Homeschooling: educação escolar em casa
O projeto de lei que descriminaliza o homeschooling (educação escolar em casa) foi aprovado pela Comissão de Constituição e Justiça e passará a tramitar no Plenário da Câmara dos Deputados Federais.
A proposta modifica o Código Penal (Decreto-Lei 2.848/40) para deixar claro que a pena prevista para o crime de abandono intelectual, de detenção de quinze dias a um mês ou multa, a quem deixar, sem justa causa, de prover a instrução primária de filho em idade escolar, não se aplica a pais ou responsáveis que ofertarem a modalidade de educação domiciliar. O texto ainda depende de análise pelo Plenário.
E assim começou a polêmica.
Várias questões estão sendo levantadas: o impacto emocional sobre as crianças que não frequentam as escolas, a falta de conhecimento pedagógico das famílias para instruir seus dependentes, a repressão que as escolas exercem sobre casos de maus tratos domésticos, entre outros temas.
Como gosto de uma boa discussão, vou “meter minha colher nessa panela” e quero levantar outro tema, o contraditório familiar e a necessidade de se ouvir além das vozes dos responsáveis.
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A adolescência é uma fase muito importante por vários aspectos, dentre eles pela consolidação do caráter individual das pessoas. É natural e aceitável, que durante a adolescência os jovens contestem seus familiares, que discordem de quase tudo, pois é assim que eles reforçam suas opiniões, não que eles acreditem que seus pais estejam sempre errados, mas concordar com tudo é como se estivessem confirmando que ainda são crianças, por isso, por exemplo, eles vestem roupas e escutam músicas que a família detesta.
E neste processo é importantíssimo que esses jovens escutem, leiam e debatam ideias e opiniões que são diferentes das defendidas pela família. Sei que o que escrevo é polêmico e talvez até inaceitável para muitos dos meus caros leitores e leitoras, uma vez que estou defendendo a ideia de que suas filhas e seus filhos devem ter contato com ideias que vocês não concordam. É isso mesmo que estou escrevendo, nossos futuros adultos precisam aprender com a diversidade, precisam ver além da bolha que a família cria, precisam pensar além do ambiente doméstico.
O século XXI é infinitamente mais complexo do que nossas casas, muito mais diverso do que nossas ideias e esses jovens precisam ter acesso a tudo isso, nem que seja para negar a maioria dessas ideias, mas somente tendo acesso a elas aprenderão respeitar a diferença e conseguirão conviver em sociedade.
Não se preocupem com as ideias que seus filhos terão acesso, pois se vocês os educaram e consolidaram os valores que julgam ser os melhores, eles não se abalarão com o contraditório, nem se chocarão com as vozes que falam além dos seus lares, essa experiência só os fará melhores do que já são.
E assim encerro essa despretensiosa coluna afirmando, o melhor lugar para as crianças serem instruídas é na escola.
Desenvolvedor OutSystems
2 aÓtima discussão Sheldon. Precisamos desde já debater esse tema, pois a complexidade da formação intelectual é um desafio enorme e já enfrentamos desafios consideráveis no retrato atual da educação em nosso país. Não há caminho fácil para mudanças de paradigmas e o papel do professor deve ser entendido plenamente, antes de discutirmos sua relevância no processo formativo. Na era do "pensamento crítico", perdemos a noção da relevância do conhecimento e entendimento da realidade objetiva e dos processos filosóficos reais que nos promove a essa reflexão. Obrigado por compartilhar, estarei mais atento ao tema.
Especialista em Soluções Educacionais com foco em dados e insights significativos. Sensemaking aplicado à educação
2 aPerfeito Sheldon! O volume de informações hoje em dia é imensurável, e tentar limitar o conhecimento é no mínimo insensato, sendo mais racional orientar e instruir os jovens para aprenderem a navegar neste mar de informações.
Pedagoga e Licenciada em Letras, Pós Graduada em ADM. de Recursos Humanos e Serviço Social/ Gestão Escolar/ Educação Especial e AEE/ Psicopedagogia Clínica e Institucional.
2 aAcredito que o tema é bastante polêmico e sem dúvida, merece uma ampla discussão. Porém há de se levar em consideração, que nada substitui a instituição escolar, que se caracteriza em um "outro mundo" para os estudantes. Onde eles têm a oportunidade de se depararem com diversificadas opiniões, saberes múltiplos, conhecimentos dos mais variados (formal e informal), convívio social, enfim uma infinidade de outras oportunidades e aprendizagens. Lugar que se deparam com suas conquistas e frustrações, aprendendo a lidar melhor com seus sentimentos e emoções e como eles interferem, trazendo consequências em nossa vida social e pessoal. Enfim, a Escola é um ambiente de inúmeras e frutíferas possibilidades de ensino e aprendizagem que não podem ser descartada ou substituída!
Psicólogo GADavoli Cursos e Palestras ME
2 aExcelente comentário Sheldon. Concordo plenamente contigo.