft-power usa da boa e velha propaganda para propagar (sic) uma imagem positiva de um determinado Estado aos quatro cantos do mundo. Filmes Hollywoodianos como Top Gun são exemplos de como é possível vaporizar inimigos sem tirar a bunda da cadeira.


E em vez de obrigar generais a levantar suas bundas de poltronas pagas pelo erário público, a estratégia do "poder mole" emprega armas mais sofisticadas como, livros, músicas e filmes para conquistar o território inimigo.

Tal território não abriga desertos, florestas ou montanhas, pois não é físico.


No Geo das Políticas, os territórios mais cobiçados são corações e mentes.


Após conquistas territoriais avassaladoras, a dinastia Han se encontrava em posse de quantias obscenas de dinheiro e assim como vencedores da loteria, os Han logo usaram sua fortuna para adquirir o melhor nas artes, cozinha, música e tudo o mais que poderia ser considerado como "nobre" na época.

Em pouco tempo, seus enormes palácios encontravam-se decorados com as mais refinadas obras de arte: porcelanas, tapeçarias, quadros, estátuas em bronze e os mais finos tecidos cobriam a nobreza em véus de opulência real.

Tamanha opulência logo chamou a atenção de Estados vizinhos e mesmo aqueles que resistiram bravamente ao avanço da máquina de guerra Han aos poucos cediam seus territórios mais preciosos aos novos senhores do Oriente.


Mesmo os brutais senhores da guerra vizinhos foram pouco a pouco prendendo-se na teia de sedução cultural dos Han.


As batidas dos tambores de guerra foram logo substituídas pelas batidas de corações apaixonados; suas mãos não mais pintavam fronteiras a serem reconquistadas e seus olhos se encontravam hipnotizados pela beleza do mundo Han.

Assim como os mais belos vestidos de seda, os Han cobriam seus adversários em véus de ilusões deliciosamente atraentes.


O jogo da política é extremamente divertido para os vencedores e de jogos os Han entendiam muito bem.

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