O Conselho e as Finanças das Empresas
O Conselheiro, acima de tudo, deve ter e incentivar a cultura da prestação de constas de forma transparente. Em especial em empresas familiares, o Conselheiro deve provocar discussões transparentes frente aos sócios, fundadores e demais stakeholders envolvidos, pois nesse segmento é mais comum encontrarmos dinâmica administrativa de preservação da informação ou até da não informação. Esse fato pode ocorrer seja pelo hábito de dono em manter suas informações para si, seja por não ter as informações monitoradas e organizadas ou desconhecimento em gestão ou, ainda, por questões familiares, que vão além do negócio.
É ainda mais comum a não transparência informacional quando o tema é financeiro, há maior receio das empresas em apresentar tais dados por inúmeras razões. Vamos nos ater aqui à razão de capacitação, não que seja a única razão para a não informação financeira, mas por ser uma das principais razões pelas quais as empresas deixam de existir. De acordo com o IBGE, 48% das empresas fecham em até 3 anos tendo como principal motivo a falta de gestão financeira eficiente. Apenas por esse indicador, já justifica pensarmos a respeito da importância da matéria para a saúde das empresas.
O fato de muitos fundadores e donos de empresas de pequeno e médio porte não terem conhecimento financeiro suficiente para uma gestão de boa qualidade, não significa que esse empresário seja incapacitado ou que o negócio seja ruim, significa apenas que esse empresário, com cultura de gestão transparente, pode ter auxílio de qualidade que o ajude a perdurar e assegurar continuidade e crescimento. A constituição de conselhos nessas empresas é um caminho de apoio ao empresário na condução do negócio e, neste conselho, deveria buscar conhecimentos multidisciplinares que complementam o empresário e somem ao negócio, com auxílio de visão estratégica, conhecimentos tecnológicos, conhecimentos específicos do setor, em gestão corporativa e com capacidade de lidar com finanças.
Veja que capacidade em lidar com finanças não significa que a solução mágica é ter um conselheiro expert no assunto financeiro, pois isso poderia ser sanado com a contratação de um bom gerente/diretor financeiro. O conselheiro deve ser capaz de lidar com o assunto financeiro, o que significa ter a capacidade de compreensão da informação e, acima de tudo, incentivar a cultura de transparência e capaz de ser questionador na matéria. A perspicácia do conselheiro em fazer a pergunta correta pode desencadear inúmeros avanços na governança, nos processos e políticas de controle e na prática da cultura transparente e ética da informação.
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Mapeamento de risco em finanças, gestão e controles, acessos e alocações, auditorias, dentre outras. Todas as iniciativas que visem melhor acompanhamento e mais qualidade de gestão, trarão menor exposição e irão mitigar riscos. Empresas transparentes e com políticas e procedimentos de controle são capazes de gerar valor, seja no valor da empresa, seja na redução do custo de crédito, por exemplo.
O exercício aqui não é difícil, basta se colocar na posição de um investidor em negócios que tem a possibilidade de adquirir 2 empresas de porte semelhante, em mesmo setor, mesma qualidade de produto e com participação semelhante de mercado. Imagine que as duas são muito parecidas, porém a empresa A tem controles eficientes e apresenta dados reais e mensurados, informações transparentes e detém políticas de controle. Já a empresa B “vive a vida”, as coisas funcionam, mas ninguém sabe dizer exatamente como, não se tem informações claras e não há políticas de controle, ainda assim a companhia tem seu espaço no mercado. No papel do investidor, se o preço fosse o mesmo, qual melhor negócio a comprar? Se o preço não for o mesmo, em qual negócio você faria uma oferta maior? Claro que o exemplo aqui é reducionista, mas visa apenas demonstrar a ideia de que boa gestão eficiente e cultura transparente pode gerar valor.
Ainda que não se espere o conhecimento profundo na matéria por parte dos conselheiros, há um ponto de atenção importante quanto às responsabilidades. O Conselho de Administração tem responsabilidade legal sobre deliberações e, então, deveria ter como grupo, conhecimento da disciplina ou ao menos estar confortável e resguardado de que todas as dúvidas tenham sido sanadas para que uma decisão seja tomada. Já um conselheiro consultivo, quando não há um conselho fiscal ou de administração, acaba fazendo parte nas discussões de finanças e, tal como qualquer conselheiro, não precisa ser expert na matéria, mas exercer a função questionadora em prol do sucesso da companhia, contudo, não tem a função de ser responsável ou de deliberar a respeito do tema. Não obstante, não deve o conselheiro se furtar a ter conhecimentos gerais sobre o assunto, deve ser um generalista e, acima de tudo, questionador.
Diretor de Engenharia | Operação | Construção | Obras | Head Mercado Imobiliário | Real Estate | Mentor | Conselheiro
9 mExcelente reflexão!!! Abs