'Desmessificado'
O símbolo do futebol brilhante e da genialidade de um jogador se perdeu entre o quadriculado surpreendente croata. O ET, que normalmente é exaltado por feitos extraterrestres, desta vez mostrou que realmente lhe faltava humanidade. A derrota por 3 a 0 para a Croácia mostrou uma face obscura de um gênio. Um lado que Newton descobriu em suas leis, lá atrás: a inércia.
É sabido que o futebol é coletivo, mas Messi não fez parte do todo. Ficou à deriva. Na falha grotesca de Caballero, companheiro de seleção, sua reação foi quase zero: olhou para o chão e cuspiu. Depois soltou um palavrão. E pronto.
Não foi capaz de salvar seu país em um duelo que nem era de gigantes - com o perdão do clichê. Enquanto Maradona rezava aos céus para que a verdadeira “mano de Diós” pudesse ajudar sua esquadra (pedido cínico de alguém que já usou a santa expressão em vão), Messi voltava seus olhos para o chão. Como quem não acreditasse nem que uma ajuda divida pudesse adiantar.
O brilho do camisa dez se desfez em 90 minutos. Ao fim, nem um consolo. Nem uma lágrima, nem uma reação. Apenas caminhou e foi para os vestiários. Com a expressão de quem sai de casa para comprar pão às 6h30. Ou com a postura de quem vai ao mercado. Com o olhar de quem confere as horas no relógio: com cara de nada.
Messi não teve cor, não teve sabor, não teve luz. Talvez sua alma já esteja dando adeus à uma seleção a qual tento deve, segundo os argentinos. Talvez a dor de não ter uma Copa tenha esvaziado sua alegria com a camisa da Argentina.
Seja o que for, Messi passou por solo russo. Como qualquer morador da Rússia. Como alguém que nem percebe o que há ao seu redor pela automaticidade do cotidiano. Messi na Rússia tem sido apenas mais um humano. Um qualquer, que se for realmente um ET, se parece muito com um de nós em um dia de mal humor.