Diariamente abordo crianças em situação de vulnerabilidade, em mendicância, no trabalho infantil e outras situações; digo que há 10 anos atrás não estaria preparado para realizar esta tarefa, já que como muito destas crianças também não tive um contexto familiar. A sociedade cobra das pessoas seus deveres, mas se quer se preocupa em esclarecer seus direitos e isto influência a questão do contexto familiar que reflete na educação e no trato aluno professor. Com uma mídia de ostentação onde o consumo e a exposição das pessoas se torna algo banal as crianças de famílias de baixa renda não conseguem distinguir a verdade do que se é exposto na TV ou nos demais meios de comunicação como internet. Eu por exemplo não sei dizer nome de dez MCs que embalam os Bailes Funks nas favelas e comunidades de nossa região e muito menos cantar as letras das “músicas”, porém uma criança que se quer está matriculada na escola sabe de cór e já em seus planos futuros deseja ostentar tudo que poderá comprar caso faça sucesso cantando as tais “músicas” que irá compor como os MCs que vê nos clips criados na internet, mal sabe ele que tudo que está lá é emprestado e ínsita nestas crianças e adolescentes sem estrutura uma realidade que não existe, e o pior que em muitas letras de músicas propõe a ostentação através da subtração de bens de outras pessoas; quantos relatos temos que os adolescentes roubam ou furtam motos apenas para ir ao baile funk.
O objetivo deste texto é de trazer aos educadores atuais que estão em sala de aula penando para propor a estas crianças uma educação conforme a legislação vigente é de trazer uma proposta diferente. Como? Ouvir mais, ouvir mais, ouvir mais...
Já foi o tempo que o professor acreditava ensinar tudo, o conhecimento é compartilhado e todos aprendemos juntos professor é mediador, Paulo Freire muito nos ensinou estabelecendo uma educação onde o conhecimento parte da realidade de cada aluno e isto fica mais claro em nosso dia a dia. Abordando estas crianças diariamente posso acompanhar o quanto de conhecimento já trazem, na habilidade do manuseio do dinheiro, na malandragem do diálogo maroto, em conhecer melhor de carros e motos que muitos de nós adultos; sem falar que diariamente e encontram soluções para diversas situações que se deparam nas ruas que na escola não se ensina.
Importante que o educador encontre meios e utilize ferramentas que contextualizam a realidade da comunidade onde estão inseridas suas crianças e assim possa transmitir realmente algo significativo para os alunos. E por fim, acredito que as rodas de conversas devam fazer parte das aulas semanalmente para que as crianças compartilhem o que estão trazendo para que os educadores possam rasgar aqueles planos de aula que utilizam todos os anos na mesma escola. Caro amigo, se escolheu ser professor, faça a diferença, ocupe-se e não se preocupe e você poderá ver a transformação que seus alunos farão em você.
Legal estou de pleno acordo com sua colocação....abraços