A ILUSÃO DOS ATALHOS NA EDUCAÇÃO: REFLEXÕES SOBRE A FORMAÇÃO PROFISSIONAL

A ILUSÃO DOS ATALHOS NA EDUCAÇÃO: REFLEXÕES SOBRE A FORMAÇÃO PROFISSIONAL

Recentemente, participei de um debate instigante sobre um post que afirmava: "Não sei fazer, mas, se você me orientar, eu aprendo e faço bem feito." Essa declaração, à primeira vista, pode parecer uma demonstração de humildade e disposição para aprender. No entanto, ao analisarmos mais profundamente, percebemos que ela esconde uma problemática crescente no cenário educacional e profissional: a busca por atalhos na formação e a expectativa irreal de que o mercado de trabalho suprirá lacunas deixadas pela educação formal.

 

A cultura dos atalhos

Nos últimos anos, observamos um aumento na oferta de cursos de curta duração que prometem formar profissionais em tempo recorde. Embora esses cursos possam ser válidos em contextos específicos, é preocupante quando se tornam a principal via de formação para áreas que exigem conhecimento aprofundado e habilidades complexas. A promessa de uma formação rápida muitas vezes seduz estudantes que buscam ingressar rapidamente no mercado de trabalho, mas que acabam negligenciando a profundidade necessária para exercer suas futuras profissões com competência.

 

A realidade do aprendizado

O atual quadro mostra que muitos estudantes passam mais tempo em atividades sociais do que dedicados ao estudo sério e comprometido. Temos a impressão de que muitos universitários se graduarão em “chopologia” ou serão degustadores profissionais, uma vez que não saem do bar durante as aulas... No meu tempo, estes alunos eram chamados de Bartira (tudo o que eles ganham, o bar tira!).

Essa atitude resulta em uma formação superficial, onde o verdadeiro aprendizado é deixado de lado. Quando confrontados com a realidade do mercado de trabalho, esses profissionais se veem despreparados e, muitas vezes, culpam as instituições de ensino por sua falta de preparo prático.

O cenário fica pior ainda quando se trata de universidade pública, onde os professores ao invés de ministrar aulas, se prestam à doutrinação política de alunos.

 

O impacto no mercado de trabalho

Essa mentalidade de buscar atalhos não apenas prejudica o próprio estudante, mas também impacta negativamente o mercado de trabalho. Empresas enfrentam o desafio de lidar com candidatos que, apesar de possuírem diplomas, não têm o conhecimento ou as habilidades necessárias para desempenhar suas funções de maneira eficaz. A expectativa de que a empresa irá ensinar o que deveria ter sido aprendido durante anos de estudo é, no mínimo, irrealista e coloca uma pressão indevida sobre os empregadores.

Infelizmente temos milhões de desempregados e, podendo a empresa escolher entre o com sólida formação e o com formação questionável, por óbvio que a escolha recairá sobre aquele que possui boa formação.

 

A responsabilidade pelo aprendizado

É fundamental reconhecer que a educação é um investimento sério e que a responsabilidade pelo aprendizado é, em grande parte, do próprio estudante. Instituições de ensino oferecem as ferramentas e o ambiente necessário para o desenvolvimento, mas cabe ao aluno aproveitar essas oportunidades de forma plena. Profissões complexas exigem uma base sólida de conhecimento que não pode ser adquirida de forma superficial ou apressada.

Além de que, nos dias atuais, temos o conhecimento na palma das mãos... Ao invés de ficar dando “like” em postagens inúteis e sem sentido, por que os estudantes não buscam conhecimento no YouTube, por exemplo? Há 50 anos atrás, este conhecimento só estava acessível nas bibliotecas!

 

Repensar nossa cultura

Inspirado pelo debate sobre o post, este artigo busca ressaltar a importância de uma formação sólida e comprometida. É hora de repensar a cultura dos atalhos na educação e valorizar o aprendizado profundo e contínuo. Uma pós graduação não compensa uma graduação mal feita! Aliás, comece a resolver suas deficiências pelo ensino fundamental.

Somente assim poderemos formar profissionais verdadeiramente capacitados e preparados para enfrentar os desafios do mercado de trabalho. A educação é um caminho que exige dedicação e esforço, e não há substituto para o tempo e a experiência necessários para se tornar um especialista em qualquer área.

Poucos querem discutir, debater este tema. Há muitos interessados em manter a situação como está por comodidade.

Renato Dutra

Engenheiro de Segurança do Trabalho l Engenheiro de Produção I Consultor em Segurança do Trabalho e Meio Ambiente I Docente I Palestrante I Criador de Conteúdos Digitais

4 m

Como dia um professor meu do curso de Engenharia... Fraco na teoria, fraco nos exercícios...rsrs

Entre para ver ou adicionar um comentário

Outros artigos de Vendrame Antonio Carlos

Outras pessoas também visualizaram

Conferir tópicos