A história também pesa
Lucas Figueiredo/CBF

A história também pesa

A Seleção Brasileira nunca esteve tão pronta. Tão sólida. Tão segura e tão favorita para uma Copa do Mundo. A sorte parecia acompanhar a estrela de Tite. Mas o fim chegou antes do esperado. Não vale aqui procurar erros em algo que era elogiado. Procurar vilões que até a rodada passada eram elogiados. Esses vilões não existem.

O que existe é um peso de ser favorito. De ter que propor jogo contra qualquer equipe. O peso de ser criativo a todo instante e ter de confirmar certeza de milhões em um título que é duríssimo de ser conquistado.

A história é generosa com a camisa amarelinha. Mas cobra seu preço. Ser o melhor tem sua pressão extra. Os adversários sabem disso. Sabem que um gol, mesmo que no susto, desestabilizaria qualquer um grande favorito. Um vacilo minutos depois, ainda reflexo da preocupação, poderia ser fatal. Não há experiência que não se sinta pressionada pelas milhões de pessoas, câmeras, mães e filhos. Não há jogador que sozinho aguente o peso de uma amarelinha.

Depois de refletir muito nesse sábado triste e de acompanhar manifestações de ódio gratuitas nas redes sociais, imagino que muitas coisas devem ser mudadas. É preciso aceitar que a derrota é uma possibilidade. O futebol tem sua alta dose de imprevisibilidade. Que pode mudar uma história em segundos. Há de se cuidar do previsível e rezar pelo imprevisto ser favorável. E isso Tite fez. O mesmo jogo que acabou 2 a 1 para os belgas, poderia ter acabado 3 a 1 para o Brasil, por que não? É só tirar um pouquinho da sorte daqui e encaixar ali.

Não foi um vexame, não perdemos por desleixo ou por descomprometimento. Perdemos para a Bélgica, que se ainda não tem grandes feitos, fez por merecer seu primeiro.

Dias ruins chegam para todos: argentinos, alemães, italianos, espanhóis e também pra nós. Portanto, não é inteligente jogar uma boa geração fora. A favorita de 2018 pode ser ainda mais forte em 2022. Se vencerá, não sei. Mas certamente, não iremos à passeio.


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