Iluminar Ambiguidades Salva Carreiras e Negócios

Iluminar Ambiguidades Salva Carreiras e Negócios

Você se sente ansioso quando precisa tomar decisões críticas em contextos ambíguos? Identifica quem são e o que aportam os intervenientes? O impacto de diferentes alternativas de decisão?

Talvez precise aprimorar suas habilidades em lidar com ambiguidades!

Ambiguidade é a falta de clareza e a possibilidade de múltiplas interpretações sobre o que está acontecendo, em ambientes complexos e incertos, no contexto competitivo do negócio e na política da organização, tornando desafiador tomar decisões que impactam sua carreira. É importante então formar perspectivas sólidas sobre o cenário ainda encoberto, transformando situações incertas em oportunidades lançadas no momento adequado.

Entretanto, navegar com sucesso em situações ambíguas demanda o corajoso trabalho de renunciar a alguns dos seus vieses cognitivos desenvolvidos por experiências, crenças e valores que têm suportado sua progressão profissional, mas que se tornaram inadequados à solução da complexa situação que está vivendo.

Vieses cognitivos são padrões sistemáticos de desvios nas percepções, julgamentos e tomadas de decisão resultantes de atalhos mentais que o cérebro aprendeu a utilizar para processar informações[1]; são como binóculos que nos aproximam do que chama nossa atenção e queremos explorar em detalhe, mas que nos fazem perder de vista a amplitude e a profundidade de todo o sistema no qual as decisões que precisaremos tomar serão eficazes.

Jennifer Garvey-Berger[2], renomada autora e consultora conhecida por seu trabalho centrado na transformação pessoal e profissional, sugere três hábitos mentais que, em ambientes complexos, apoiam o desenvolvimento de uma visão abrangente e profunda sobre onde estamos e ajudam a iluminar o que está por vir. São hábitos que desenvolvo durante o coaching, ensaiados e praticados durante as sessões e que enriquecem a vida do cliente ao fim do projeto.

Fazer perguntas diferentes: vieses de confirmação[3] ou de aversão a perdas[4] limitam a nossa capacidade de avaliar a situação na qual estão imersos. No papel de “advogado do diabo” provoco em meus clientes reflexões até então inusitadas: Que outras premissas poderia considerar? Onde pode estar errado? O que pode acontecer de melhor (ou pior) se determinada situação se confirmar? Como entenderia o impacto sobre sua carreira ou sobre a organização?.

Abraçar múltiplas perspectivas: vieses de efeito-de-grupo (groupthink)[5] ou de girassol[6], também podem ofuscar sua visão sobre o que está realmente acontecendo, pois fazem com que você se alinhe às propostas emergindo de um grupo ou de um indivíduo em posição de poder sem que você se sinta confortável em colocar suas perspectivas. Pode não ser apenas a insegurança inicial em uma nova posição, mas vieses desenvolvidos ao longo da vida ou da carreira que o têm levado a reboque para posições mais altas...

Provoco meus clientes a conhecerem limitações autoimpostas por meio de perguntas como: O que realmente pensa/acredita sobre a direção que o tema está tomando? Que preocupações fazem com que se omita? O que pode acontecer se tiver que debater sobre perspectivas distintas ou opostas às suas? Por que acredita que a reação será negativa? Como poderia se preparar para se apresentar de forma bem fundamentada? Como pode avaliar/testar sua perspectiva antes de apresentá-la? E se tiver sucesso em sua exposição?

Enxergar a dinâmica do sistema: vieses de âncora[7], de disponibilidade[8], de otimismo[9] ou o seu oposto, o de confirmação negativa[10], também limitam a exploração do dilema, o que é crítico para o sucesso em um ambiente complexo e em acelerada mudança.

Iluminar a ambiguidade pode ser feito por meio de perguntas como: Quem mais pode estar envolvido? O que cada um aporta? Como sabe? Sente-se seguro do que sabe? Quem são seus aliados? Que critérios está usando para determinar sucesso? Como saberá que chegou ao melhor entendimento no tempo que tem? Como se mover (ou a organização) para tentar maximizar suas possibilidades de êxito?

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São perguntas que uso em coaching quando se torna visível que vieses limitadores estão sendo empregados nos dilemas ou situações trazidos para as sessões. E, evidentemente, são questões que você pode propor a si mesmo/a em autorreflexão (ainda que vieses têm como característica a permanência, ou não seriam vieses) .

Mesmo baseado no apoio a uma situação específica, o coaching ético e profissional tem foco em “inspirar o cliente a maximizar o seu potencial pessoal e profissional (definição da ICF para coaching)”, ou seja, o coach profissional deve apoiar o cliente, sempre que possível, a ampliar a sua visão do mundo além do dilema ou problema específico trazido para o coaching.

Será que seus vieses estão o/a levando para decisões críticas que poderão ser “infelizes”? Que vieses são esses? Que perguntas você NÃO está se fazendo?

Se estiver interessado/a em explorar um pouco mais profundamente como seus vieses podem estar limitando-o/a, podemos conversar (reservadamente) sobre a ambiguidade que você está enfrentando... entre em contato por meio do LinkedIn.


[1] Tversky, A., & Kahneman, D. (1974). Judgment under uncertainty: Heuristics and biases. Science, 185(4157), 1124-1131.

[2] Garvey Berger, J. (2025). Changing on the Job (2nd ed.). Stanford Business Books

[3] Tendência em focar o pensar em dados ou evidências que suportem a hipótese que nos favorece ou beneficia

[4]  Tendência a dar maior relevância a perdas do que a ganhos, e que nos leva a tentar limitar perdas e a não explorar ganhos possíveis ou potenciais

[5] Tendência a apoiar ou defender ideias que pareçam ser o consenso do grupo, sem expressar as ideias próprias quando diferem do que parece estar emergindo

[6] Tendência a procurar adivinhar o que a liderança gostaria de ouvir, e não expressar seus pontos de vista

[7] Tendência a se fixar na primeira informação recebida e usá-la como referência para decisões subsequentes

[8] Tendência a procurar e usar a frequência de exemplos como indicador da probabilidade de algo acontecer

[9] Tendência a ver eventos positivos como mais prováveis de acontecer, e que os negativos afetarão os outros

[10] Tendência de dar mais importância a informações negativas do que positivas

Flavio K., parabéns pelo artigo, muito importante enfatizar a necessidade dos profissionais aprimorarem suas habilidades para trabalhar com ambiguidades que em muitas vezes se torna ainda mais complexas em empresas familiares, onde a ambiguidade pode ser resultado de situações vividas fora da empresa. Nesses casos, um gestor experiente, imparcial e sem viesses pode atuar como mediador e facilitar o processo decisório.

Excelentes perguntas Flavio! Obrigada por compartilhar :)

Jose Roberto De Barros Filho

Coach Executivo (líderes e equipes) - PCC ICF

1 d

Muito bom seu artigo Flávio! E nós Coaches Profissionais podemos ajudar nossos clientes a colocar mais luz nestas ambiguidades!

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