Implantando o BIM na CME – Parte 2: A primeira tentativa
Equipe da CME que participou do treinamento em Revit em 2014

Implantando o BIM na CME – Parte 2: A primeira tentativa

Na última semana o postei o primeiro de uma série de textos onde pretendo descrever o processo de implantação da plataforma BIM no escritório de projetos da CME, empresa em que atuo há seis anos como coordenador de projetos. Neste texto escrevi algumas das várias dificuldades que se enfrenta nesse processo. Hoje irei lembrar um pouco da frustrada primeira tentativa de fazer a migração.

Em 2014 eu já conhecia o Revit, já havia feito, alguns anos antes, um curso básico em que pude aprender os primeiros passos no programa. Tendo em vista que a CME constrói seus prédios utilizando uma metodologia modular quase que completamente industrial e possuía uma equipe de projetistas comprometida com um trabalho de qualidade, acreditei que era o momento certo de utilizar o BIM nas rotinas de trabalho.

Primeiramente conversei com os demais projetistas sobre a possibilidade de migração para o Revit e tudo o que isso representaria nos nossos projetos e para eles no mercado que se desenhava. É importante dizer que a equipe de projetos complementares da CME é terceirizada e não atua fisicamente dentro do escritório, o que comprometia em muito o fluxo de trabalho entre as disciplinas num eventual uso do software. Todos toparam prontamente. Em seguida conversei com a diretoria da empresa que entendeu que a mudança era não só benéfica como necessária. O BIM criaria uma rotina de desenvolvimento de projeto que nos traria a agilidade e assertividade que tanto precisávamos para sermos mais competitivos. Conseguimos desenvolver um curso junto à uma escola de softwares de Belo Horizonte que possibilitasse uma linguagem que arquitetos e engenheiros diversos pudessem entender e com uma duração que todos pudessem participar.

Com tudo resolvido demos início ao curso. Toda a equipe CME, arquitetos, engenheiros e projetistas em geral acompanhando o curso, que correu de maneira satisfatória e com grande aproveitamento de todos nós. No entanto logo quando voltamos ao escritório e começamos o processo de desenvolvimento de famílias começamos a esbarrar em diversos problemas. O curso era num nível básico e o trabalho do dia a dia exige um conhecimento avançado sobre determinadas ferramentas. Ações simples no programa se transformavam em barreiras quase que instransponíveis. Descobrimos também a grande dificuldade de trabalhar com determinados elementos construtivos que para nós eram essenciais e com ferramentas desenvolvidas que o Revit ainda não dispunha para a completa execução dos desenhos.

Dessa maneira o projeto arquitetônico, o mínimo para iniciar um projeto piloto entre todas disciplinas, não avançava e com isso o conhecimento adquirido pelos participantes foi minguando. Juntou-se a isso o fato de estarmos envolvidos em três projetos simultâneos, reduzindo drasticamente nosso tempo de estudo. E dessa maneira todo o investimento foi jogado fora, um prejuízo difícil de absorver, entender, de explicar.

Dessa primeira tentativa seguiram alguns aprendizados:

·        Conheça bem a metodologia BIM e seus programas, seus potenciais e suas limitações. Tenha certeza de que mudanças e melhorias virão com a sua implementação;

·        Trace um plano com metas a curto, médio e longo prazo. Falarei destas metas num próximo texto, mas tenha em mente que toda uma mudança cultural não acontecerá do dia para a noite. Pense no que pode ser feito considerando o capital financeiro, intelectual e de tempo que você dispõe;

·        Deixe claro a todos os envolvidos as metas que você estipulou. Todos devem compreender o processo para inclusive evitar ansiedades e frustrações;

·        Tenha tempo livre para o projeto piloto. Sabemos o quão arriscado é iniciar um projeto aonde temos prazos e níveis de qualidade a serem alcançados. Eu acredito que o ideal é desenvolver um projeto no Revit que já tenha sido executado. O projeto piloto servirá para ver as dificuldades e diminuir a curva de aprendizado. Tenha tempo livre para isso e certifique-se de que todos terão!

·        Busque consultorias de implantação que possam auxiliar durante a migração. Dúvidas ao longo do processo podem travar irremediavelmente a implementação.

Enfim, é assim mesmo. Como já disseram e eu acredito – O fracasso é a base do sucesso.

Conte aqui a sua experiência com a implementação do BIM no seu escritório. Por quê deu certo? Por quê deu errado? Quais as lições aprendidas?

Vamos crescer juntos!

Entre para ver ou adicionar um comentário

Outros artigos de Bruno Pylro

Outras pessoas também visualizaram

Conferir tópicos