Por que CEOs Precisam Reavaliar a Governança Corporativa na Era ESG
Recentemente, tirei uma tarde de domingo para ler o livro "O que o CEO quer que você saiba", de Ram Charan. A obra oferece uma visão clara e prática sobre como os CEOs enxergam o funcionamento de um negócio, destacando a importância de compreender conceitos fundamentais como fluxo de caixa, lucratividade e geração de valor. Charan enfatiza que o sucesso empresarial depende da integração harmoniosa de todas as áreas da empresa, trabalhando em sinergia para alcançar os objetivos estratégicos.
Essa leitura me levou a refletir sobre o papel dos CEOs e dos departamentos jurídicos no contexto atual, marcado pelo crescimento da agenda ESG (Environmental, Social, and Governance) e das práticas de compliance. A sociedade e os mercados exigem cada vez mais que as empresas sejam responsivas e demonstrem o valor que geram para o público por meio de negócios legítimos e transparentes. Essa demanda também abre oportunidades para a construção de políticas públicas, uma função essencial dos profissionais de relações governamentais.
Por outro lado, a ausência de programas robustos de compliance e uma agenda ESG bem estruturada pode levar a crises reputacionais, frequentemente gerenciadas por profissionais de relações públicas. Um exemplo recente é o caso da Americanas, que expôs falhas significativas em governança corporativa, resultando em um impacto negativo na reputação da empresa. Pesquisas reforçam essa necessidade. Segundo a PwC, 83% dos consumidores estão mais propensos a confiar em empresas com práticas ESG responsáveis, enquanto o Global Risks Report 2023 aponta o risco reputacional como um dos maiores desafios para as empresas no curto prazo.
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Trago essa reflexão porque acredito que o papel do departamento jurídico deve evoluir de uma postura tradicional de apenas validar a legalidade das ações empresariais para uma função mais estratégica, orientando sobre "como" e "como convém fazer". Ao se posicionar como parceiro estratégico, o departamento jurídico pode contribuir para a criação ou remodelação da governança organizacional, tratando a agenda ESG como uma oportunidade de ganho de diferencial competitivo.
Essa abordagem não só fortalece o respeito dos consumidores, mas também permite que a empresa influencie na formulação de políticas públicas de forma legítima e transparente. A sinergia com o poder público, alinhada aos objetivos estratégicos da organização e aos interesses da sociedade, promove um crescimento sustentável que vai além da prosperidade financeira.
Agora, a provocação: será que sua empresa está realmente pronta para alinhar seus discursos e práticas? Ou você está correndo o risco de ver a governança corporativa exposta nas manchetes, enquanto adversários estratégicos tomam a dianteira no diálogo com governos e sociedade? A pergunta que CEOs e líderes precisam responder em 2025 não é mais "se" devem adaptar-se à agenda ESG, mas "quando" e "como" farão isso – e o relógio já está correndo. Quem vai liderar, e quem ficará para trás?