O QUE ME ROUBARAM?
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O QUE ME ROUBARAM?


Eu queria sorrir mais. Havia um tempo em que meu sorriso era natural, hoje em dia vejo apenas uma camada que esconde a dor que tenho no peito. 

A dor de ter pedido pessoas incríveis, a dor de ter dito coisas horríveis e a dor de ter abandonado a fé que eu tinha. 

Um dia desses, sentados tomando café, minha mulher explicitou:

“Você não tem o mesmo sorriso de antes.” Fiquei sem fala, não era mentira. Quando você se abandona no meio da estrada, não consegue catar todos os destroços e sei que remoer passado não fará bem para o presente. 

O desejo de uma máquina do tempo é tão urgente quanto a necessidade de voltar a sorrir com naturalidade sem ser obrigado. 

Parte de mim compreende que dizer isso pode soar errante, mas a outra parte revela a importância da exposição. 

Sei que grande maioria das pessoas vive em um calabouço feito o meu, ou ainda mais extremo. Confesso que a luta nunca terá fim e o sorriso que tínhamos na infância, não é mais o mesmo de agora. 

Porque não sabíamos o quanto era difícil ser adultos. E isso não tem nada a ver com coitadismo. O mundo te cobra o tempo todo e você tem a obrigação de respondê-lo. Senão será descartado. Diferente de quando você podia correr na calçada ou dizer coisas sem se preocupar com o peso dessas palavras. A inocência o conduzia a um sorriso apenas pelo vôo de uma borboleta. 

Podemos até tentar fazer tal qual, mas não terá a mesma sensação de antes. Até porque o sorriso de um homem não é leve como o de uma criança. Se fôssemos como os cachorros, que mesmo adultos e depois de apanhar de seu dono voltam para ele com a mesma pureza, seríamos mais intensos em verdade.


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O romance é um drama que mescla suspense. Venha descobrir com o Augusto o quanto o passado pode ser a sua trava para o seu agora.


Ouça o último episódio do podcast LIVE COM O AUTOR. Essa edição foi o com o escritor Matheus de Souza. Ele é autor de "Nômade Digital", livro finalista do Prêmio Jabuti e Top Voices do LinkedIn.

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