O Absolutismo de Marcelo Odebrecht

O Absolutismo era uma organização política na qual o soberano concentrava todos os poderes do Estado em suas mãos. Denominado de “Antigo Regime” - correspondente ao período entre os séculos XIV e XVIII -, nasceu na França, com Luís XIV, também conhecido como “Rei Sol”, em virtude de ter escolhido um emblema com esta figura para representá-lo. Sua declaração “o Estado sou eu” resume com precisão o conceito de direito divino dos reis.

Tal organização política se tratava de uma centralização política nas mãos do Rei, no qual o monarca, naturalmente, buscava um sistema de governo onde pudesse exercer o máximo de seu poder, sem interferência da igreja nem dos senhores locais. O Rei era auxiliado pela classe burguesa, que visava seus próprios lucros: o fim de diversos impostos e taxas existentes em regiões de um mesmo país em mãos de líderes regionais diferentes.

A nobreza que acompanhava o rei, por sua vez, era uma classe exclusivamente parasitária, que vivia na corte sem qualquer ocupação definida. Apenas estava ali para apoiá-lo irrestritamente e também para acompanhar o controle militar de certa região a favor de seu monarca.

Em 29 de outubro de 2015, o maior empreiteiro do país, Marcelo Odebrecht, afirmou perante o juiz federal Sérgio Moro que jamais teria orientado qualquer pagamento de propina e que tal acusação era profundamente injusta.

Repensando, porém, o que seria melhor para si, durante seu depoimento na delação premiada, mudou seu discurso: afirmou que quatro partidos da coligação da chapa Dilma-Temer de 2014 receberam R$ 24 milhões da empreiteira via caixa 2, alegando, ainda, que tal valor, foi destinado para Pros, PDT, PRB, PCdoB. Aliás, as delações da Odebrecht atingem também as cúpulas do PMDB, do PT e do PSDB – não só em nível federal, como também estadual.

Mas os benefícios generosos de Marcelo Odebrecht não se restringem somente ao período acima citado. Pelas delações, inclusive a do ex-presidente executivo e atual presidente do Conselho de Administração da empreiteira, Emílio Odebrecht, houve repasse por meio de caixa 2 para as campanhas eleitorais de Fernando Henrique Cardoso em 1993 e em 1997.

Muitos foram os beneficiados que insistem em não ter conhecimento de nada. Vale ressaltar, entretanto, que mesmo “com ninguém sabendo de nada”, o depoimento dos mais de 76 executivos e ex-executivos das empresas Odebrecht e Braskem – contando ainda com o prestado pelo Emilio Odebrecht -, serviram de base para a decisão do Ministro do Supremo Tribunal Federal, Edson Fachin, autorizar a abertura de investigação contra 8 ministros do governo federal, 3 governadores, 24 senadores e 39 deputados federais.

O que se vê é que todos os investigados parecem ter sido fantoches nas mãos do “Rei” que, ao alimentar seus parasitas, vislumbrou somente os seus lucros, aumentando ainda mais o seu poder.

Enfim... Que o “Rei” permaneça no trono que merece. Que sua “fiel e indissociável nobreza” – que o envaideceu e o alimentou durante anos -, também o acompanhe e, assim, tome seu assento.

O palácio ruiu. O “Rei” está nu.

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