O Futuro do Agile
Ao final dos anos 70 surgia o conceito de Mundo VUCA, ou seja, um mundo composto por Volatility (volatilidade), Uncertainty (incerteza), Complexity (complexidade) e Ambiguity (ambiguidade). Uma pessoa que tivesse uma loja de eletrônicos nos anos 80, teria que ter preços competitivos, bons produtos, entender de politica interna chinesa de exportação, visto que a grande maioria dos produtos eletrônicos são oriundos da China, acesso a internet e renovações desses produtos, além de oferecer o melhor atendimento. Incontáveis organizações passaram a adotar o termo para orientar na tomada de decisão em meio às mudanças rápidas e aceleradas pela tecnologia. Entretanto, o cenário daquele Mundo Vuca, que existia desde então, foi modificado, principalmente após a chegada da pandemia de coronavírus. O cenário agora é de um Mundo BANI Brittle (Frágil), Anxious (Ansioso), Nonlinear (Não Linear) e Incomprehensible (Incompreensível). Agora ter preços competitivos, bons produtos e o melhor atendimento não é mais suficiente. O cenário no mundo é Incompreensível e, mais do que nunca, a adaptabilidade é o caminho para que profissionais e organizações se mantenham vivos.
Embora a agilidade seja adotada de forma inadequada por organizações e profissionais despreparados, principalmente por modismo, a adaptabilidade capaz de prover a sobrevivência de negócios e profissionais, imperativamente depende da adaptabilidade ao cenário deste mundo BANI.
SER Ágil ou FAZER Ágil. Eis a questão!
A utilização da Abordagem Ágil "by the book'' é um veneno que mata a agilidade. É imperativo termos o conhecimento do porquê, quando e onde aplicar tudo relacionado com agilidade. Muitos profissionais possuem um pensamento equivocado em que acreditam que um certificado os transforma em um profissional em Agilista. Assistir vídeo no YouTube também não transforma ninguém em Agilista do dia pra noite. Copiar modelos de implantação de uma organização para outra também não garante o sucesso da agilidade. Devemos levar em consideração uma série de variáveis: cultura organizacional, segmento de mercado, maturidade dos profissionais, tamanho da organização, tamanho e quantidade de times, etc. A agilidade virou modismo. Para estar na crista da onda é necessário exercitar diariamente a melhoria contínua do conhecimento e por em prática tudo que aprendemos.
A Cultura Ágil
Podemos entender por Cultura Ágil por ideias, comportamentos e práticas agrupadas, as quais foram difundidas no ramo dos negócios, em todos os segmentos, com o advento da Transformação Digital. Nela, aplicamos de uma série de metodologias, métodos, Frameworks, filosofias, com o intuito de assegurar a inspeção, adaptação, correção e entrega, atendendo as demandas e gerando valor nas entregas do.
O ambiente de trabalho que fomenta a Cultura Ágil possui valores sólidos como o colaborativismo e a contribuição. Um ponto extremamente importante e que não podemos confundir. Agilidade não é sinônimo de ausência de qualidade. Muito pelo contrário! A qualidade e a agilidade devem caminhar lado a lado, de mão dadas, evitando assim o retrabalho. Todos concordam que se houver retrabalho deixamos de ser ágil, certo?!. A satisfação do cliente é mandatória, por este motivo, os métodos, Frameworks, filosofias, mindsets ágeis são utilizados para proporcionar entregas contínuas e que sempre agreguem valor ao produto ou serviço.
Os 12 princípios da agilidade
Embora o manifesto ágil se refira muito ao software, a agilidade pode e deve ser utilizada com qualquer desenvolvimento de tipo de produto ou serviço.
0️⃣1️⃣ Nossa maior prioridade é satisfazer o cliente por meio de entrega antecipada e contínua de software valioso.
0️⃣2️⃣ As mudanças de requisitos são bem-vindas, mesmo no final do desenvolvimento. Os processos ágeis aproveitam a mudança para a vantagem competitiva do cliente.
0️⃣3️⃣ Entregar software funcional com frequência regular, priorizando sempre a escala de tempo mais curta.
0️⃣4️⃣ Empresários e desenvolvedores devem trabalhar juntos diariamente ao longo do projeto.
0️⃣5️⃣ Construa projetos em torno de indivíduos motivados, dando a eles o ambiente e o suporte de que precisam, e confie neles para fazer o trabalho. Permita que eles tenham autonomia e auto organização!
0️⃣6️⃣ O método mais eficiente e eficaz de transmitir informações para e dentro de uma equipe de trabalho é com uma conversa cara a cara.
0️⃣7️⃣ O software funcional é a principal medida de progresso.
0️⃣8️⃣ Processos Ágeis promovem o desenvolvimento sustentável. patrocinadores, desenvolvedores e usuários devem ser capazes de manter um ritmo sustentável constante indefinidamente.
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0️⃣9️⃣ Atenção contínua à excelência técnica e um bom design aumenta a agilidade.
1️⃣0️⃣ Simplicidade - a arte de maximizar a quantidade de trabalho não feito - é essencial.
1️⃣1️⃣ As melhores arquiteturas, requisitos e projetos emergem de equipes auto-organizadas.
1️⃣2️⃣ Em intervalos regulares, a equipe reflete sobre como se tornar mais eficaz, então sintoniza e ajusta seu comportamento em conformidade.
O que podemos esperar do futuro?
Hoje o cenário global é BANI. O mundo requer que pessoas e organizações tenham a capacidade de se adaptar na vida e nos negócios. A tecnologia evolui exponencialmente, novos vírus estão sujeitos a aparecer, novas profissões surgirão e outras certamente deixarão de existir. O trabalho repetitivo de "apertar parafuso", a cada dia que passa, tende cada vez mais a ser executado por máquinas, dispositivos autônomos e eletrônicos e meios digitais. Cada vez mais os profissionais precisarão pensar e utilizar um skill tipicamente humano. A criatividade. Novos produtos e serviços sempre continuarão a ser idealizados. Produtos e serviços que se adaptem ao mundo cada vez mais BANI!
E agilidade?
A agilidade é adaptabilidade. Simples assim! Os Frameworks, métodos, metodologias, mindsets e filosofias com Abordagem Ágil estão em evolução. Se adaptam. Por exemplo, SCRUM, Kanban, Lean, OKRs tudo se adapta! Nada é binário. Podemos e devemos utilizar o melhor de cada um, sem seguir uma receita de bolo. Dosando e adaptando as necessidades de cada organização, projeto, maturidade de time, segmento de negócio, etc… Todo esse conjunto de ferramentas, técnicas, Frameworks, métodos e blá, blá, blá… podem ser mesclados e adaptados. Tudo isso é dinâmico. Tudo adaptável, seguindo os princípios do Manifesto Ágil. Hoje o Manifesto Ágil não se resume a software. Tanto que a agilidade é aplicada a qualquer tipo de produto ou serviço.
Profissionais da agilidade
Partindo do princípio que agilidade é adaptabilidade, as profissões também estão em constante transformação e adaptação.
Por exemplo, na década de 80, um programa de computador para ser produzido, dependia de ao menos 3 profissionais. Um programador que escrevia o código em um formulário de papel, um digitador que transcrevia o código escrito a mão no formulário de papel para dentro do computador. Um operador que submetia a compilação do programa e retornava o sucesso ou falha para o programador. Hoje em dia é tudo mais fácil! O próprio desenvolvedor idealiza o código, digita e compila o programa e no final ele mesmo já sabe se houve falha ou não. Conforme temos os avanços tecnológicos, os profissionais precisam se adaptar. Pensando um pouco fora da caixa, e sem viajar muito, podemos concluir que provavelmente em uns 10 anos, um time ágil será formado por desenvolvedores e um Agile Expert que realizará mentoria para vários outros times ágeis.
A tendência é que a figura dos desenvolvedores e os Product Owners serão as mesmas pessoas. Ou seja, o mesmo profissional com papéis acumulados. Os mais puristas podem falar. Mas não pode acumular papel no Scrum! Atualmente, não. Mas, em um futuro próximo, com a popularização das novas tecnologias, tais como o NoCode, o Próprio PO será capaz de desenvolver um sistema sem conhecer linguagem de programação. Cada vez mais o conhecimento do negócio e do produto mesclado com a tecnologia exponencialmente avançada e simplificada apontará novos caminhos para seguir.
Por outro lado, a figura do Desenvolvedor Especialista continuará existindo para tarefas extremamente específicas. Da mesma forma, um Product Owner especialista também existirá.
E o SCRUM Master?
Lembra que os times ágeis são auto organizados e multifuncionais? As competências de um Scrum Master serão absorvidas pelo time de desenvolvimento.
Os profissionais Agile Coach e Agile Master serão consolidados em apenas um. Hoje em dia, já denominam ele de Agile Expert. Ele é um profissional que detém todas as competências necessárias para auxiliar em múltiplos projetos ágeis.
As novas tecnologias ainda abrem um leque bem interessante de profissões. Entre elas Engenheiros de Realidade Virtual, Especialistas em Inteligência Artificial, Designer Holográfico, etc. Lembrando que todos estes acumularão os papéis de Product Owner e Desenvolvedor de Produto ou Serviço.
O futuro é Frágil, Ansioso, Não Linear e Incompreensível. A única certeza é que sem o auxílio da abordagem ágil fica mais complicado.
Analista de Infraestrutura | Azure | AWS | Segurança da Informação | Instrutor de Formação Profissional SENAI
3 aMuito bom