Lembra-se do Pedro gritando? É uma cilada Bino!
Por *Alberto Neto | De Goiânia (GO).
E lá se foram 4 anos desde o último “fla-flu”. Perdoe-me caro leitor, mas não falo do clássico jogo de futebol, mas sim de política. Sei que o tema é espinhoso, afinal ninguém, em tempos tão estranhos, querem falar a respeito. Atrevo-me a falar e sei que serei criticado. Vamos em frente.
A eleição de 2014 deixou marcar profundas na sociedade brasileira. Dilma venceu a eleição, mas, as custas de um estelionato eleitoral. Não teve vida longa, mas não pelo deslize cometido na campanha eleitoral, mas principalmente, pela falta de diálogo com o congresso. O “playboy” das Minas Gerais, refiro-me a Aécio Neves, viu-se “despido” diante da república. Ficou em maus lençóis. A crise política e econômica agravou-se e a caça às bruxas levou ao impedimento da “presidenta”. A solução, era a pacificação do país, através do seu vice, “a ponte chamada Michel Temer”. Ele foi alçado a posição de presidente com a missão de resgatar o país do “fundo do poço” e reativar a economia. Ele tinha chance, mas naufragou. Nas “flechadas” do Janot e nas tentativas de salvar-se no mandato, foi-se a esperança. Só um presidente eleito pelo povo, poderia ter legitimidade para fazer o que precisa ser feito.
Chegamos na eleição. Agora é a hora. Precisamos dar um “mandato” para se tentar resolver os problemas da nação. O problema é que estamos entrando em um novo “fla-flu”. A divisão se acentua. A disputa está se tornando um plebiscito. Eu quero o PT ou eu não quero o PT. As entrevistas aos candidatos mais se parecem ser aulas de “moral e cívica”. Gente, estamos há 15 dias do primeiro turno e não discutimos o que precisa ser discutido. Jesus, tenha misericórdia. Parece que estamos em um “delírio coletivo”.
Seria bom se discutíssemos. Farei aqui algumas perguntas que não vi os candidatos discutirem e não estão sendo feitas. Como se resolver o problema das contas públicas? As despesas com salários dos funcionários públicos e custeio da máquina dos estados e da União são insustentáveis. Na “república das bananas”, quem tem mais, ganha mais. O grupo mais organizado e com mais influência, ganha mais aumento. Cadê as propostas para se resolver o problema da previdência? Não me venham dizer que não há problema na previdência, isso é matemática. Cadê as propostas para retomar o emprego? São 13 milhões de desempregados e somando-se os desalentados e os que deixaram de procurar emprego são 25 milhões de brasileiros. Somos 63 milhões de negativados no SPC. Todos os dias, quase 10 milhões de pessoas convivem com a fome, como dar assistência e tirar essas pessoas desse quadro? Como vamos resolver os problemas da segurança pública? Quase 65 mil homicídios por ano. Como resolver os problemas financeiros dos estados? Todos estão caminhando para ser o Rio de Janeiro do futuro. Como melhorar a gestão dos investimentos feitos em educação e saúde? Sim, os investimentos não são pequenos, mas são maus geridos, seja por ineficiência ou corrupção. Apenas 66% dos lares brasileiros tem saneamento básico, como resolver isso? Como incentivar o empreendedorismo, sermos mais produtivos, dar acesso a crédito mais barato e promover uma redução de impostos? São muitas perguntas e não vi jornalistas preocupados com nada disso. Acho que o que tem sido feito pela grande mídia é um desserviço. O nível do debate na eleição é assustador.
Sou contra a corrução, apoio a Lavajato e deixo bem claro isso. Entendo que os programas sociais do PT são importantes, mas lembro que eles aparelharam o Estado e não fizeram autocrítica. Eles erraram feio em muitas coisas e acham que foram vítimas. Deveriam ter ficado para agonizar e colher os frutos da incompetência deles. Por outro lado, acho que o tema da segurança, abordado por Bolsonaro é importante e acho que um presidente precisa governar pelo “exemplo”, mas ele é de longe o mais incoerente. Procure, sem paixão e vai encontrar muita coisa. São 28 anos como deputado e ele não fez nada a não ser votar com o PT. Sempre foi a favor de um “estado grande” e agora virou liberal? Por que escolher um militar para ser vice? Se o Bolsonaro sair, isso não é improvável, teremos um presidente militar, é isso produção? Já deu pra perceber que não voto em nenhum dos dois. Penso que retrocederemos em qualquer um dos casos.
Quem ganhar a eleição, precisa ter programa, precisa ter equipe, precisa negociar com o congresso (serão os mesmos: Jucas, Renans, Barbalhos), precisa dialogar com o perdedor e governar para o país. Sinceramente, preferia ter uma opção ao centro, que entendesse a importância dos dois lados do espectro. Os dois lados têm virtudes. Esses extremos me assustam. Infelizmente, não está caminhando para ser assim.
Estamos acreditando em soluções fáceis, em bravatas, no populismo. E lembro pra aqueles que dizem que só existem dois lados, a eleição não aconteceu. Não importa se a direita ou a esquerda. Estamos acreditando no voto do ódio, da intolerância com o diferente, contra os políticos e a política, contra a corrupção. Estamos cometendo o mesmo erro. Vamos desperdiçar mais 4 anos. Lamento informar, mas não há solução fora da política e do diálogo. E você que me lê, empregado de empresa privada, funcionário público, autônomo, empresário, que pensa, o que tenho a ver com isso? Respondo. Tudo. A falta das discussões acima, vão atingir você. Você está dando um cheque assinado em branco. Não vai ter emprego, não vai ter salário (nem pro funcionário público), não vai ter casa própria, nem carro novo, nem viagens, não vai ter como limpar o nome, não vai ter saneamento, nem saúde no Cais, nem escola para os filhos e para os que são empresários, não vai ter venda e nem lucro. Vamos continuar regredindo. Vai ser uma versão tropical do Livro de Apocalipse da Bíblia? Espero, sinceramente que não e que eu esteja errado, mas é o que estou vendo com o que temos até aqui. E olha que falo tudo isso por que sou otimista, mas fica difícil com essas escolhas, com esse cenário. Acorda eleitor. “É uma cilada, Bino!”