O fim de uma era ELLE
acervo revista ELLE

O fim de uma era ELLE


Vamos começar assim: jornalismo de moda é assunto tão sério quanto política e economia. O fim de dez meios de comunicação impressos, em sua grande maioria de beleza, comportamento e moda, deve sim chamar a sua atenção. Quando um meio acaba, são vários profissionais demitidos que deixam de ter um espaço sério para poder divulgar seu trabalho, sejam jornalistas, pesquisadores, estilistas, maquiadores, produtores...

A Elle, uma das revistas que não teve seu licenciamento renovado pela editoria Abril, chegou ao Brasil em 1988, momento que o país começava a retomar seu estado democrático. Tive a oportunidade de ter a revista como objeto de estudo da minha conclusão de curso, no final de 2016.

Desde o início, a Elle se propôs a ser muito mais do que uma capa bonita. Repleta de conteúdo questionador sobre padrões, antenada...uma verdadeira vanguarda. Sim, reforçou padrões estéticos do seu universo. Mas com suas estratégias no ano de 2015, fez valer sua fama de contemporânea.

Foi a primeira revista a lançar aplicativo, a trabalhar com realidade ampliada(através do aplicativo era possível ser redirecionado para vídeos que você assistia ainda nas páginas da revista impressa. Uma coisa linda!), a trazer trans em suas capas, a trazer “mulheres normais” e, por que não, fazer uma capa espelhada para que toda e qualquer pessoa fosse “a garota da capa”.

Aí a gente fica aqui, sem entender... como uma revista que buscou inovar, que reagiu às mudanças advindas da tecnologia, acaba assim...?

Enquanto outras, que os professores levam para a sala de aula como amostra do que não é jornalismo (VEJA bem isso...), seguem com suas tiragens?

O rumo do jornalismo é um assunto de meu total interesse... cada vez mais temos veículos sendo fechados, colegas sendo demitidos... e aí, quais os próximos passos? Se as inovações que a ELLE trouxe não foram o suficiente... o que será?

Como sustentar financeiramente um canal de informação sem que a publicidade comande seu faturamento e que as pessoas reconheçam seu valor e convertam isso em assinatura paga?

De uma coisa precisamos ter certeza, o ofício do jornalista em tempos de fake News segue fundamental para o desenvolvimento de uma sociedade... mas não consigo deixar de me questionar sobre o futuro e como contribuir para que ele seja menos nebuloso do que é atualmente... 

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