O futuro e o presente do mercado de trabalho: a era das power skills

Por bastante tempo, o profissional ideal era aquele que trazia na bagagem o conhecimento técnico necessário para exercer uma função-chave dentro da empresa. Isso ainda continua assim. Só não é mais suficiente.

Em um mundo imerso em transformação digital, o conhecimento técnico passou a ser um mero requisito básico. Um ingrediente essencial para o sucesso profissional, mas que depende de como o seu detentor transita por outras habilidades comportamentais. Tão necessárias quanto. São as chamadas power skills.

A era das power skills.

As power skills são características e aptidões que potencializam o conhecimento técnico do profissional e lhe dão um repertório mais amplo para lidar com o cotidiano. Na tradução literal, o termo indica as “habilidades de poder”. E é mais ou menos isso mesmo: pequenas atitudes que diferenciam o talento de um profissional comum, fazendo-o ganhar destaque na multidão.

As power skills são uma mistura das melhores habilidades hard skills e soft skills, conceitos que, até então, dominavam o universo da gestão de pessoas. Enquanto as primeiras envolvem o conhecimento adquirido por meio de um curso ou treinamento, as segundas são aptidões comportamentais que se voltam às relações humanas e são aprendidas com o decorrer da vida e das experiências. São comportamentos que vão além da formação técnica, mas que interferem diretamente no ambiente de trabalho, oferecendo atitudes positivas e construindo bons relacionamentos.

As power skills, neste cenário, são como o passo seguinte. Como uma soma poderosa dessas aptidões que integram a personalidade de um profissional considerado completo.

Em um mundo em que a informação está facilmente disponível e o conhecimento técnico é muito mais acessível, o diferencial não está mais na técnica que a pessoa domina. Ou na resposta pronta que ela tem para determinada pergunta. Nem mesmo para a fórmula que sabe resolver. O que faz ela ser diferente é justamente a capacidade de construir relações, de interpretar cenários críticos, projetar o futuro, antecipar crises, compreender riscos e oportunidades. Reduzir impactos.

O novo conceito se conecta com o modelo de gestão que as startups e negócios inovadores mais vêm priorizando nos dias atuais. Pensar diferente e usar a criatividade para chegar em soluções inovadoras, algo tão demandado nos tempos atuais, não depende só do conhecimento técnico. Depende de muito mais elementos que isso.

Em 2022, a Revista Forbes chegou a apontar as power skills mais requisitadas para as próximas décadas. Elas vão desde a boa comunicação, o trabalho em equipe e a capacidade de adaptação, até à autogestão da pessoa que consegue lidar bem com situações adversas, ainda quando é pega de surpresa.

O alerta, no entanto, não acende só aos profissionais. As empresas também precisam estar atentas a estas tendências de mercado - ainda que, imersas na rotina, não consiga acompanhá-las. Aqueles negócios que insistirem em política de gestão old school, que dá prioridade para a técnica, podem ficar para trás. Sem perceber. Um dia, vão acordar e ver que estão com dificuldades de atrair talentos. E de retê-los ali.

O conhecimento técnico é tudo, mas não é todo. No dia a dia corporativo, ele sofre interferência de habilidades interpessoais a todo momento. É como se fosse o terreno fértil de uma raiz recém plantada. Sem ele, nada irá brotar dali. Mas, se brotar, o que virá não é técnica. O que vai brotar dali é a essência da pessoa. O complemento que falta para crescer.