Governança Pessoal
AI Midjouney

Governança Pessoal

Vivemos um tempo em que as empresas estão revendo o seu papel na sociedade e acrescentando aos seus objetivos de lucro ações que contribuem para a sustentabilidade do planeta e o bem estar das pessoas. A agenda ESG materializa esta jornada e elevou o famoso “triple bottom line” - desenvolvimento social, ambiental e econômico - a um nível mais estratégico nas organizações, ao incluir como objetivos do negócio não apenas as metas financeiras, mas também metas relacionados a objetivos que envolvem temas como proteção ao meio ambiente, inclusão, equidade e diversidade, dentre outros.


Neste contexto, a Governança Corporativa passou a ser ainda mais importante para as organizações, pois é a base e a infraestrutura para trilharmos uma jornada ESG. Para as empresas maiores, especialmente as de capital aberto, a Governança é um processo natural e obrigatório e é expressa por instâncias decisórias como o Conselho Deliberativo, seus Comitês e a Diretoria Executiva, na filosofia de trabalho traduzida pelo propósito corporativo, Missão, Valores e Visão e em uma série de regras e procedimentos formais que permeiam a organização como o Código de Conduta e Ética, Políticas de remuneração, etc. Afinal, a Governança Corporativa é a forma como as organizações sāo dirigidas, monitoradas e incentivadas conforme a definição do IBGC. Para as empresas pequenas e de médio porte, a boa governança  corporativa também é importante e está muito associada a filosofia e conduta dos acionistas (que normalmente também são gestores) e em instâncias de decisão e regras estabelecidas pela prática que nem sempre sāo formalizadas. 


No fim das contas, além de implantarmos a jornada ESG de cada empresa, o que desejamos com uma boa Governança Corporativa é aumentarmos o valor do negócio, diminuirmos riscos, aumentarmos a chance de perenidade da empresa e termos relações harmoniosas entre todas as partes interessadas. Os Conselhos Deliberativos ou Consultivos contribuem neste processo ao prover orientação estratégica para o negócio, ajuda na tomada de decisão, trazer networking e aconselhamento especializado e monitorar a prestação de contas. 


Considerando a Governança Corporativa como algo essencial para as empresas, me ocorreu que faz sentido refletirmos sobre a nossa “Governança Pessoal”. Afinal, como nos dirigimos, nos monitoramos e nos incentivamos? Assim como as empresas, penso que também devemos rever nosso papel na sociedade neste novo mundo. Normalmente somos muito críticos em relação ao governo, à corrupção, a condutas dos outros e a de nós mesmos, mas todos sabemos que somos parte da solução e nāo apenas do problema! Será que estamos praticando aquilo que desejamos que os outros pratiquem? E assim como as empresas precisam de orientação estratégica através dos Conselhos e de outras formas, também necessitamos muitas vezes de orientação, quem já nāo se sentiu perdido em algum momento? Todos temos pessoas como referências nas nossas vidas, pessoas que admiramos, professores que nos marcaram positivamente, livros que lemos e situações e experiências que nos inspiraram. Acredito que vale a pena fazermos um balanço de vez em quando sobre nossa jornada, marcarmos uma reuniāo com o nosso “Conselho interno” e lembrarmos das nossas referências!


Durante alguns anos, fiz treinos e conversei bastante com o Nuno Cobra, li o livro dele “A Semente da Vitória”, que foi um divisor de águas para mim. Ele me ensinou de forma simples que devemos focar em saúde e nāo em doença e que basta cuidar do sono, alimentação, atividade física, da parte afetiva e espiritual para termos uma vida plena, filosofia que acredito e tento praticar. Assim como as empresas, queremos aumentar nossa chance de sucesso e de longevidade e desejamos harmonia com as pessoas que convivemos em nossa jornada (nossas “partes interessadas”) e o primeiro passo é olhar para dentro.


Fiquei refletindo, quais são as minhas referências, o meu benchmarking pessoal, quem eu admiro de verdade, de onde recebo orientação estratégica? Qual o meu propósito pessoal verdadeiro, porque estou aqui e que legado quero deixar? Como as pessoas se lembrarão de mim quando eu nāo estiver mais por aqui? Será que minhas ações falam mais alto que minhas palavras? É um exercício que vale a pena fazermos e escrevermos para dar mais peso e valor.


A Páscoa que acabamos de celebrar representa o fim da aflição e uma oportunidade de renovação, desejo que você faça uma avaliação estratégica da sua vida e desenvolva sua governança pessoal, afinal nāo existem empresas, existem pessoas que fazem parte de empresas. 

Carlos Alberto Tauil

Sócio Diretor na Métrica Asses. e Consultoria em Arquitetura e Construção Civil

9 m

Muito boa sua reflexão Carlos sobre o papel do ser humano nas empresas e como conduz a própria vida. Penso como você!

Grazielle Viana

CEO | 3x TOP 20 Women to Follow - Tech | Especialista em Governança de TI, Privacidade e Segurança da Informação | Criadora do M2 Genius (CTO as a Service) | DPO | Palestrante | Transformando TI em Estratégia de Negócios

9 m

Adorei, Carlos Alberto de Moraes Borges. Por trás de cada CNPJ, existem muitos CPFs, com suas forças, fraquezas, buscanso definir seus papéis na sociedade. Gostei da colocação sobre a importancia de olhar para dentro e definir seu benchmarking pessoal. Sucesso!

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