O impacto persistente da pandemia.

O impacto persistente da pandemia.

Inicio este texto motivado pela reflexão inspiradora de Charles Darwin: “It is not the strongest of the species that survives, nor the most intelligent; it is the one most adaptable to change.

Em tempos de incerteza e de desafios constantes aceitar a mudança e adaptarmo-nos fará a diferença positiva na nossa evolução. A pandemia trouxe-nos um desafio acrescido sobre uma era em que as sociedades atravessavam a maior alteração do modelo económico e de trabalho, deixada pela Revolução Industrial, a Transformação Digital. 

A transformação digital já se encontrava em curso quando a Pandemia COVID-19 se instalou. A incorporação no dia a dia de novas tecnologias obrigou a desafiar a busca de novas metodologias de trabalho, promotoras da colaboração e inovação. No pós-pandemia, a transformação digital continuará a impor-se, no entanto é de prever que a cadência será substancialmente mais intensa face ao acelerador imposto pela pandemia, transversalmente nas estruturas produtivas das economias. Neste momento não está claro se a pandemia foi um acelerador da mudança em curso ou se de alguma forma veio desafiar o modelo, introduzindo disrupções no funcionamento das sociedades, estruturas produtivas e economias. 

Com o final do verão e o regresso do país à (quase) normalidade, o retorno ao escritório vai iniciar-se. No entanto, prevê-se alterações ao modelo que construímos e partilhámos durante anos. A flexibilidade conquistada com a pandemia está consolidada, impondo-se agora adequar e descobrir respostas para os novos desafios, sobre os quais destaco três que sinto que no curto prazo vão ter maior impacto na adaptação das organizações e das suas equipas:

  1. Os novos espaços de trabalho. O modelo de escritório conhecido até aqui definia-se como espaço para trabalhar. Hoje: abre-se uma nova dimensão, espaço para socializar. O escritório converter-se-á num ponto de encontro para reuniões, compromissos com colegas ou clientes. Será um 'lounge' preparado para reuniões promovendo tranquilidade e bem-estar. Será no escritório que continuará a ocorrer a construção da cultura organizacional e a conexão das equipas, fundamental para a promoção da aprendizagem conjunta e inovação. 
  2. Modelos Híbridos vão além de permitir que as organizações e equipas escolham entre trabalhar, remotamente ou no escritório. Exigem uma visão clara das necessidades e estilos de trabalho, tornando claro: Onde o trabalho pode ser executado; Quais os objetivos a perseguir e qual o nível de interação necessário; Quem pode beneficiar mais por estar no escritório ou remotamente; Como o local de trabalho pode potenciar a consecução dos objetivos, promovendo a colaboração e cultura organizacional. As respostas a estas questões devem ter em conta valores agregadores como felicidade, bem-estar, equilíbrio entre vida pessoal e profissional, produtividade, inovação e colaboração. A tendência do trabalho remoto configura também como expectável uma alteração na relação com os clientes, antecipando-se a tendência de privilegiar interações digitais para comercialização de novos produtos, assistência ou construção de uma relação empática e de confiança. Apesar de num futuro próximo tendermos para um mundo mais digital devemos ter presente o maior valor da organização, a humanização da empresa. Os sentimentos que cada organização produz nos seus clientes, a experiência que lhes proporciona é o fator mais distintivo.
  3. Liderança. A liderança e o clima organizacional passam a ser determinantes para o sucesso das organizações. Qualidades do líder como flexibilidade, empatia e conhecimento são fundamentais e face ao passado recente, nos novos tempos serão mais determinantes. As transições repentinas de um mundo em mudança e mais digital instigaram ainda mais a necessidade destas qualidades na liderança, das quais dependem a construção e manutenção de equipas, o criar compromisso, foco e motivação para abraçar o presente e a visão futura. A adaptação à incerteza e à mudança continuará a exigir às organizações e lideranças: Visão do futuro, traçando caminhos claros e objetivos; Propósito definido com mentalidade infinita, assente em valores que sirvam à sociedade, clientes, colaboradores, parceiros e acionistas; Vontade, sempre presente nas equipas e colaboradores, considero na vontade a motivação, desejo de envolvimento e a inspiração.

Estou certo de que como um todo nos adaptaremos a esta mudança digital, reiterando mais uma vez como verdade a reflexão de Charles Darwin, de que aqueles que melhor singrarão, serão os que se adaptarem ao mundo global, onde acredito que o fator humano continuará perene a fazer a diferença. 

Eduardo Alves da Silva

CFO & CIO - Sovena Group S.A. - Board Member

3 a

É isso mesmo Tiago: aceitar, promover e liderar a mudança! Parabéns!

Muito bom Tiago!

Mário de Sousa Ferreira

Coach Executivo & Empresarial || Mentor & Consultor de Negócios || Life Coach & Coach Juvenil || Fundador @Lava Coaching @Zing Coaching || Autor

3 a

Excelente artigo, Tiago Venâncio, parabéns. Liderança e mudança: indissociáveis. Liderança na mudança: imprescindível. Alinhado com aquilo que lhe escrevia há dias. Abraço.

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