O que fazer depois dos 50?
Os novos 40? A década de ouro? Revisitar, recomeçar e renascer? O que esperamos da segunda metade da nossa vida?
Ao longo dos tempos a sociedade habituou-se a categorizar a população em crianças, jovens, adultos e velhos (mais tarde elegantemente chamados de seniores).
As estatísticas e tradições com que crescemos ensinaram-nos que primeiro tínhamos que estudar, para depois garantir um bom emprego, que na meta idílica dos 60 anos nos garantiria a reforma, chave para os “anos dourados” da velhice.
No entanto, inúmeros factores mudaram radicalmente a percepção e a realidade da terceira ou quarta idade, como preferirem:
· Esperança média de vida aumentou, proporcionando novos horizontes de vida, novas metas no nosso percurso terreno, e é hoje comum termos familiares e entes queridos a ultrapassar, com todas as faculdades mentais, a mítica barreira dos três dígitos.
· Um adulto com 60 anos é hoje um profissional ainda no auge da sua produtividade, atualizado tecnologicamente, com saúde, disposição e muita vontade de concretizar sonhos, que se pudessem trabalhariam seguramente mais uns 15 a 20 anos;
· O mercado de trabalho largou ao longo das ultimas duas décadas, milhares de pré-reformados, obrigando a reinventar ocupações, hobbies, micro-negócios e mesmo novas profissões e por forca de norma rejeita novas contratações para profissionais acima dos 40, considerados “velhos” para as organizações.
· No regresso a casa, após décadas a viver um quotidiano laboral, estas pessoas têm um choque inesperado de rotinas e convivência com o seu cônjuge, e engrossam as filas dos divórcios após os 50’s e criam mais um fenómeno social desconhecido;
· Os sistemas de Segurança Social públicos estão, por regra, falidos, e não garantem mais níveis de segurança razoável, mesmo para quem contribuiu toda uma vida.
Em contradição de maturidade, a quantidade de trintões e quarentões ainda a viver em casa dos pais é gritante, num individualismo consumista e que aumenta e contribui para a de-estruturação do modelo familiar tal como ele era conhecido até hoje. Isto sem falar na geração dos jovens Nem-Nem, que nem estuda nem trabalha.
Na pista rápida estão as famílias dos “teus”, dos “meus” e dos “nossos” em que a mescla de filhos e a logística quase impossível de férias, finais de semana e carros familiares são os pontos fortes, sinais de tempos em que os casamentos deixaram de ser para a vida mas que já se iniciam sabendo que existe uma porta de saída.
Também as clássicas geração sanduiche em que ainda tomando conta das crianças já tinha que se ocupar dos progenitores começa a diluir-se, com gerações de avós superactivos, ocupados profissionalmente, viajantes, e que por sua vez, esses sim, tomam conta dos seus progenitores, que, já não tão raramente ultrapassa a antes idílica barreira dos 100.
Posto isto, e estando eu a poucos dias dessa mítica barreira dos 50, todos estes desígnios e planos mais estratégicos são revistos, analisados, ponderados e encapsulados e planos de futuro.
Ponderados os primeiros 50 anos de vida, apenas fui verdadeiramente “útil”, profissionalmente falando, em 60% do tempo. Em resumo, durante 20 anos fui um parasita social.
Olhando para os segundos 50, vamos considerar que voltarei a ser parasita nos mesmos 40%, ou seja, a partir dos 80. Isso significa que tenho, no mínimo, igual numero de anos para realizar, concretizar sonhos, projetos, acrescentar valor, doar conhecimento e tempo, enfim, ser ativo. Então de facto, os 50 são a metade da vida. Obviamente que sempre penso em termos médios de expectativas, partindo do principio que terei a graça de Deus de ter saúde pelo menos correspondente à media, com perda gradual mas lenta de algumas faculdades, em alguns casos compensadas com a maturidade, conhecimento, experiencia e gestão de expectativas mais ponderada, que tantas vezes me faltaram aos 20, aos 30 e até aos 40.
Sam Walton começou a Wal-Mart aos 44. Gordon Bowker fundou a Starbucks aos 51. Ray Croc começou o McDonald’s aos 52. John Pemberton fundou a Coca Cola aos 55. Roberto Marinho fundou a Rede Globo aos 61. Charles Flint lançou a IBM aos 61.
O regresso aos bancos das Universidades esta a ser massivo nestas idades, fenómeno mundial, em busca de recomeços, de profundidade, em busca de continuar a aprender. As atividades de voluntariado, a doação de conhecimento e tempo a terceiros, acrescentar valor, fazer a diferença, retribuir por tantas graças já recebidas.
Imaginem o potencial para uma nova geração de Professores, com forte componente de conhecimentos adquiridos, com experiência de vida, com metas cumpridas, disponibilidade de tempo, encontraremos aqui um novo aditivo para o sistema educacional?
Eu por mim, se me deixarem e se ainda souber o meu nome, tenho intenção de trabalhar até aos 110..... Até já.
“Age is an issue of mind over matter. If you don’t mind, it doesn’t matter.”
Mark Twain
Publicado inicialmente no "O
Sabbatical Leave
6 aAlways remember that life goes until 120 and that each year new medical improvements appear.And also that there is not a specific year to retire from work.So choose an activity that you can manage until you are 100 even moderately.....