O Pote da Gratidão
“Mesmo quando tudo parece desabar, cabe a mim decidir entre rir ou chorar, ir ou ficar, desistir ou lutar; porque descobri, no caminho incerto da vida, que o mais importante é o decidir”.
Peguei esse texto emprestado da grande Cora Coralina pra abrir o texto de hoje, onde eu quero falar de gratidão.
Ser feliz dá trabalho. Já para ser grato, além do trabalho que também dá, é necessário estar atento e, mais que isso, tomar a decisão.
Olha só, todos os dias acontecem coisas boas e coisas ruins. Tá, não vou discordar se alguém disser que estamos vivendo tempos meio difíceis. Crimes ambientais, atos de terrorismo, o lixo da política no país e tudo mais. Claro que esse entorno tem influência direta no dia a dia de qualquer pessoa, por mais que ela mesma talvez nem se dê conta. Mas, além disso, existe também a vida de cada um, e aí entra a lição da poeta lá do início. Se é fato incontestável que ninguém tem o total domínio dos acontecimentos, pelo menos pode decidir como vai lidar com eles.
Tudo é questão de foco. Foco no problema ou na solução; foco nas coisas boas ou nas coisas ruins; foco no lado bom das coisas ruins e até mesmo foco nas coisas ruins do que é bom. Sério, há quem escolha sempre, invariavelmente, encontrar problema até onde não tem.
Bom, sem querer parecer piegas - mas talvez sendo - acho que realmente o melhor caminho pra sair desse labirinto de má vontade é a gratidão. Porque quem começa a agradecer, começa automaticamente a levar a atenção para os motivos dessa gratidão, e esse é um passo gigantesco pra começar a ver o bom da vida.
E isso não é somente uma visão espiritualizada. Quem acompanha os avanços da Neurociência sabe que os efeitos são cientificamente comprovados na dinâmica do cérebro.
Tem também os exageros, fruto de uma hiper valorização recente da palavra “gratidão”. Da palavra, e não do sentimento. Outro dia vi um comentário impaciente de uma menina nas redes sociais. Ela dizia que um amigo, para o qual havia dado carona, tinha descido do carro e dito “gratidão”. Seu comentário, bem mal humorado, foi “pôxa, eu só dei uma carona, não conquistei a paz mundial”. Morri de rir, mas, no fundo dei razão a ela. Que fim levou o velho e bom “obrigado!”, “valeu!”, “ow, falô heim!”?
Enfim, pra tudo tem o começo e, como se diz, a prática leva à perfeição. Então que tal começar? Uma coisa que eu vi e achei bem legal, foi a ideia do que pode ser chamado “pote de gratidão”. Nada muito chique ou complicado, até um vidro de maionese vazio serve. Aí, todo dia, você anota num pedaço de papel alguma coisa que queira agradecer e coloca lá dentro.
O resto depende de cada um. Já vi falar de guardar durante um ano e depois abrir, ou escrever durante um mês, fechar, e depois de um tempo resgatar e assim por diante. Essa parte pode ser bem livre, porque o importante mesmo é a decisão, a escolha de enxergar o mundo com os olhos de quem tem o que agradecer. E, melhor ainda, descobrir que todo mundo tem.
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7 aInteressante como esse tipo de tema ainda é visto com ceticismo e desconfiança. Por outro lado, quem experimenta verdadeiramente o poder da gratidão praticando-a sabe da sua importância e como o olhar para a vida modifica-se positivamente. Obrigada pela partilha. :)