As guerras cambiais sempre presentes

As guerras cambiais sempre presentes

Após o marco da crise financeira de 2008 e o período de recessão que se arrastou por mais algum período, teve início em 2010 a nova guerra cambial global, como uma tentativa dos EUA de usar um dólar barato para usurpar o crescimento de seus parceiros comerciais.

Sendo a economia americana era a maior do mundo, a ideia seria que se os EUA não conseguissem gerar crescimento, toda a economia mundial ficaria estagnada. Portanto, era justificável o país adotar uma política de desvalorização do dólar e taxas de juros zero que empurrassem os investidores para outras moedas e classes de ativos. Com isso, o dólar atingiu uma mínima histórica em agosto de 2011.

Depois desse período o dólar ganhou força novamente, com o euro caindo de US$ 1,60 para US$ 1,04 durante a crise da dívida soberana europeia que ocorreu entre 2010 e 2015. A desvalorização do euro foi parte de uma iniciativa para impulsionar a economia da Europa.

Este é o problema das guerras cambiais: é impossível que as moedas desvalorizem umas frente às outras ao mesmo tempo. As grandes economias precisam revezar na apreciação do câmbio, de acordo com qual delas necessita de mais reforço em um determinado momento.

Atualmente, a economia europeia está em melhores condições, portanto, é a vez dos EUA de voltar a desvalorizar o dólar.

Os analistas estão dizendo que essa é uma “nova guerra cambial”, mas se trata do mesmo conflito que vem ocorrendo desde 2010. O fato é que guerras cambiais não têm uma conclusão lógica. Elas vêm e vão, movidas por desvalorizações competitivas que continuam até o sistema entrar em colapso ou ser reformado por um novo acordo internacional, como o de Bretton Woods (1944) ou o Acordo de Plaza 1985). 

Os EUA voltam a se apoiar em um dólar mais fraco para gerar inflação e crescimento nominal e, desse modo, evitar a desinflação. Essa nova rodada de desvalorização da moeda americana também está sendo considerada responsável pelo aumento da volatilidade no mercado de ações.

Uma coisa é certa: a menos que o sistema entre em colapso, onde há algumas possibilidades plausíveis, ainda estaremos escrevendo sobre guerras cambiais daqui a cinco anos. Todas moedas saem perdendo na guerra cambia, mas não o ouro.

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