Mona Lisa inacabada: um relato de uma professora procrastinadora

Esses dias, interagindo com minhas seguidoras via Stories do Instagram, levantamos a seguinte questão: "O que impede as nossas realizações?"

Para facilitar a reflexão propus um alfabeto de "motivos" que podem estar nos aprisionando e perguntei para as mais de 300 professoras que estavam acompanhando aquele storytelling, com qual letra elas se identificavam. A maioria esmagadora apontou a LETRA T: procrastinação.

Há quem diga que a procrastinação é um comportamento contemporâneo, mas pesquisas recentes mostram que isto é mais antigo que a Mona Lisa!

Segundo biógrafos, a pintura que hoje é o carro chefe do Louvre está inacabada. E esta é apenas uma das provas que indicam que da Vinci era um procrastinador notório. - Super Interessante - Grupo Abril

Eu poderia usar essa desculpa para mim mesma na próxima vez que eu estiver procrastinando: "Se o gênio da Vinci conseguiu ter reconhecimento mesmo procrastinando, eu também consigo!" - mas como dizem na linguagem popular: "hashtag só que não!"

Do que vale o reconhecimento se você não está aqui para senti-lo? Será que precisamos envelhecer para ver nossos projetos concluídos?

Como "PhD" em procrastinação venho lendo muito sobre isso, afinal é preciso conhecer bem nosso oponente para conseguir derrotá-lo. Não, eu não fui exagerada! A luta contra a procrastinação é uma realidade para quem já identificou em si mesmo esse comportamento.

E é uma luta desleal, tendo em vista que a procrastinação é como os Gremlins, vão se multiplicando até você perder o controle. É um comportamento cíclico: você posterga determinada tarefa. Buscando se sentir melhor você vai fazer uma outra tarefa (geralmente algo de menor importância) e, sim, você se sente bem por algumas horas, mas depois as tarefas vão se acumulando e o que parecia simples de fazer torna-se infinitamente mais desafiador, então você posterga e o ciclo se inicia novamente, até o deadline chegar.

Mas é aí que está a "cilada Bino"! Geralmente nossos sonhos não tem uma data limite para ser concluído ou realizado e quem é responsável por isso? Eu e você!

Quero compartilhar como venho enfraquecendo minha procrastinação:

1. Reconheci que sou procrastinadora. Eu trouxe isso para minha consciência.
2. Entendi a diferença entre procrastinação e preguiça. Enquanto na primeira o sujeito posterga a tarefa, na segunda ele não faz e não há comprometimento. Aliás, comprometimento é o que não me falta.
3. Compreendi que não preciso fazer tudo de uma vez. Posso fazer aos poucos e essa permissão quem nos dá, somos nós mesmos.
4. Para as tarefas que já possuem uma data limite para sua realização, eu simplesmente aceito que vou fazer no último dia e não fico mais ansiosa por isso. Automaticamente, na maioria das vezes (não em todas, risos) o simples fato de estar mais relaxada me deixa entrar no flow de execução.
5. Testei alguns métodos de produtividade, como o Pomodoro e o princípio de Pareto, mas como a procrastinação está intimamente ligada a saúde mental, o que mais me ajuda são minhas sessões de terapia. Sim! O autoconhecimento para mim é a chave da vitória, isso porque na maioria das vezes, nossas emoções negativas e crenças limitantes se disfarçam de procrastinação, exatamente para sabotar nossos sonhos.

E aqui vai o último compartilhamento: não desistam da sua Mona Lisa! Todos os dias eu luto pelos meus sonhos. É rasteira em procrastinação, soco na ansiedade, chute na insegurança. Tem dias que eu venço, tem outros que perco feio, mas o lema é "tentar" vencer, porque tentar já é uma ação.

Quanto aos Stories do Instagram, prometi para minhas seguidoras que iria escrever um artigo sobre procrastinação e postar na minha Newsletter que vai ao ar na quarta-feira dia 20/07. Nesse momento olho no relógio e vejo dia 19/07 e no relógio 23:32. É! Novamente deixei para a última hora. Poxa, mas se até o Da Vinci era procrastinador...