Hoje foi um dia daqueles

Aqui na Trampay o aplicativo está ficando pronto e enquanto isso, nós investimos tudo em bootstraping. Para quem não tem ideia do que seja isso, eu também não tinha, mas basicamente é você investir tudo com força própria. Até então, já passamos da casa da centena de milhar há algum tempo. Não é fácil. A analogia que eu costumo fazer é que até então estamos tocando uma obra, colocamos os melhores fornecedores nas prateleiras, ajustamos cada detalhe da loja, a sala, a cozinha, os quartos e etc. Mas obra é assim mesmo, sempre estoura alguma coisa, sempre surgem imprevistos (vazamento no cano, estrutura, fundação, arquitetura...) e conosco não foi diferente.

Agora estamos entrando no mês de outubro e finalmente a nova versão do APP está subindo nas stores e, para termos força para acelerarmos, devemos fazer algumas escolhas. É preciso dinheiro para investir na tração do marketing digital, manter todos os softwares e manter toda a operação funcionando. Para isso é necessário que a gestão financeira estude a longo prazo, é preciso ter controle de perto nas prioridades para que consigamos esticar ao máximo nosso orçamento para dar tempo suficiente das pessoas entrarem, olharem tudo aquilo que oferecemos para elas e se identificarem.

Nesse momento é necessário de muito sangue frio e fazer alguns cortes. A prioridade tem que ser aquilo que a empresa precisa para escalar e atravessarmos essa primeira onda. E desculpa, esse sangue frio é muito difícil pra mim. Para um pisciano e nordestino à frente de uma empresa, o coração e o sangue quente é a regra.

Hoje, por exemplo, era o dia de "acabarmos o relacionamento" por hora, da nossa casa, o @bsbcoworking. O lugar que escolhi, com muito cuidado, para passar a maior parte dos nossos dias. Aconteceu uma surpresa que eu não esperava, a Camila Spina, que posto aqui diariamente, acompanha nosso trabalho todo santo dia e hoje mais cedo me perguntou - você tá bem mesmo? - eu não consigo disfarçar muito, mas que sim, balançando a cabeça. Depois ela se aproximou e eu disse - preciso conversar com você mais tarde - ela me olhou e disse - Jorge, você vai terminar comigo? - já tremendo as pernas. Chamei ela em particular e fomos conversar sobre toda situação, de que startups vivem isso diariamente e tudo bem, e claro, me emocionei, porque a vida é isso.

Do outro lado e o que me deixou mais surpreso, ela me olhou no olho e disse - Jorge, seu escritório é aqui e você não vai embora, não por isso - e continuou - o que adianta eu ter um coworking se eu não entender esse tipo de situação? - É sobre isso que a gente tem que falar, sobre o que não está no roteiro ou na teoria. Acontece que a Camila é um exemplo naquilo que faz, não pelo que fez por mim isoladamente, mas por gerenciar tudo com um espirito que eu diria até materno, com um cuidado direcionado para cada pessoa que mora nesse "ninho".

Eu trabalho em cima de um propósito e tenho convicção que em breve estaremos muito bem e eu poderei retribuir quem me ajudou durante o percurso. Hoje, o que a Camis fez por mim não tem valor, e um dia, eu espero poder honrá-la baseado no valor da minha gratidão.