Homem Bicentenário ao contrário
Nada contra a tecnologia. São inegáveis o conforto e a praticidade que ganhamos com a internet das coisas. Mas, ao mesmo tempo, temos que lidar com desafios novos como o estresse e a ansiedade ampliados por essa hiperconexão que já vinha se desenhando antes do isolamento social.
Antes da pandemia, por exemplo, você conseguia sair de casa sem levar algum gadget? Desligava o celular na sessão de cinema? Passava um dia sem acessar rede social, e-mail, checar a previsão do tempo falando "hey, Google"?
Faz bem se desconectar para se reconectar de forma mais saudável. Impor limites a si mesmo nessa sociedade gerenciada pelo wifi pode trazer novamente algum equilíbrio que perdemos nesses últimos anos. De acordo com um estudo divulgado pela Ericsson na sexta passada, o brasileiro aumentou em quatro horas o tempo diário na internet durante a pandemia, enquanto em outros 10 países pesquisados, o incremento foi de duas horas e meia.
Estes números, somados à quantidade de fios, carregadores de bateria e adaptadores me fazem lembrar do filme O Homem Bicentenário (Bicentennial Man, EUA, 1999). Na história baseada em um conto do Isaac Asimov [mas é claro!], Robin Williams é o robô Andrew que, ao longo de 200 anos, vai trocando peças por partes humanas.
Estamos nos tornando Andrews, mas ao contrário! Nada contra. Eu mesmo faço o mea culpa ao analisar as horas que passo em frente ao computador, depois consulto algo no celular, espelho aquilo na televisão, converso com minha caixa de som inteligente [chego ao cúmulo de pergunta como ela está].
Não quero me perder daquilo que me define como humano, demasiado humano. Ao mesmo tempo, acho um grande problema social que 25% dos brasileiros não tenham acesso à internet [dados recentes do IBGE]. Quero apoiar projetos que se preocupem com a inclusão digital e com a saúde de todos, são pontos complementares.
Essa nova persona bicentenária talvez precise ir além da tecno+lógica, vale a pena resgatar o afeto e a empatia que se tornaram raros e ainda mais preciosos. Quem sabe, no futuro, sejamos dignos de indicação a um Oscar® que vá além da maquiagem e roteiro adaptado.
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4 aEu me sinto perdida quando noto que o celular está longe. Você tem toda razão. estamos nos desumanizando.
Executiva Sênior de Comunicação | Sustentabilidade/ESG | Relações Públicas & Imprensa | Digital | Reputação | Gestão de Crise | Startup mentor | Board Member
4 aMuito boa a sua reflexão. A tecnologia deveria ser usada em nosso benefício, nos proporcionando qualidade de vida e mais tempo para nos dedicarmos ao que realmente importa - relações humanas!