Igualdade de Gênero é Bom Para os Negócios:
Desafios e Avanços para Mulheres no Mercado de Trabalho

Igualdade de Gênero é Bom Para os Negócios: Desafios e Avanços para Mulheres no Mercado de Trabalho

Apesar dos avanços conquistados pela luta feminista, há alguns lugares que ainda são majoritariamente ocupados por homens, ainda que dia a pós dia, haja mais ocupação de mulheres nos espaços públicos e políticos da sociedade.

Para as mulheres que entram em profissões dominadas por homens, os desafios são enormes e constatam que o debate sobre igualdade de gênero ainda tem muito o que avançar. 

Por outro lado, também revelam o papel das políticas de diversidade e inclusão nas empresas, para o aumento do número de mulheres colaboradoras e cargos de liderança.

Mulheres profissionais: uma demanda do mercado de trabalho

Muitas mulheres, pessoas não binárias lidas como mulheres, se sentem extremamente desconfortáveis ao pegar um serviço de transporte particular à noite, dirigido por um homem ou de receber em sua casa um homem para realizar alguma manutenção residencial. 

As estatísticas de estupros e assédio são assustadoras e é um medo legítimo enraizado nas mulheres desde cedo. Esse fato vem se tornando uma demanda real para o mercado de trabalho. 

Atualmente, já existem aplicativos de carros particulares, por exemplo, que tem um recurso específico no qual a pessoa consumidora pode optar por motorista mulher. 

Cada vez mais, tanto empreendedoras autônomas, quanto pequenas e médias empresas de manutenção residencial têm pensado nesse público, contratando setores inteiros (às vezes a empresa inteira) composto por mulheres profissionais em várias áreas de manutenção residencial.

Uma demanda de mercado que geraria, em tese, um aumento da procura por cursos profissionalizantes e faculdades. 

Era possível observar, há cerca de duas décadas atrás, turmas inteiras compostas somente por homens, ou com uma ou duas mulheres, em salas de faculdades, cursos técnicos ou de capacitação em áreas como engenharia, computação, gastronomia e cursos de carreira militar, por exemplo.

Essa realidade mudou muito. Atualmente, as mulheres são maioria nas universidades brasileiras, e apesar de terem 34% mais probabilidade de concluir um nível superior em relação aos homens, segundo o relatório Education at Glance de 2019, são elas que têm mais dificuldades para conseguir um emprego.

Neste mesmo relatório, foi observado que em questões de empregabilidade, o índice de homens com nível superior é de 89%, 76% com nível técnico e 76% sem capacitação profissionalizante. 

Esses números em relação a mulheres são 82% para nível superior, 63% nível técnico e 45% sem capacitação. Essa disparidade na hora de inserção e permanência no mercado de trabalho não fecha a conta em relação às mulheres com formação e capacitação profissionalizante. 

Existem pelo menos dois problemas mais aparentes nessa questão, que é bem mais profunda do que vamos abordar. O primeiro é a escolha da profissão. 

Existem carreiras que possuem uma baixa empregabilidade de mulheres, ainda que especializadas e preparadas para executá-las. Ou seja, há profissões que têm mulheres se formando para exercê-las, mas não conseguem oportunidade no mercado de trabalho. 

Essa disparidade se deve a vários fatores. Um dos mais marcantes é o fato de que o pensamento machista corporativo entende a vida familiar de uma mulher como empecilho para o desempenho profissional, dependendo da natureza do trabalho. 

O segundo problema e, obviamente, o que pesa mais economicamente, é que homens e mulheres não ganham o mesmo para realizar as mesmas funções, ainda nos dias de hoje.

De acordo com o relatório do Fórum Econômico Mundial, apesar de mulheres trabalharem pelo menos 3 horas a mais por semana, elas recebem apenas 76% dos rendimentos dos homens. As que têm nível superior, recebem apenas 63,4% do rendimento dos homens.

Comparando mulheres com e sem filhos, o relatório aponta que o salário das mães é 35% menor do que o das mulheres que não têm filhos. E quanto mais filhos, menor o salário. 

Principais desafios para mulheres no mercado de trabalho

Para as poucas mulheres que ingressam em mercados como o de Tecnologia, Construção, Engenharias e outros mercados dominados por homens, existe uma série de situações que ela vai lidar diariamente, que vão ameaçando sua saúde mental e até mesmo sua integridade física e psicológica. Coisas como:

  • Assédio sexual: quando um homem hierarquicamente superior constrange com conotação sexual a colaboradora, ameaçando a manutenção e ou possível promoção do emprego da mesma caso se negue aos desejos dele.
  • Gaslighting ou ‘homem que manipula’: abuso psicológico cometido contra uma mulher, a levando a achar que está errada ou a duvidar de sua própria sanidade.
  • Bropriating ou ‘homem que se apropria’: quando um homem rouba uma ideia de uma mulher e diz que a ideia foi dele.
  • Mansplaining ou ‘homem que explica’: quando um homem explica algo extremamente óbvio para uma mulher, de uma forma pedante ou até mesmo de infantilizá-la, como se ela fosse incapaz de entender.
  • Manterrupting ou ‘homem que interrompe’: quando um homem interrompe uma mulher, constante e desnecessariamente, impedindo que ela conclua sua linha de raciocínio e sua frase.
  • Teto de Vidro: barreiras invisíveis, baseadas em pressupostos machistas, que dificultam ou impedem a ascensão profissional de uma mulher.

Os números atualmente, segundo pesquisa da Pew Research, são ainda alarmantes: 44% das mulheres já sofreram alguma dessas discriminações no ambiente de trabalho. Essa lista de situações vividas no meio corporativo, infelizmente, não é exclusiva para profissões majoritariamente masculinas. 

Além disso tudo, somado a toda a série de machismos velados ou explícitos que constroem a história de cada mulher, a solidão e a responsabilidade de ser a única representante de seu gênero naquele espaço, ocasionam um dos maiores sabotadores das mulheres: A Síndrome da Impostora

A Síndrome da Impostora é um sentimento de não ser boa o suficiente para fazer algo que se é extremamente capacitada e competente para fazer. Acomete principalmente mulheres, mas também pode assolar pessoas de outros grupos sociais tidos como minoritários. 

Uma das características dessa desordem psicológica é a necessidade de se esforçar sempre mais do que as demais pessoas, muitas vezes em excesso, por não se achar tão competente quanto os colegas. 

Isso leva a ansiedade e até a Síndrome de Burnout ou Síndrome do Esgotamento Profissional, que é um distúrbio causado pelo esgotamento e exaustão extrema, gerando problemas para dormir, comer, se concentrar e tantos outros. 

Políticas de igualdade de gênero nas empresas

As empresas têm um papel fundamental diante desse cenário. Pensar em políticas de diversidade e inclusão é, antes de mais nada, mudar a mentalidade e atitudes corporativas de origem machistas. Especialmente para mulheres com filhos, que tendem a ser mais prejudicadas tanto nos processos de seleção, quanto nos planos de carreiras.

Promover não só o ingresso, mas a permanência de mulheres em lugares dominados por homens, é trazer mais mulheres para esses espaços e conscientizar os homens sobre as principais formas de discriminação de gênero, criar canais de denúncia internos contra assédio e proporcionar, de fato, ambientes seguros física e psicologicamente para a ocupação de mulheres. 

Garantir possibilidades de ascensão profissional, do aumento de mulheres em cargos de liderança, e equiparar salários, não é só uma questão de responsabilidade social, mas diversidade e inclusão é uma vantagem econômica para toda a sociedade.

“A igualdade de gêneros é boa para os negócios”. Fórum Econômico Mundial.

O relatório do Fórum Econômico Mundial aponta a perda econômica para a sociedade, causada por essa disparidade salarial entre homens e mulheres. De acordo com o cálculo feito pelo Instituto McKinsey Global, em 2015, se homens e mulheres tivessem a mesma participação na economia, poderia acrescentar de US$ 12 trilhões até US$ 28 trilhões ao PIB mundial no ano de 2025.

As empresas que investem em reduzir as desigualdades de gênero percebem aumento em 41% dos lucros, segundo dados do Journal of Economics & Management Strategy, (2014) “Diversity, Social Goods Provision, and Performance in the Firm.e McKinsey & Company (2015) “Diversity Matters”.

Um levantamento do Fundo Monetário Internacional em 2018, mostrou que se houvesse mais representatividade de mulheres em posições de liderança em instituições financeiras, como bancos e agências reguladoras, haveria maior estabilidade financeira, com menos chances de crises econômicas. 

Atualmente, menos de 2% das CEOs das instituições financeiras globais são mulheres e menos de 20% fazem parte dos conselhos dessas instituições, apesar do grande número de oferta de mulheres capacitadas para ocupar esses cargos.

Desde o começo da pandemia da Covid-19, iniciada em 2020, países liderados por mulheres tiveram as melhores respostas ao coronavírus. Graças a essas líderes competentes que, segundo a Forbes tiveram as melhores estratégias para lidar com essa situação tão difícil,, e trabalharam comprometidas com a verdade, decisão e investimentos em ciência e tecnologia, destacando países como: Alemanha, Noruega, Twain, Dinamarca, Nova Zelândia e Islândia no combate a Covid. 

Apesar de tantos desafios, vemos um lento avanço no aumento estatístico de mulheres ocupando profissões ocupadas por homens e cargos de liderança, mas ainda há um longo caminho para se percorrer. 

Para ajudar empresas que querem criar, implantar ou melhorar uma política de diversidade e inclusão que vise reduzir as desigualdades de gênero, conheça os serviços da Todxs Consultoria.

As políticas de diversidade e inclusão das empresas precisam assumir sua responsabilidade diante de um cenário de impacto socioeconômico tão grande. Existe a oferta de mulheres profissionais capacitadas, e é preciso criar as oportunidades. 

Garantir igualdade de gênero é uma estratégia de responsabilidade social, econômica e sem dúvida um dos primeiros passos na construção de uma sociedade mais justa, igualitária e inclusiva.

Claudia Rodrigues

Gerente em Diversidade, Saúde Integral e Cidadania, Mentora de Mulheres, Educação Corporativa |Liderança |Carreira |Consultora (DISC) |Coach |Learning Experience

9 m

Vc é o melhor que nós temos...rs. Brincadeiras à parte, eu quero dizer que tenho um orgulho, um sentimento tão prazeroso quando vejo suas produções, que só me resta dizer: Obrigada, por ser quem vc é e de ter tanto compromisso com o que entrega. Um bj meu amigo querido.

Entre para ver ou adicionar um comentário

Outras pessoas também visualizaram

Conferir tópicos