Drible-me se for capaz
A Copa da Rússia tem mostrado uma cara carrancuda. Não porque é feia, mas pela rigidez que se sobressai à leveza. O encurtamento do espaço de jogo, provocado pela evolução da ideia tática, dificulta a vida de qualquer jogador talentoso. Não há tempo para pensar. Há de se fazer. Vimos um Irã segurando Cristiano Ronaldo. Um Marrocos quase eliminando uma Espanha. Uma Islândia minando Messi.
Nunca os espaços foram tão curtos. A decisão de um lance está na fração de um segundo. Vencer ou perder depende de uma ideia no momento certo. Os cérebros mais geniais da Copa estão acuados. Neymar, Iniesta, Messi, Cristiano Ronaldo suam para romper as barreiras.
O fim da primeira fase pode romper esse dilema. Nas oitavas e fases adiante, com jogos únicos eliminatórios, as seleções tradicionais vão se enfrentar. Certamente haverá mais espaços, porém, menos chance para erros. A batalha por espaço deve dar lugar à guerra de nervos. Quem está mais preparado?
A primeira copa com VAR (árbitro de vídeo) trouxe à realidade do futebol a tecnologia. Agora, a pressão vem das arquibancadas, das redes sociais e da fiscalização em tempo real da comissão de árbitros, por vários ângulos.
Na copa de defesas bem montadas, espaços reduzidos, batalha mental, e fiscalização incessante das redes sociais e de revisões de lances, surge uma nova condição de adaptação ao jogador. A partir de 2018, o atleta completo terá que ter talento, pensar ainda mais rápido, entender melhor o jogo, e, principalmente, ser mais leal em campo. Driblar os olhos do mundo - e dos árbitros - é coisa do passado. Melhor encurtar a jogada e fazer o gol para não ser humilhado pela tecnologia.