IA + Cultura Data Driven x Síndrome de Gabriela? Quem ganha esta batalha?

IA + Cultura Data Driven x Síndrome de Gabriela? Quem ganha esta batalha?

Antes de começar este artigo precisamos esclarecer. A Síndrome de Gabriela é aquela resposta padrão " Sempre fizemos assim, nestes (x) anos"

( Eu nasci assim, eu sou sempre assim, Gabrieelaaa !!!) - Gal Costa

A adoção da Inteligência Artificial (IA) é frequentemente vista pelas empresas como um desafio técnico. Contudo, a essência do desafio reside na percepção e aceitação humana desta tecnologia, ou seja, na cultura organizacional.

Essa transformação é particularmente crítica em ambientes onde a decisão humana é preferida em detrimento das decisões baseadas em dados. A confiança dos colaboradores nas capacidades da IA é escassa, o que invariavelmente compromete os resultados esperados dos investimentos em IA. Este problema é exacerbado em empresas com práticas tradicionais e uma forte resistência à mudança organizacional.

Esse cenário onde as decisões são tomadas com base na experiência do fulano ou na "Síndrome de Gabriela" terão certamente muitas dificuldades em dar o protagonismo a Inteligência Artificial. Esses cenários são vistos todos os dias nas empresas.

Desconsiderar a cultura organizacional pode fazer com que até as tecnologias mais sofisticadas não alcancem seu potencial total. Uma transição bem-sucedida para a IA não depende apenas de recursos materiais e tecnológicos, mas também de uma liderança visionária e habilidosa, capaz de conduzir essa mudança com um foco cultural. Apenas sob essas condições as organizações poderão colher integralmente os benefícios que a IA tem a oferecer.

A IA apresenta desafios distintos. Líderes de IA de regiões inovadoras como o Vale do Silício e Seattle, bem como de outros polos de talentos em IA, revelaram quatro áreas principais de dificuldade em suas organizações:

  • Expectativas irreais de lucros imediatos sobre o investimento.
  • Preocupações organizacionais quanto à substituição de empregos humanos.
  • Desafios na integração da IA em processos de trabalho existentes e na priorização de casos de uso.
  • Subestimação dos custos totais na implementação de tecnologias de IA.

Alertas sobre os potenciais fracassos da IA ressoam por diversos setores, sublinhando a importância de uma liderança cuidadosa e intencionalmente focada no aspecto humano.

A cultura organizacional é o conjunto de valores, crenças, comportamentos e normas que definem a identidade de uma organização. Entender a cultura atual é crucial para identificar barreiras à adoção da IA e desenvolver estratégias adequadas para superá-las. Por exemplo, em uma organização que valoriza mais a decisão humana do que a baseada em dados, será um desafio convencer os funcionários a confiar e adotar tecnologias de IA.

À medida que a IA se torna mais prevalente em diversos setores, líderes com quem colaboramos compartilharam suas experiências sobre como estão avançando no planejamento, promoção e gestão da mudança cultural necessária para integrar a força de trabalho com a tecnologia de IA.

Empresas com uma cultura orientada por dados (data-driven) possuem uma vantagem significativa na adoção da IA. Elas já estão acostumadas a basear decisões em análises e insights quantitativos, o que facilita a integração da IA em suas operações.

Em contraste, organizações que se guiam por intuições e decisões políticas encontram maiores obstáculos, pois a IA exige uma abordagem baseada em dados e objetividade, o que pode ser um desvio radical de sua prática usual.

Lembro recentemente de uma consultoria que realizei num empresa de Agro no Paraná. A empresa em questão tinha vários problemas com a qualidade dos dados que eram utilizados nas análises financeiras e comerciais. Percebia-se um certo desconforto de um diretor em considerar aqueles dados como válidos, pois os resultados comerciais e financeiros eram muito divergentes.

Como missão tínhamos a tarefa de arrumar um sistema para trazer os dados corretamente. Ao fim de um mês colocamos a casa em ordem, e o resultado? Bom, descobrimos que as vendas não eram contabilizadas da forma mais "realista" possível e isso maquiava os resultados da área Comercial.

Resultado? Nossa consultoria foi descontinuada com o argumento de "não estar gerando valor".

Portanto aos sr(a)s que leem este artigo, tenham isso em mente antes de seguir com novos projetos em sua organização. Nem sempre se quer ver o que de fato queremos saber. A cultura organizacional dá a diretriz para a mudança. Saiba gerenciar a mudança e conduzir o processo, caso contrário...Sempre Gabrieeela !!

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