O INTÉRPRETE NASCE OU SE TORNA?

O INTÉRPRETE NASCE OU SE TORNA?

Li em algum lugar que “a profissão encontra o intérprete.” Essa afirmação sempre me soou como intérpretes nascem, não se fazem. Tendo a concordar e a discordar. O mais importante para o sucesso profissional talvez não esteja na resposta a essa pergunta. De qualquer forma, vale a pena analisar esse ponto detidamente.

Por um lado, parece realmente que algumas pessoas têm um talento inato. Demonstram aptidão para o exercício da simultânea. São rápidas, não deixam a peteca cair... Expressam-se em taquilalia. Seria justo dizer que esses sujeitos serão os melhores? Vem à mente a ideia, fixada em inúmeras máximas, de que o esforço traz resultados maiores do que o talento relapso. Não há dúvidas.

Mas, partindo do mesmo nível de treinamento, haverá pessoas que se sairão melhor tecnicamente. Nem sempre serão as mais profissionais, as de maior destaque ou as mais midiáticas. Tampouco as mais felizes. Porém, estaria mentindo se não dissesse que, sim, vejo mais talento em algumas pessoas do que em outras, tudo o mais constante. 

Um antigo empresário da tradução e formador de intérpretes de Brasília dizia haver dois tipos de profissionais: os de talento natural, que só giravam a chave, e os esforçados e disciplinados, que podiam chegar longe, por dedicação e comprometimento. A diferença era clara aos seus olhos e ouvidos experimentados.

De qualquer forma, é difícil predizer quem será bom profissional, uma vez que diversos fatores intervêm na carreira. Não se trata apenas de talento técnico. É preciso saber costurar articulações com colegas de trabalho e com contratantes. Mais vale um bom companheiro de cabine, competente e cooperativo, do que um gênio prima donna. O espírito de equipe ajuda a direciona o foco aonde deve estar – no sucesso do evento.

Se você nasceu ou se tornou intérprete, isso não é tão relevante assim. O mais importante é ter visão estratégica de longo prazo a respeito do tipo de profissional que você quer ser. Você, intérprete iniciante, já se fez as seguintes perguntas: qual nicho quero ocupar? Como me destacar? O que fazer para manter-me no mercado e progredir sempre? E para quem já está no mercado há mais tempo: como sustentar a motivação necessária para a jornada? 

A carreira de intérprete desenvolve-se a longo prazo. A idade conta a favor. A experiência e a dedicação podem superar o inatismo. O talento e o esforço conjugados são imbatíveis. Considere: quando a profissão de intérprete lhe encontrar, o que você fará para retribuir esse encontro?

Hilton Rocha

Tradutor e conteudista digital.

4 a

Gostei da reflexão. É importante buscar leituras abalizadas por profissionais, cujos rastros denunciam competências construídas ao longo do tempo árduo, mas, recompensador de resultados. Obrigado por querer compartilhar esses valores com os demais mortais. Isso será perpetuado. Obrigado, Otto.

Entre para ver ou adicionar um comentário

Outras pessoas também visualizaram

Conferir tópicos