Nossa reatividade funciona de forma diferente (não saia correndo, ok)
Continuando sobre o tema (se não leu o anterior, volte uma casinha, rs), afinal, sim entendo que há muito a ser abordado nos tipos de comportamentos que as crianças possuem, e que obviamente muito disso é levado até a fase adulta (eis que temos muitos adultos com síndrome de Peter Pan não é mesmo? Pitadinha de leve). Sim, eu trago coisas do meu dia a dia, e não, não é inconsciente, é muito consciente. Esse tipo de conhecimento vem me ajudando a olhar com um "pouco" mais de cuidado para algumas certezas que eu tinha, até então.
Como falei anteriormente (artigo As Fantásticas Maskrobarn e Orkidebarn) o momento do nascimento já é por si só estressante, viemos ao mundo gritando e buscando uma nova forma de respirar, por isso de tanto choro. É uma experiência que nos leva ao extremo, e tudo aquilo que nos leva ao extremo nos diz muito a respeito de quem somos, como reagimos, e tanto mais. É quase que um teste de reatividade, já nos primeiros momentos de vida, e algumas visões muito simplistas das coisas acabam que correndo na contramão das complexidades muitas vezes profunda do nosso verdadeiro caráter(isticas).
Chegamos a um ponto ainda mais relevante que podemos colocar como "tanto/quanto" e não "isso ou aquilo", ou seja, muito se diz sobre genes, que muito de tudo vem "demarcado" em nosso DNA, sim e com certeza. Mas, e o ambiente? Não tem nenhum poder sobre nada? Ou interligar somente ao ambiente também não seria tão certo assim, pois senão não ouviríamos algumas vezes: "mas poxa ele(a) tem condições tão boas, pais tão atenciosos, cuidados e ainda assim seguiu por X caminho", pois é aí que entra a interação entre genes e ambiente e não "isso ou aquilo". Seria simplista demais ver dessa forma (por favor, não sejamos simplistas nesse caso). Nesse ponto, cheguei à conclusão onde o autor muito bem coloca sobre a "fusão de efeitos combinados", ou seja, "um mais um não é igual a dois, mas sim três ou quatro", dessa forma há sinergia entre dois ou mais destes componentes para que haja algum efeito combinado (genes, ambientes, biologia, experiências).
Que o nosso cérebro é fascinante, isso já sabemos (e aos que ainda tem dúvidas, podem ter certeza), mas além disso, temos ainda muito o que aprender sobre o funcionamento deste, nas mais diferentes pessoas que há nesse mundão (e olha que há gente nesse mundo hemm). Algumas descobertas sobre os hemisférios do nosso cérebro nos permitem entender (ao menos em parte) o porquê agimos do jeito que agimos, o porquê Crianças Orquídeas ou Dentes de leão, são do jeito que são. A nossa personalidade está inteiramente ligada ao modo de funcionamento deste que carregamos diariamente aonde quer que vamos. O modo que fazemos determinadas coisas e o porquê fazemos, ao compreender isso passamos a ser capazes de (tentar) entender a nós e aos que nos cercam.
Diante de diversos estudos e experimentos no decorrer dos anos, foi possível constatar um nível de sensibilidade diferente nessas crianças. Onde: Orquídeas - "com alta reatividade de luta ou fuga e inibidas, tinham maiores dificuldades no ambiente escolar quando havia um certo conflito com os professores, enquanto crianças com o mesmo índice de reatividade e com pouco ou nenhum conflito, não demonstravam tanta ou nenhuma dificuldade. Já as Dentes de leão: com pouquíssima sensibilidade, sem timidez, quase não eram afetadas por esses mesmos conflitos, se é que eram afetadas. Com isso chegamos aquela perguntinha: Por que reagimos de formas diferentes? Por que mesmo que duas crianças sejam criadas no mesmo ambiente, possuem formatos completamente diferentes de reação?
Temos aqui questões que envolvem uma longa compreensão do nosso "córtex pré-frontal" e todas as suas conexões (muito amplo, não vou adentrar nisso, calma, rsrs). Portanto, posso concluir que temos sim diferenças genéticas, mesmo quando somos "filhos dos mesmos pais", mas como nos sentimos e reagimos dentro do ambiente irá implicar e muito para que sejamos um ou outro (Orquídeas ou Dentes de leão). Agora me diz, você acha mesmo que isso não continua ao decorrer da fase adulta? (Pitadinha: Não podemos exigir que as reações sejam as mesmas em diferentes pessoas, ok). Mas voltando, crianças criadas pelos mesmos pais e no mesmo ambiente, com a mesma educação tem experiências completamente diferentes, temos algo chamado "codificação", ou seja, a maneira como algumas crianças (pessoas) codifica as experiências são diferentes, e ainda que o ambiente seja o mesmo, nos apegamos a partes dessas experiências de forma oposta. Sabe aquela coisa: Causa e efeito, pois bem, eles são diferentes de acordo com a nossa pré-disposição.
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O tipo de criação pode e irá influenciar muito o desenvolvimento, a inteligência e o comportamento. Mas, fica claro se repararmos, existem crianças que mesmo em ambientes com aridez e frieza progridem, e não paralisam, ou não desenvolvem nenhum tipo de confusão no seu desenvolvimento. Enquanto outras, mesmo em ambientes ricos materialmente e emocionalmente falando, acabam criando perturbações que não a permitem se desenvolver da mesma forma "adequada" que a anterior. Exemplo: Meu ambiente familiar crítico e com diversos conflitos, me fizeram deslanchar para a vida (nem sempre, ou na maioria das vezes necessitando de um esforço além do normal, com escolhas muitas vezes erradas, e tomadas com base nos exemplos que tive no decorrer da formação, mas ainda assim, deslanchei, fui só fui), enquanto outros que ali conviviam, mesmo ambiente, mesma educação, tomaram caminhos completamente decadentes e assim, permanecem até hoje. Ou seja, genes e ambientes afetam sim, mas não é só isso ou aquilo. Entendeu? A realidade de um ambiente não é e não será o mesmo para cada criança, individualmente falando. Concluindo, esse fato (não é um fato banal) de uma criança ter tido um início de vida difícil, onde todos nós temos (lembrem-se do momento do nascimento, ele é o mesmo para todos), mas a forma que o nosso cérebro responde a isso, é completamente diferente, nossa reatividade funciona de forma diferente, e por isso não posso de forma alguma esperar que a mesma reação que eu tive ou tenho, seja a mesma que os meus irmãos, tiveram ou tem até hoje. E nos mais diversos ambiente que vivemos, jamais devemos esperar ou exigir isso.
Logo mais, continuo sobre essas duas formas de lidar com os fatores externos.
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Fontes: (vozes da minha cabeça – pegadinha do malandro)
Livro: A criança orquídea – por que algumas crianças têm dificuldades e o que fazer para que todas floresçam – W. Thomas Boyce.